Todas as terrinhas na Nova Zelândia são pequenas mas existem umas, como Picton, que são minúsculas e literalmente nada acontece por lá. Então porque elas são o epicentro do turismo da região? Porque servem de base para algumas das maiores maravilhas da natureza que as ilhas têm a oferecer. E Picton é claramente um desses casos de sucesso em que nada se passa, mas que tem uma beleza inimaginável.
Picton é uma terriola perdida no norte da ilha sul da Nova Zelândia e é onde atracam os ferrys da Interislander. Na maior parte dos casos, o que acontece é que quem chega aqui agarra no seu carro e segue viagem para o sul, rumo aos lagos do centro da ilha e aos glaciares e fiordes do extremo sul. Outros, com mais tempo, ficam uns dias para explorar a região das Marlborough Mountains que são uma das melhores paisagens do país.
Há várias opções de roteiros para se fazer esta exploração, mas de caras que a mais fácil é apanhar um dos barcos locais que levam os turistas desde o centro de Picton (marina) até ao ponto inicial nas montanhas onde começa o trekking propriamente dito. Este trekking tem uma extensão aproximada de 40km e a forma mais comum de fazê-lo é por bicicleta.
No entanto, os mais corajosos podem decidir fazer a pé mesmo e para isso existe a possibilidade de acampar ao longo do percurso e fazê-lo em vários dias. O próprio percurso tem várias etapas e não é preciso fazê-las todas necessariamente. Aliás, há etapas que são gratuitas e outras que têm um preço, caso decidamos entrar naquelas zonas protegidas do parque.
Como Picton serve de base para a exploração desta região, existem várias empresas que alugam bicicletas e até barcos para tornar tudo mais personalizado para a necessidade de cada pessoa. Se o orçamento for apertado o mais fácil é usar os barcos públicos e alugar a bicicleta no próprio hostel que ficar alojado. No entanto, usar os barcos públicos também significa entender que os horários são escassos.
Por todas estas razões, e porque não tínhamos tanto tempo assim para nos arriscarmos nos barcos públicos, nem queríamos gastar um balúrdio num barco privado, optámos por desistir da ideia inicial de fazer uma parte do trekking de bicicleta. Por isso, o nosso plano B para aproveitarmos ao máximo Picton e toda a natureza envolvente, foi fazer dois percursos pedestres na montanha por trás da vila e até à marina da terriola ao lado, que é tão pequena quanto Picton!
E foi a melhor decisão que tomámos até porque chegar e partir através do Interislander já nos deu aquele visual incrível da região e das montanhas. Ter arriscado e gasto uma fortuna só por umas horas nas montanhas teria sido corrido e muito dispendioso.
Para quem está numa de curtir Picton e a natureza mas sem gastar muito tempo na região esta é uma óptima solução e já rende vistas incríveis das montanhas e da própria vila com o mar a envolver. O percurso pedestre começa bem no lado da linha do comboio e é super fácil de achar e seguir. Não me considero mal preparada fisicamente mas também não estou na melhor condição física, e mesmo assim achei a subida da montanha super fácil e acessível.
Nós subimos por um lado da montanha até atingirmos o topo que dá o tal visual fantástico, e fizemos a descida pelo lado oposto que nos foi colocar bem no começo da avenida principal que leva à marina de Picton. Aqui no lado tem outra montanha/monte com vários percursos pedestres a iniciar. Cada um tem o seu grau de dificuldade dependendo da inclinação e do tamanho do percurso.
Como nós ainda estávamos com algum tempo decidimos avançar pelo percurso mais pequeno e fácil que nos levaria quase em linha reta pela base da montanha, até à marina da tal terriola ao lado. E enquanto no primeiro percurso foi basicamente floresta e caminhos íngremes e estreitos, agora pudemos passar por fazendas, e por uma floresta diferente, de árvores centenárias, altíssimas.
Ambos os percursos foram excelentes e no final não tive pena nenhuma de não ter conseguido cumprir o plano A do fim-de-semana. Muitas vezes temos de improvisar e isso não quer dizer que a solução seja necessariamente pior. Aliás, durante o Inverno na Nova Zelândia muitas serão as vezes que os planos saem furados! E esta foi logo uma lição que comecei a aprender neste primeiro fim-de-semana no país.