Pamukkale, as termas!

Até na Turquia nós encontramos sítios termais magníficos e verdadeiras obras primas da natureza. Pamukkale é um exemplo disso e apesar de naquela altura não ter bem noção da importância dos sítios que estava a visitar, com o passar do tempo comecei a encontrar fotos na imprensa e na tv sobre alguns dos sítios por onde passei e aí a ficha caiu.

E um desses sítios foi Pamukkale, que fica no meio do nada, como de resto tenho a sensação que quase tudo fica, quando falamos em Turquia. A Turquia tem cidades importantes e muito conhecidas, mas as suas verdadeiras obras primas, tanto naturais como arqueológicas estão espalhadas no território.

Podemos muito bem usar as cidades grandes como base para partir na exploração daquela região, mas é bom termos na ideia de que as distâncias são grandes e as viagens um pouco chatinhas também. Eu usei como base a cidade de Aydin, que fica próxima de Izmir, ou Esmirna, em português.

Então, uma boa opção é usar a cidade de Esmirna para chegar no aeroporto e também como base para explorarmos aquela região que eu fiz. A maneira como se explora é que eu não vou dar conselhos específicos porque fiz sempre tudo em excursão, organizada pelo programa que estava. No entanto, excursões de um dia soa bem melhor a mim do que alugar carro na Turquia. Mas isto são só suposições minhas.

Pamukkale tem como ponto alto as piscinas naturais brancas com água quente, que descem a colina e dão uma vista única como de certeza nunca vimos antes. É, como já disse antes, uma verdadeira maravilha da natureza e daquelas coisas que temos de ver uma vez na vida.

A qualquer hora do dia a paisagem é linda e como estamos no alto da colina, conseguimos apreciar muito bem o horizonte e todas as povoações da periferia, além de vermos a escadinha perfeita que as piscinas fazem a descer a colina. À primeira vista parece que estamos num sítio com neve esta é a primeira sensação que as pessoas têm quando vêm fotografias só com branco.

Mas aí reparamos que existem pessoas de biquíni lá dentro da água das piscinas. Então, a não ser que seja aqueles tratamentos de sauna seguidos de água gelada no meio da neve, isto tem de ser qualquer coisa diferente. E é mesmo. As piscinas naturais têm aquele branco característico porque são formadas de calcário e a água quente é mesmo das manifestações geotermais da zona.

Algo inexplicável eu sei, mas é verdade. A Turquia também tem águas termais no meio do calcário, que por sua vez estão no topo de uma colina, perdida lá algures no nada da imensidão que é o território turco. E além de ter este cartão postal, ainda nos podemos maravilhar com algo mais arranjadinho para os turistas que gostam de misturar as ruínas com piscinas aquecidas.

Ahahah bem típico de turista mesmo, mas não deixa de ser engraçado e de render umas fotos bem giras. No recinto de Pamukkale, eles construíram um edifício para servir de apoio aos turistas (com lojinha de souvenir, bares e restaurantes), mas também aproveitaram para criar umas piscinas artificiais aquecidas.

Mas a ideia das piscinas não foi deixada ao Deus dará e eles decoraram toda a área com a cara desta zona, que tem imensos templos e ruínas milenares dos tempos da ocupação greco-romana. Então, com isso em mente, podemos apreciar imensas colunas e pedras bem parecidas com as que vemos nos templos e nas ruínas no geral, deixadas no fundo destas piscinas. Para além de muita vegetação, canais e pontes.

Quem entra lá dentro não vai só para relaxar mas é quase uma caça ao tesouro nos labirintos que são todos os canais da piscina. A única parte estranha de tudo isto é que há muita gente que não quer mesmo ir à piscina e fica a passear em volta a apreciar quem lá está. E a tirar fotos também! Então isso pode trazer algum desconforto…

Esta área também é óptima para fazermos comprinhas sem termos de trocar a nossa moeda (Euro) para a moeda turca. Foi mesmo o único sítio, de entre todos que passei, onde vi o aviso de que aceitavam Euros como forma de pagamento. Então é de aproveitar também.

Turquia, a história do país que vemos hoje!

A República da Turquia, como vemos hoje em dia, só teve origem em 1920 (bem recente), depois do Império Otomano ter sido abolido. Este Império fez parte da Turquia entre 1299 a 1920 e nos tempos mais grandiosos, ele se estendia à Anatólia (península turca), Médio Oriente e parte do Norte de África.

Ele foi criado por uma tribo de turcos oguzes e estabeleceu-se na Anatólia, sendo governada pela dinastia Otomana, sendo o chefe principal o Sultão. No entanto, como ninguém podia vê-lo nem falar com ele, foi criado o grão-vizir, que era um género de braço direito e o único que podia entrar em contacto com o Sultão, transmitindo os seus ideais ao povo.

A península de Anatólia, onde hoje vemos a Turquia a ocupar a maioria do território foi sempre ocupada por povos muito diferentes, que trouxeram cada um o seu cunho pessoal e transformaram esta região numa riqueza histórica. Entre tanto nome estranho de povos, como Hitita, Frígios, etc, surge, em 1200 a.C. um povo que já soa familiar nos ouvidos, os gregos.

Foi com a permanência dos Gregos neste território, que surgiram cidades famosas e importantes, que perduram na história até aos dias de hoje, como é o caso de Mileto, Éfeso, Esmirna e Bizâncio. A grandeza deste povo não durou eternamente e acabou por ser conquistada por outros povos, nascendo o Império Arqueménida, que mais tarde foi conquistado por Alexandre, o Grande.

Depois da sua morte, a Anatólia foi dividida em vários territórios, alguns deles com nomes que duram até aos dias de hoje e formam as zonas também mais conhecidas por nós, como a Capadócia e Pérgamo. Quem não conhece a Capadócia e quem não viu ainda uma imagem com o célebre balão de ar quente a sobrevoar.

No século I d.C. todos este reinos foram absorvidos pelo Império Romano (eu falei que eles tiveram uma grande influência na zona) e aos poucos e poucos cada reino foi adoptando o cristianismo, por influência romana, claro está. Em 322 o Imperador Constantino I escolheria Bizâncio para capital do Império Romano, no que se converteria em Nova Roma.

Quando ele morreu, o nome mudou para Constantinopla, que nos é mais familiar, e actualmente esta terra é mesmo a capital da Turquia, Istambul. Então, já dá para ter uma ideia do quão antiga é a capital e quanta história já não aconteceu por ali.

Ainda no tempo de Constantinopla, ela foi a capital do Império Romano no Oriente por muitos anos, até ao século V, quando se tornou conhecida como a sede do Império Bizantino, que aconteceu por altura da queda do Império Romano no Ocidente.

A partir daqui, os povos/tribos turcas que viviam na periferia da península da Anatólia, começaram a regressar às suas terras e com ele não só trouxeram nova virada governamental, com a chegada do Império Otomano, como também trouxeram a viragem religiosa.

Com o Império Otomano, a zona da Turquia voltar-se-ia para a religião muçulmana e o cristianismo acabaria por morrer com a queda do Império Romano. Desde aí até hoje é mesmo a religião muçulmana que perdurou e hoje em dia cada cidade tem a sua mesquita, ou mais do que uma, com uma população maioritariamente muçulmana.

Depois de muitas lutas e guerras com os povos do Mediterrâneo, o Império Otomano entra em declínio por volta do séc. XVIII, perdendo a sua riqueza e poderio militar. É nesta altura que o Império se torna aliado dos Alemães e entra na Primeira Grande Guerra, onde, depois de muitas vitórias, sofre uma grande derrota contra os britânicos e franceses.

Depois do fim da guerra, os Aliados assinam tratados para a ocupação do território outrora pertencente aos Otomanos e, depois do país estar quase todo desmembrado, pertencendo cada pedacinho a uma potência Europeia (e não só), começa uma guerra civil para a Independência turca.

Com a chegada da República, muitas reformas importantes foram levadas a cabo, com o objectivo de aproximar a Turquia dos estados modernos e revitalizar muitas áreas, como a educação, saúde, etc… Todas estas reformas e outras que se seguiram foram patrocinadas pelo primeiro presidente da Turquia, Mustafa Kemal Ataturk, considerado o herói da Independência. O nome Ataturk, que significa pai dos turcos, foi mesmo dado a ele pelo povo, como símbolo da sua importância.

Depois dele a Turquia ainda passaria por vários tumultos até hoje, mas sem dúvida que a figura de Kemal Ataturk foi a que ficou como inspiração e quando visitei a Turquia, em várias zonas da cidade se via a imagem deste homem ao lado da bandeira do país. Nas escolas isto era ainda mais evidente! Além de que eles contaram na altura a importância que ele teve na independência turca, algo que eu só vim a entender melhor, anos depois.

A Turquia é de facto um país fascinante localizado numa zona que lhe permitiu passar pelas mãos de muitos povos diferentes, contribuindo para a riqueza histórica e para as muitas ruínas que eu falei no post de ontem. Vale a pena visitar e conhecer o máximo desta civilização.

Turquia, no limiar do Oriente!

De todas as viagens que fiz antes de iniciar a jornada blog, esta tinha sido a única que eu nunca tinha falado aqui, e que andava sempre a adiar. O grande motivo é que, infelizmente, boa parte das fotos que eu tinha guardadas no pc raquitico da era passada foram quase todas perdidas, porque esse mesmo pc decidiu morrer para a civilização.

Então pouco sobrou para contar a história, só mesmo a sensação de que eu queria contá-la, com fotos decentes ou sem elas mesmo! Até porque a Turquia foi a minha primeira viagem de avião e também a mais excêntrica, culturalmente falando, que eu fiz até hoje. Foi englobada num intercâmbio escolar, onde um grupo de estudantes da minha escola foram até uma cidade perto de Izmir, viver durante 15 dias na casa de outros estudantes turcos.

Passados uns meses eles vieram para nossa casa em Portugal e tiveram a oportunidade de viver algo diferente também. Algo que certamente mudou as vidas de quem participou. A Turquia é um país não tão distante assim do nosso, mas que tem um universo cultural muito próprio. No entanto, todas aquelas ideias pré-concebidas de pessoas de turbante na rua tipo Arábia não acontece completamente.

A Turquia também tem vindo a evoluir com o resto do mundo e hoje em dia os jovens já não têm o hábito de usar véu, só mesmo as suas avós. No entanto, algumas tradições ainda se mantêm, como o facto de não poderem mostrar pele em público. Eu lembro-me que as raparigas que estavam comigo usavam um body por baixo da roupa, para que quando se baixassem não mostrassem a pele.

E eu nem estive numa cidade grande. Então a ideia que dá é que a cultura está lá, mas a evolução também tomou lugar e as mentalidades adaptaram-se um pouco. Contudo, não deixa de ser interessante visitar um país tão diferente, a começar na religião principal, que é a muçulmana.

Eu nunca tinha entrado numa mesquita na vida, então tive aqui o meu primeiro baptismo. Como é um país totalmente virado para esta religião, eles também respeitam imenso as orações naquela hora certinha do dia. Na casa onde eu fiquei, a avó da minha colega tinha lá o seu tapete no chão já preparado. E nessa mesma hora, nós ouvimos os altifalantes das mesquitas a chamar para a oração. Sem palavras! Imaginem todo aquele ruído que enche literalmente a cidade, numa língua como a turca. Estamos num mundo à parte.

A diferença também se nota na casa-de-banho, que não tem sanita. Onde foi parar a sanita? No lugar dela está um buraco no chão!! E os pequenos-almoços que são autênticos almoços onde temos todo o tempo do mundo para estar à mesa a abastecer o estômago com uma variedade imensa de comida. Tudo porque na hora de almoço não há almoço para ninguém! A fome que eu passei para não fazer desfeita! ahaha

As distâncias entre cidades são enormes, mas nós literalmente tropeçamos em vestígios romanos milenares na curva seguinte da estrada. Como eles estão tão próximos da Grécia, Itália, acabaram por ser também um território ocupado por estas civilizações, o que rende uma verdadeira aula de história para quem visita o país e sai das grandes cidades.

São ruínas e ruínas e muitas delas nem aparecem nos mapas turísticos e nós nem sabíamos bem qual a sua história ao certo. Mas elas estão lá e muitas delas muito bem preservadas. Anfiteatros, zona de banhos, etc… conseguimos perceber mais ou menos o que era o quê e às tantas já entendemos a magnitude da influência que este povo tinha naquela altura.

Por tudo isto deixei esta viagem num cantinho especial do coração e recentemente, quando estava a planear a viagem de Maio, a Turquia esteve em cima da mesa porque adorava poder partilhar tudo isto com o Carlos também. Não vai ser em Maio que vou revisitar a Turquia, mas quem sabe isso não demorará muito. O bichinho de mostrar mais desta cultura é que voltou em força, daí reservar uns diazinhos de posts para dar a conhecer esta cultura espectacular.