As ruínas de Éfeso!

E se até agora nós adorámos e ficámos maravilhados com as ruínas de Afrodite e com Pamukale, esperam só até chegar à antiga cidade de Éfeso e testemunhar toda aquela grandiosidade, da que foi considerada por muitos anos a 2ª maior cidade pertencente ao Império Romano. À frente dela, só mesmo Roma em si.

E numa altura em que estou prestes a visitar uma das cidades que mais fascínio me dá, bate uma certa emoção olhar para aqui e ver o legado romano que ficou para trás nesta zona da Turquia. Eu já tinha falado que esta área era super fascinante e muito rica em história, mas acho que nunca é demais relembrar.

Enquanto estivemos no hotel em Kusadasi, que eu falei no post de ontem, aproveitámos a proximidade e viemos conhecer estas ruínas, que fazem parte de um complexo enorme, que na minha opinião está super bem preservado.

A grande surpresa vai logo ali na entrada do complexo, quando damos de caras com o enorme anfiteatro romano, onde o povo assistia aos teatros, que eram considerados parte integrante da vida social da época.

Eu já estive em alguns depois daquele, mas quando pensava na Turquia e nas suas ruínas, sempre aquele anfiteatro vinha à ideia. E aquela sensação de enormidade e grandiosidade nunca tive em mais nenhum anfiteatro que passei. Este é de facto enorme e quase rouba as atenções para tudo o resto que fica em volta.

Como está numa espécie de colina, as bancadas subiam toda ela e ao longo dos anos foram resistindo ao tempo por causa disso mesmo. Apoiando-se na estrutura em volta, dada pela natureza. Essa é a diferença também, entre termos umas ruínas bem preservadas e outras nem tanto assim.

Então, segundo a história, Éfeso possuía um dos maiores teatros do mundo antigo, com capacidade para 25.000 espectadores, sendo que a sua população era de 400.000. Já dá para ter ideia da grandiosidade certo?

Mas tirando o anfiteatro, outro ponto chave de Éfeso é a Biblioteca de Celso, que eu tenho até miniatura no móvel da sala. Esta biblioteca é uma das provas da importância cultural da cidade. Éfeso já era conhecida naquela altura pelas iniciativas culturais, como: escolas filosóficas, escolas de magos, entre várias manifestações religiosas. Dentro desta última, destaca-se a deusa Artémis.

Por isso, neste complexo também podemos encontrar um templo dedicado à deusa da fertilidade, o qual está rodeado por dezenas de outras construções importantes, propriedade dos altos dignitários da altura.

Éfeso também foi uma das cidades onde o cristianismo mais se difundiu. Nos tempos apostólicos, Paulo de Tarso e João Evangelista pregaram aqui, e também no Apocalipse, a igreja de Éfeso aparece em destaque como uma das 7 igrejas às quais foi escrita uma carta.

A experiência de visitar Éfeso é qualquer coisa que não se esquece e no meio disto tudo só tenho pena de não ter sabido apreciar convenientemente o local em si na altura que fui lá. Daí a vontade de regressar em breve e voltar a apaixonar-me por estes sítios.

Kusadasi, no clima de praia!

Depois de ficar quase 15 dias no interior, a respirar terra em brasa (com tanto calor que fazia em pleno Abril), os nossos anfitriões decidiram nos fazer a surpresa de levar a conhecer também a parte de mar.

Kusadasi é então uma cidade mais turística e balnear, que fica no mar Egeu e tem ali à disposição a água mais azul e transparente que eu alguma vez vi. Tem o único defeito de ser água fria e nada convidativa a banhos, já que a própria zona de areia é na realidade pedras, mas foi óptimo na mesma conhecer esta reserva natural.

A cidade também tem imensos hotéis, restaurantes e vêem-se muitos navios de cruzeiro atracados. Sem dúvida que é uma cidade com um clima muito diferente do que vemos mais no interior da Turquia, principalmente depois de ter andado pelas vilas mais inóspitas e por cidades que não estão incluídas em qualquer roteiro turístico.

Então chegar a Kusadasi é chegar também a uma Turquia diferente, onde anda tudo muito mais à vontade, onde a vida leva-se com um gostinho mais ocidental. Claro que há uma coisa que nunca muda! O poder do regateio em qualquer loja de esquina.

Isso está no sangue dos turcos e mesmo numa cidade diferente, onde o tipo de turista não está muito habituado a regatear, a verdade é que nós o fizermos eles vão na onda. Como já estávamos no final da viagem, eu já só tinha algumas moedas turcas, então fiquei um pouco desapontada quando escolhi a minha lembrança e não podia pagar. Então, o turco virou-se e disse que eu podia levar por metade do preço. Óptimo!!

Apesar de Kusadasi ser considerada uma cidade balnear e tudo mais, eu até que nem fiquei muito impressionada com a qualidade da praia. Apesar de a reserva natural, junto à cidade, ter umas vistas lindas e uma praia com água azul turquesa que maravilha qualquer um, a verdade é que só é óptima para ver mesmo.

Quando pensamos na logística de tomar banho a coisa não fica tão apetitosa assim, pelas pedras no lugar de areia e também pelo frio da água. Então, ir de propósito passar férias de praia para lá…não! Nunca iria! Apesar de que os cruzeiros que fazem as ilhas gregas param aqui.

Apesar de ser um destino popular entre turcos, nós ocidentais não conhecemos por alguma razão. Eu acho a zona linda obviamente, mas para um passeio e de preferência que combine as tais ruínas históricas da região (que as há às paletes e super famosas), com as paisagens paradisíacas do mar Egeu.

Então, Kusadasi foi uma boa surpresa pelo ambiente paisagístico fora do que usualmente vemos na restante Turquia, mas nada que nos faça largar outros sítios de praia mais famosos para embarcar numa semana por aqui.

Nada como as fotos para também dar a conhecer as maravilhas deste lugar e incentivar quem está pela zona a passar uns dias aqui. Até porque é bem simples, pertinho de Izmir e óptima cidade base para explorar as ruínas das redondezas.

Aphrodisias

Aphrodisias é outro sítio imperdivel de se visitar e passar horas lá dentro a explorar todas as ruínas do que restou desta cidade. Este complexo enorme fica na área de Pamukkale, mas também não está longe da cidade de Izmir, então, mais uma vez, é uma óptima ideia escolher esta cidade para estabelecer como base.

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A construção desta cidade foi de tal forma importante, que todos aqueles que estiveram envolvidos na obra tornaram-se figuras importantes e reconhecidas em Roma. Esta cidade tornou-se então a capital de Roma, na província de Caria, pelo séc. III a.C..

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O objectivo primário era enaltecer a deusa Afrodite, a deusa do Amor. Daí nós encontrarmos um templo para a deusa. No entanto, como eu falei num post anterior sobre a história da Turquia e particularmente desta zona, muitos povos acabaram por tomar posse deste território e rapidamente o templo que era de Afrodite, passou a ser um templo cristão.

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Durante o período cristão, a cidade também sofreu algumas alterações, com a destruição de alguns edifícios mais antigos, de forma a aproveitarem a pedra para a construção de muralhas defensivas. No entanto, com o tempo, esta cidade foi perdendo o apogeu até que foi completamente abandonada.

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Foi descoberta em 1958 por uma jornalista turca que andava por estas zonas a tirar fotos e por acaso parou aqui para descansar e beber o seu café. Encontrou um pedaço de pedra mármore no chão e resolveu perguntar aos moradores das redondezas se aquilo era habitual.

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Depois de lhe dizerem que a zona era rica naquele género de pedra, ela decidiu tirar fotos e espalhar a notícia, até que foram iniciadas obras arqueológicas na área e importantes vestígios da antiga cidade de Afrodite foram finalmente descobertos.

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A área é enorme e dá a ideia que temos de percorrer muita distância a pé até chegar ao próximo ponto-chave, mas se pensarmos bem, estamos numa cidade que era considerada importante e capital de Roma. Então é de esperar que as construções tenham sido feitas numa área grande e que haja muito para ver.

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Quando visitamos estes vestígios de cidades antigas, também é mais uma oportunidade de vermos como era o dia-a-dia deste povo (romano principalmente) à centenas de anos atrás. Eles davam muita importância aos seus deuses, a ponto de construírem templos em sua honra.

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Mas tirando a parte da religião, eles também apreciavam imenso actividades lúdicas, tais como corridas de cavalo, os famosos banhos termais, e o teatro. Estas, pelo menos, eram as suas actividades de eleição.

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Mas ao longo da área da cidade também vamos ver várias construções, igualmente parecidas com templos, que na realidade é difícil dizer ao certo para que serviam e a sua importância real para a vida da sociedade e dos cidadãos no geral.

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Mas se há coisa que eu adorei aqui na Turquia é o quão bem preservados estão estas construções de cidades que realmente existiram muito lá atrás no tempo e que tinham uma cultura tão própria e singular que realmente marcou o território e o povo que veio a seguir ocupar este lugar.

Uma verdadeira aula de história!

Pamukkale, as termas!

Até na Turquia nós encontramos sítios termais magníficos e verdadeiras obras primas da natureza. Pamukkale é um exemplo disso e apesar de naquela altura não ter bem noção da importância dos sítios que estava a visitar, com o passar do tempo comecei a encontrar fotos na imprensa e na tv sobre alguns dos sítios por onde passei e aí a ficha caiu.

E um desses sítios foi Pamukkale, que fica no meio do nada, como de resto tenho a sensação que quase tudo fica, quando falamos em Turquia. A Turquia tem cidades importantes e muito conhecidas, mas as suas verdadeiras obras primas, tanto naturais como arqueológicas estão espalhadas no território.

Podemos muito bem usar as cidades grandes como base para partir na exploração daquela região, mas é bom termos na ideia de que as distâncias são grandes e as viagens um pouco chatinhas também. Eu usei como base a cidade de Aydin, que fica próxima de Izmir, ou Esmirna, em português.

Então, uma boa opção é usar a cidade de Esmirna para chegar no aeroporto e também como base para explorarmos aquela região que eu fiz. A maneira como se explora é que eu não vou dar conselhos específicos porque fiz sempre tudo em excursão, organizada pelo programa que estava. No entanto, excursões de um dia soa bem melhor a mim do que alugar carro na Turquia. Mas isto são só suposições minhas.

Pamukkale tem como ponto alto as piscinas naturais brancas com água quente, que descem a colina e dão uma vista única como de certeza nunca vimos antes. É, como já disse antes, uma verdadeira maravilha da natureza e daquelas coisas que temos de ver uma vez na vida.

A qualquer hora do dia a paisagem é linda e como estamos no alto da colina, conseguimos apreciar muito bem o horizonte e todas as povoações da periferia, além de vermos a escadinha perfeita que as piscinas fazem a descer a colina. À primeira vista parece que estamos num sítio com neve esta é a primeira sensação que as pessoas têm quando vêm fotografias só com branco.

Mas aí reparamos que existem pessoas de biquíni lá dentro da água das piscinas. Então, a não ser que seja aqueles tratamentos de sauna seguidos de água gelada no meio da neve, isto tem de ser qualquer coisa diferente. E é mesmo. As piscinas naturais têm aquele branco característico porque são formadas de calcário e a água quente é mesmo das manifestações geotermais da zona.

Algo inexplicável eu sei, mas é verdade. A Turquia também tem águas termais no meio do calcário, que por sua vez estão no topo de uma colina, perdida lá algures no nada da imensidão que é o território turco. E além de ter este cartão postal, ainda nos podemos maravilhar com algo mais arranjadinho para os turistas que gostam de misturar as ruínas com piscinas aquecidas.

Ahahah bem típico de turista mesmo, mas não deixa de ser engraçado e de render umas fotos bem giras. No recinto de Pamukkale, eles construíram um edifício para servir de apoio aos turistas (com lojinha de souvenir, bares e restaurantes), mas também aproveitaram para criar umas piscinas artificiais aquecidas.

Mas a ideia das piscinas não foi deixada ao Deus dará e eles decoraram toda a área com a cara desta zona, que tem imensos templos e ruínas milenares dos tempos da ocupação greco-romana. Então, com isso em mente, podemos apreciar imensas colunas e pedras bem parecidas com as que vemos nos templos e nas ruínas no geral, deixadas no fundo destas piscinas. Para além de muita vegetação, canais e pontes.

Quem entra lá dentro não vai só para relaxar mas é quase uma caça ao tesouro nos labirintos que são todos os canais da piscina. A única parte estranha de tudo isto é que há muita gente que não quer mesmo ir à piscina e fica a passear em volta a apreciar quem lá está. E a tirar fotos também! Então isso pode trazer algum desconforto…

Esta área também é óptima para fazermos comprinhas sem termos de trocar a nossa moeda (Euro) para a moeda turca. Foi mesmo o único sítio, de entre todos que passei, onde vi o aviso de que aceitavam Euros como forma de pagamento. Então é de aproveitar também.

Visitando uma mesquita!

Concerteza a visita a uma mesquita é sempre aquele ponto alto de uma viagem quando estamos num país maioritariamente muçulmano, como é o caso da Turquia. Apesar de ela estar cheia de mesquitas e cada cidade ter a sua, a verdade é que em Istambul está a mais conhecida de todas, que é enorme e vale muito a pena a visita, Daí eu estar ansiosa de ir até Istambul.

Mas para quem nunca entrou numa, nem faz ideia dos rituais relacionados a ela, eu acho que qualquer uma vai ser óptima como baptismo e melhor ainda se pudermos contar com um guia pessoal que nos conta tudinho o que precisamos saber, de forma a estarmos bem informados da importância da mesquita para a população.

Não há dúvida que elas são um dos pontos centrais da religião muçulmana, logo a começar que estão quase sempre (ou sempre) posicionadas bem no centro da cidade, num lugar de grande destaque e onde todos os cidadãos vão passar em qualquer altura do dia. Outra curiosidade é que elas são construídas na direcção de Meca, então muitas vezes não vão estar bem alinhadas com os prédios em volta.

Depois, mesmo as mesquitas de cidades mais pequenas e simples, têm todas aquelas zonas onde se cumprem os rituais da religião e também estão muito bem arranjadas por dentro. Eu só entrei nesta mesquita na Turquia, mas fiquei com esta impressão de que não importa a sua dimensão, o que se vive lá dentro e mesmo cá fora é o mesmo em todo o lado.

Como eu disse no outro post inicial, eu vivi durante 15 dias na casa de uma estudante turca, que vivia com os pais, mas que passava muito tempo na casa da avó também. E foi aqui na casa da avó que eu mais me apercebi do dia-a-dia de quem tem esta religião. E acho que aquele ponto alto é mesmo o tal do tapete no chão, onde 5 vezes por dia os muçulmanos fazem as suas orações.

Eu não sei muito acerca deste ritual, não sei as horas exactas, nem o tema de cada oração (porque existe um), mas sei que chega aquela hora e os altifalantes da torre da mesquita começam a emitir aquelas orações ou uma espécie de chamado de alerta de que está na hora. Então, um pouco por toda a cidade, os mais fiéis vão-se ajoelhar, quer em casa, trabalho ou mesmo na mesquita, e, virados para Meca, vão fazer as suas orações.

Quando visitei a mesquita, foi adicionado mais um rol de regras que se devem seguir para não escandalizar quem está na mesquita, mas sobretudo penso que por respeito à religião em si. Então, do que me lembro foi da regra básica de não entrar na mesquita com o cabelo a descoberto.

E isto foi-nos avisado mesmo em Portugal, que era preciso levar um lenço daqui, na nossa mala de viagem, porque íamos visitar uma mesquita e essa era a regra. Na altura de colocar o lenço até isso virou festa e foi muito engraçado termos as nossas estudantes turcas a ajudar-nos no processo, mostrando como se faz e tal. Muito giro.

Antes de entrar na mesquita tem umas fontes cá fora onde é suposto lavarmos-nos, no que eu entendo ser um ritual de purificação antes de entrarmos naquele lugar considerado sagrado. Na entrada mesmo, temos de nos descalçar e deixar os sapatos na entrada. Como esta é uma mesquita bem modesta, todos os nossos sapatos ficaram ali mesmo, sem qualquer preocupação de organizar a coisa ou arrumar melhor.

Mas acredito que numa mesquita maior e sobretudo numa rota mais turística, as coisas sejam melhor organizadas, até porque a quantidade de sapatos à porta deve ser substancialmente maior. Esta mesquita não fazia separação entre homens e mulheres, mas há algumas que fazem isso, sobretudo as maiores.

Turquia, a história do país que vemos hoje!

A República da Turquia, como vemos hoje em dia, só teve origem em 1920 (bem recente), depois do Império Otomano ter sido abolido. Este Império fez parte da Turquia entre 1299 a 1920 e nos tempos mais grandiosos, ele se estendia à Anatólia (península turca), Médio Oriente e parte do Norte de África.

Ele foi criado por uma tribo de turcos oguzes e estabeleceu-se na Anatólia, sendo governada pela dinastia Otomana, sendo o chefe principal o Sultão. No entanto, como ninguém podia vê-lo nem falar com ele, foi criado o grão-vizir, que era um género de braço direito e o único que podia entrar em contacto com o Sultão, transmitindo os seus ideais ao povo.

A península de Anatólia, onde hoje vemos a Turquia a ocupar a maioria do território foi sempre ocupada por povos muito diferentes, que trouxeram cada um o seu cunho pessoal e transformaram esta região numa riqueza histórica. Entre tanto nome estranho de povos, como Hitita, Frígios, etc, surge, em 1200 a.C. um povo que já soa familiar nos ouvidos, os gregos.

Foi com a permanência dos Gregos neste território, que surgiram cidades famosas e importantes, que perduram na história até aos dias de hoje, como é o caso de Mileto, Éfeso, Esmirna e Bizâncio. A grandeza deste povo não durou eternamente e acabou por ser conquistada por outros povos, nascendo o Império Arqueménida, que mais tarde foi conquistado por Alexandre, o Grande.

Depois da sua morte, a Anatólia foi dividida em vários territórios, alguns deles com nomes que duram até aos dias de hoje e formam as zonas também mais conhecidas por nós, como a Capadócia e Pérgamo. Quem não conhece a Capadócia e quem não viu ainda uma imagem com o célebre balão de ar quente a sobrevoar.

No século I d.C. todos este reinos foram absorvidos pelo Império Romano (eu falei que eles tiveram uma grande influência na zona) e aos poucos e poucos cada reino foi adoptando o cristianismo, por influência romana, claro está. Em 322 o Imperador Constantino I escolheria Bizâncio para capital do Império Romano, no que se converteria em Nova Roma.

Quando ele morreu, o nome mudou para Constantinopla, que nos é mais familiar, e actualmente esta terra é mesmo a capital da Turquia, Istambul. Então, já dá para ter uma ideia do quão antiga é a capital e quanta história já não aconteceu por ali.

Ainda no tempo de Constantinopla, ela foi a capital do Império Romano no Oriente por muitos anos, até ao século V, quando se tornou conhecida como a sede do Império Bizantino, que aconteceu por altura da queda do Império Romano no Ocidente.

A partir daqui, os povos/tribos turcas que viviam na periferia da península da Anatólia, começaram a regressar às suas terras e com ele não só trouxeram nova virada governamental, com a chegada do Império Otomano, como também trouxeram a viragem religiosa.

Com o Império Otomano, a zona da Turquia voltar-se-ia para a religião muçulmana e o cristianismo acabaria por morrer com a queda do Império Romano. Desde aí até hoje é mesmo a religião muçulmana que perdurou e hoje em dia cada cidade tem a sua mesquita, ou mais do que uma, com uma população maioritariamente muçulmana.

Depois de muitas lutas e guerras com os povos do Mediterrâneo, o Império Otomano entra em declínio por volta do séc. XVIII, perdendo a sua riqueza e poderio militar. É nesta altura que o Império se torna aliado dos Alemães e entra na Primeira Grande Guerra, onde, depois de muitas vitórias, sofre uma grande derrota contra os britânicos e franceses.

Depois do fim da guerra, os Aliados assinam tratados para a ocupação do território outrora pertencente aos Otomanos e, depois do país estar quase todo desmembrado, pertencendo cada pedacinho a uma potência Europeia (e não só), começa uma guerra civil para a Independência turca.

Com a chegada da República, muitas reformas importantes foram levadas a cabo, com o objectivo de aproximar a Turquia dos estados modernos e revitalizar muitas áreas, como a educação, saúde, etc… Todas estas reformas e outras que se seguiram foram patrocinadas pelo primeiro presidente da Turquia, Mustafa Kemal Ataturk, considerado o herói da Independência. O nome Ataturk, que significa pai dos turcos, foi mesmo dado a ele pelo povo, como símbolo da sua importância.

Depois dele a Turquia ainda passaria por vários tumultos até hoje, mas sem dúvida que a figura de Kemal Ataturk foi a que ficou como inspiração e quando visitei a Turquia, em várias zonas da cidade se via a imagem deste homem ao lado da bandeira do país. Nas escolas isto era ainda mais evidente! Além de que eles contaram na altura a importância que ele teve na independência turca, algo que eu só vim a entender melhor, anos depois.

A Turquia é de facto um país fascinante localizado numa zona que lhe permitiu passar pelas mãos de muitos povos diferentes, contribuindo para a riqueza histórica e para as muitas ruínas que eu falei no post de ontem. Vale a pena visitar e conhecer o máximo desta civilização.

Turquia, no limiar do Oriente!

De todas as viagens que fiz antes de iniciar a jornada blog, esta tinha sido a única que eu nunca tinha falado aqui, e que andava sempre a adiar. O grande motivo é que, infelizmente, boa parte das fotos que eu tinha guardadas no pc raquitico da era passada foram quase todas perdidas, porque esse mesmo pc decidiu morrer para a civilização.

Então pouco sobrou para contar a história, só mesmo a sensação de que eu queria contá-la, com fotos decentes ou sem elas mesmo! Até porque a Turquia foi a minha primeira viagem de avião e também a mais excêntrica, culturalmente falando, que eu fiz até hoje. Foi englobada num intercâmbio escolar, onde um grupo de estudantes da minha escola foram até uma cidade perto de Izmir, viver durante 15 dias na casa de outros estudantes turcos.

Passados uns meses eles vieram para nossa casa em Portugal e tiveram a oportunidade de viver algo diferente também. Algo que certamente mudou as vidas de quem participou. A Turquia é um país não tão distante assim do nosso, mas que tem um universo cultural muito próprio. No entanto, todas aquelas ideias pré-concebidas de pessoas de turbante na rua tipo Arábia não acontece completamente.

A Turquia também tem vindo a evoluir com o resto do mundo e hoje em dia os jovens já não têm o hábito de usar véu, só mesmo as suas avós. No entanto, algumas tradições ainda se mantêm, como o facto de não poderem mostrar pele em público. Eu lembro-me que as raparigas que estavam comigo usavam um body por baixo da roupa, para que quando se baixassem não mostrassem a pele.

E eu nem estive numa cidade grande. Então a ideia que dá é que a cultura está lá, mas a evolução também tomou lugar e as mentalidades adaptaram-se um pouco. Contudo, não deixa de ser interessante visitar um país tão diferente, a começar na religião principal, que é a muçulmana.

Eu nunca tinha entrado numa mesquita na vida, então tive aqui o meu primeiro baptismo. Como é um país totalmente virado para esta religião, eles também respeitam imenso as orações naquela hora certinha do dia. Na casa onde eu fiquei, a avó da minha colega tinha lá o seu tapete no chão já preparado. E nessa mesma hora, nós ouvimos os altifalantes das mesquitas a chamar para a oração. Sem palavras! Imaginem todo aquele ruído que enche literalmente a cidade, numa língua como a turca. Estamos num mundo à parte.

A diferença também se nota na casa-de-banho, que não tem sanita. Onde foi parar a sanita? No lugar dela está um buraco no chão!! E os pequenos-almoços que são autênticos almoços onde temos todo o tempo do mundo para estar à mesa a abastecer o estômago com uma variedade imensa de comida. Tudo porque na hora de almoço não há almoço para ninguém! A fome que eu passei para não fazer desfeita! ahaha

As distâncias entre cidades são enormes, mas nós literalmente tropeçamos em vestígios romanos milenares na curva seguinte da estrada. Como eles estão tão próximos da Grécia, Itália, acabaram por ser também um território ocupado por estas civilizações, o que rende uma verdadeira aula de história para quem visita o país e sai das grandes cidades.

São ruínas e ruínas e muitas delas nem aparecem nos mapas turísticos e nós nem sabíamos bem qual a sua história ao certo. Mas elas estão lá e muitas delas muito bem preservadas. Anfiteatros, zona de banhos, etc… conseguimos perceber mais ou menos o que era o quê e às tantas já entendemos a magnitude da influência que este povo tinha naquela altura.

Por tudo isto deixei esta viagem num cantinho especial do coração e recentemente, quando estava a planear a viagem de Maio, a Turquia esteve em cima da mesa porque adorava poder partilhar tudo isto com o Carlos também. Não vai ser em Maio que vou revisitar a Turquia, mas quem sabe isso não demorará muito. O bichinho de mostrar mais desta cultura é que voltou em força, daí reservar uns diazinhos de posts para dar a conhecer esta cultura espectacular.