Hagaparken, outro jardim nos arredores de Estocolmo!

No post de Londres que já está aí no blog, eu começo por avisar que algumas coisas, principalmente as primeiras impressões foram para as parecenças com Estocolmo. E não foi só no clima. Aqui, em Estocolmo, não faltam bons parques para os habitantes aproveitarem para descontrair depois de uma semana de trabalho.

Também aqui se faz muito a fotossíntese. Quando um raio de sol decide espreitar no meio do tempo cinzento, bora fazer fotossíntese para a relva dos jardins e parques. Então já têm dois pontos, pelos menos, em comum. 🙂 Nós fomos a Hagaparken já a Primavera tinha entrado para ficar e então a temperatura já estava bem boa, com um sol bem gostoso daqueles que dá vontade de não fazer nada.

Depois de gastar as coisas mais turísticas para fazer na cidade (centro), esta é uma óptima dica até porque não fica tão longe da cidade assim e tem coisas muito interessantes para serem exploradas. Como sempre e como quase tudo que existe pela cidade, este parque foi ideia do rei Gustav III, que decidiu criar um parque na zona de Haga.

O resultado foi um parque estilo inglês com algumas contruções invulgares e diferentes do que estamos habituados a ver no centro da cidade, principalmente no que diz respeito à realeza, sempre tão chique e tal. Também foi planeado um edifício/palácio tipo o de Versalhes, em Paris, no entanto a construção não foi acabada e as ruínas estão lá para contar a história.

Actualmente, o Hagaparken faz parte do Ekoparken, o primeiro parque de cidade do mundo, que é um verdadeiro oásis dentro da cidade. Tudo bem que não é mesmo dentro dela, mas ainda assim não deixa de ser um óptimo refúgio muito acessível a quem tem um tempinho extra para explorar os arredores também.

Algumas construções engraçadas de se ver por lá é o museu Fjarils & Fagelhuset, que tem um clima tropical lá dentro de fazer esquecer o sítio onde estamos. É como se entrássemos num país à parte e não dá nem vontade de sair dali tão depressa. E atenção que estávamos na Primavera. Mas clima tropical é clima tropical, sem discussão possível.

Lá dentro habitam centenas de borboletas e pássaros exóticos, que voam livremente dentro das enormes estufas, com as tais representações de florestas húmidas e tropicais e até cataratas. Tudo à temperatura de 25ºC. Aquilo dá a sensação que à medida que vamos entrando nas várias estufas a temperatura vai aumentando mais ainda. Eu não acredito que o máximo seja 25ºC, mas isto é o que eles apregoam.

Cá fora, no parque, ele está cheio de placas e mapas a mostrar onde fica cada coisa. Então não é difícil irmos dar exactamente aos sítios certos e mais importantes. Sem dúvida que o que mais marca pela diferença é a Koppartalten, ou a tenda de campanha romana. Quando foi construída tinha como propósito servir de estábulo e alojamento, mas agora é mesmo um restaurante e o café oficial do parque que lá estão.

Depois, super engraçado é o Ekotemplet, o género de um templo mini muito fofo, que foi construído para ser uma sala de jantar real para o tempo do Verão. Dizem que a acústica era tão boa que dava até para escutar as conversas mais íntimas que eram feitas entre as paredes.

Por fim, o Kinesiska Pagoden foi construído por causa do fascínio que se tinha por tudo o que era chinês, no séc. XVIII. Não tinha um propósito especial como as outras construções, mas ocupa um lugar de destaque mesmo no topo de um monte, num dos passeios do parque.

Para além disso, eu ainda achei interessante o facto de haver casas normais mesmo no meio do parque. Engraçado como há pessoas a viver ali. Dá para ter ideia da dimensão que ele tem, para haver casas lá dentro. Numa procura pelo pagode, nós entrámos no quintal de uma dessas casas e ainda tivémos de fugir a sete pés de um cão que lá estava.

Skansen, o museu/zoo a céu aberto!

o Skansen é o maior museu a céu aberto da Suécia e o primeiro que abriu no mundo inteiro, em 1891. Foi criado para mostrar a sociedade em constante mudança e a tornar-se cada vez mais industrializada, e ainda como as pessoas vivam naquela altura.

Hoje em dia o museu foi evoluindo e está enorme, com muitas áreas diferentes que, todas juntas, mostram na perfeição quem é o povo sueco e os seus costumes mais enraizados. Mesmo para quem está muito tempo na cidade, visitar o museu é uma oferta imperdível, porque só desta maneira tomamos consciência da maneira de ser deste povo para além do que se vê no dia-a-dia citadino.

Sim, o melhor da Suécia está no seu interior, nos campos e florestas. Justamente aquilo que pouco ou quase nada vi enquanto lá estive. E acredito que o mesmo acontece à maioria dos turistas. o tempo é sempre escasso para ir mais para o interior, etc. As desculpas são muitas e, com isto se perde o melhor do país.

Então no Skansen, dá para ter uma ideia das construções dos vários estratos sociais, mas claro, sempre mais direccionado para o que se vê no interior do país. Tem edifícios rústicos trazidos de vários locais da Suécia, a casinha dos camponeses de lá atrás do sol posto, mostra a pequena nobreza proprietária de terras e até a cultura da Lapónia.

Tudo isto em casinhas, celeiros, igrejas típicas, torres, tudo que se possa imaginar num espaço enorme que custa a percorrer mesmo num dia inteiro. A igreja ainda é usada para a realização de casamentos porque é lindíssima. Infelizmente na altura que fomos ela estava fechada para remodelação e então não trago recordações nenhumas.

O Skansen está muito direccionado para crianças, mas a verdade é que até os adultos se divertem à brava. Eu falo por mim. Achei tudo tão engraçado e diferente que tive pena de só lá ter ido um dia, o que foi pouco para aproveitar tudo o que eles lá têm.

Para além das casinhas típicas, também há várias zonas de animais. E aqui entra a parte diferente. É que nos zoos aqui da Europa do sul nós estamos habituados a ver os típicos animais da selva, entre outros. Já é tão comum que a grande atracção deste zoo da escandinávia passa a ser os animais típicos do norte, como os alces, ursos, renas, linces.

Claro que também há muitos mais animais, principalmente os domésticos e aqueles usados no dia-a-dia dos camponeses (vacas, cavalos, porcos), mas sem dúvida que a atracção principal são estes primeiros que nós não vemos todos os dias. Então é ver multidões ali à volta a fazer figas para que o alce apareça, ou então os ursinhos bebés venham dar um olá ao pessoal. Fazem as delícias dos mais pequenos e dos turistas, claro!

Nós guardámos para o fim a parte da vila, onde estão várias casinhas de madeira representando as várias profissões dos artesãos do séc. XIX, como os sopradores de vidro, sapateiros, entre outros. Aqui estão as suas oficinas no rés-do-chão da casa e depois dá para subir ao primeiro andar e conhecer como eram as suas casas. E o melhor é que lá dentro estão pessoas vestidas a rigor imitando os artesãos e famílias daquela época.

Então vamos andando lá por dentro, como se estivéssemos no meio de um filme, a observar como era a vida naquela altura. no fundo aquelas pessoas estão ali também para responderem a perguntas que tenhamos e para explicar como era a vida e dia-a-dia daquela família.

Como guardámos para o fim, estas casinhas já estavam quase a fechar, então tivémos de acelerar o passo para vermos o máximo que conseguíssemos. Mas fiquei fã deste estilo de museu e sem dúvida que ajuda a ver as culturas com outros olhos.

Museu Vasa, toda a história do naufrágio!

Eu achei toda a história em volta da caravela muito interessante. E mais, não é todos os dias que vamos a um museu com uma caravela autêntica, dos antepassados bem lá atrás. E bem bonita e arranjada. Perfeita para ser o centro das atenções. Um museu que gira completamente em torno de uma caravela, só podia haver um no mundo, e está aqui. A maior caravela alguma vez recuperada está num museu de Estocolmo.

O edifício é tão grande que do tecto, nós já vamos vendo o mastro, que sai completamente do tecto e vem dar um olá ao pessoal que anda ali em volta. Não há como falhar no edifício do museu. Na altura que fui ainda estava o campo todo coberto de neve em volta, tal e qual como já tinha falado para o Nordiska, a sensação de ali estar foi igual.

Depois, mentalidade sueca, há cemitérios em qualquer lugar, e ali na frente de qualquer pessoa. Se há coisa que eles gostam é tornar um cemitério algo muito normal no quotidiano de todos. Então para chegarmos ao museu passámos mesmo no meio de um cemitério, todo coberto de neve e com o tal silêncio de arrepiar. 🙂

O museu está muito bem estruturado em vários pisos, e em cada um deles vai havendo pequenas exposições de várias partes do navio, bem como da vida que as pessoas tinham lá, naquela época. Claro que isto não se aplica muito *a caravela em questão, que veio parar ao fundo do mar poucos metros depois de ter começado o trajecto inaugural. Ou seja, veio ao fundo mesmo nas barbas de todos os espectadores, e só anos mais tarde se conseguiu recuperar a caravela do fundo do mar, começando assim as obras de reconstrução.

O museu está todo climatizado com a temperatura ideal para manter o navio e no rés-do-chão estão lá fotografias de como decorreu todo o trabalho de reconstrução. Também há coisa que os suecos fazem na perfeição, que é reconstruir a cara das pessoas como se elas estivessem mesmo ali.

Então, como memória aos tripulantes que morreram naquele dia eles fizeram a reconstrução facial a partir do esqueleto encontrado no navio (tal e qual série Bones) e vestiram o boneco com o que ele deveria estar a usar no dia. Dá ainda uma breve explicação de quais eram as funções de tal pessoa e assim ficamos a conhecer melhor quem ia no trajecto inaugural e quem não conseguiu escapar.

Num dos pisos cimeiros do museu eles fizeram uma réplica de como seria o convés com os canhões enormes e pesados lá dentro. Ou seja, esta é uma das explicações para ter vindo ao fundo, o excesso de peso em material de artilharia que ele levava lá dentro. Foi o suficiente para que entrasse um bocadinho de água e o navio começasse a afundar. Quem sofreu mais para tentar escapar foram mesmo os tripulantes que estavam no convés.

Para conhecer a fundo a história da caravela e as possíveis teorias que explicam o porquê de ter afundado tão cedo, há uma salinha de cinema logo à entrada que reproduz periodicamente um filme em inglês do que se passou. É uma óptima dica para começar logo a visita porque a seguir já vamos com a história na cabeça, do que aconteceu, e aproveitamos melhor o museu.

O navio é enorme e até ao último piso, de três, ainda é possível estar ao mesmo nível do convés superior. E já estamos a uma distância enorme do chão. Eles dão um exemplo para vermos as dimensões através da popa, que é a parte de trás do navio. A popa está completamente trabalhada, através de um trabalho enorme de reconstrução que fizeram. Ela tem de altura 5 metros e cobre a altura de um piso até ao de cima. É enorme!

Achei pena o museu estar com uma luz muito fraquinha, que isso atrapalha na hora de tirar fotos decentes. As fotos ficam sempre algo tremidas e a máquina ainda não era nada de especial, então pronto está tudo dito. mas eu recomendo este museu, como um dos que mais me surpreenderam pela positiva, sem dúvida.

Nordiska museet

O Nordiska museet ou Museu do Norte é um misto de sensações. Se por um lado parece enorme e interessante, visto por fora, o interior pode decepcionar, dependendo das expectativas que se trás à partida. Este foi o meu primeiro museu em Estocolmo, e eu ia talvez com as expectativas altas, porque tinha acabado de chegar e queria ver algo mesmo turístico.

Depois, como o tempo estava uma porcaria, só neve, frio que congelava o corpo todo, então o espírito já não ia em cima para encarar coisas turísticas pela cidade, mas ainda assim havia uma parte de mim que queria conhecer. Para quê estar num sítio e não ver nada dele? Que desperdício, né?

Então eu acho que, mesmo assim, eu acabei por gostar do museu por estar numa de avidez em conhecer tudo o que estivesse no quentinho e não implicasse andar ao frio. Embora para lá chegar tivesse passado muitos minutos parada numa paragem de autocarro a congelar.

Depois, quando se chega, não dá para não reparar no edifício. É lindo!! E ainda mais quando tudo à volta está braquinho da neve, o silêncio do Inverno, com os corvos a dar sinal de vez em quando. Imagem típica do inverno rigoroso, mas deliciosa ao mesmo tempo.

O museu tem um monte de colecções para ver, cada uma mais diferente da outra, mas que, no fundo, todas elas acabam por contar a história do país. Depois o mais interessante é que tudo o que vemos neste museu, a falar de Estocolmo, e da Suécia em geral, é basicamente o que se passou nos países vizinhos, já que nos primórdios do nascimento da civilização, não havia grande fronteira entre Suécia e Finlândia, por exemplo.

Então o povo Sami, por exemplo, que é aquele que mais está na origem da civilização do norte da Europa (países da Escandinávia) andavam no topo destes países, sem grande distinção se é este ou aquele país. eu falo dos Sami, porque eu achei notável como eles conseguiam sobreviver no meio de tanto frio e neve. Na exposição tem lá as roupas que eles usavam, mostra as casas e os utensílios de caça e pesca. Mas né? Coitados! Dá até frio só de olhar para as fotos.

Infelizmente, este povo ainda hoje é mal visto e um pouco discriminado pela sociedade em geral. O que é pena, pois eles fazem parte de um antepassado importante destes países escandinavos.

Depois há de tudo um pouco, tudo o que mostra um bocadinho desta cultura tão diferente da nossa, espalhada por 4 andares. Dá para ver Casas de Bonecas (tradição sueca, aparentemente), Mesas Decoradas (que mostram como o povo foi decorando a sua mesa, consoante o estrato social), Tradições, Galeria de moda, Arte Folcórica, Mobiliário, Casas Suecas e outros Objectos.

O que eu mais achei interessante foi sem dúvida as casas decoradas e as mesas decoradas. Vá, já aqui a minha veia de decoradora queria vir ao de cima. Eu é que nunca percebi ela a chamar por mim. 🙂 É nestes pormenores que nós vemos a maneira de ser de uma civilização. Tudo bem que há muita coisa em comum, mas até o que é comum é engraçado ver. porque só dá para termos ideia que afinal não somos assim tão diferentes quanto isso.

Depois a decoração mostra também as diferenças entre as várias profissões e a maneira de viver dessas famílias. Na maioria das vezes só mostra a zona onde a família se reúne, ou seja, a sala ou cozinha. Mas já aí se vê bem a diferença nas decorações.

Tem ainda uma exposição de pintura de um senhor sueco que não me lembro o nome, mas não é nada conhecido. Então, para quem é interessado em pintura pode ser interessante, mas para os restantes, como eu, não é nada demais.

Stadshuset ou City Hall

No post de ontem eu já fui dando uma pequena introdução a esta majestosa construção, uma das primeiras que eu visitei, logo no início que cheguei a Estocolmo. Num dos meus primeiríssimos passeios eu fui lá e tirei a foto do pôr-do-sol às 15h que eu muitas vezes uso, para mostrar como é o Inverno nesta cidade do norte da Europa.

Todas as fotos que tirei não conseguem fazer jus ao quão bonito este edifício é, mesmo por fora, e é nestas alturas que eu fico com pena de não ter investido numa boa máquina fotográfica antes de viver lá. O City Hall é chamado de Câmara, apesar de só os vereadores se reunirem no Salão da Assembleia. Perto de Gamla Stan está o edifício do Parlamento, onde realmente são tratados todos os assuntos políticos da cidade.

Assim, este edifício acaba por ter funções mais ligadas a cerimónias especiais, como é o caso da recepção anual aos estudantes estrangeiros, ou até mesmo a cerimónia de entrega dos Prémios Nobel, que eu já tinha falado ser algo muito ligado à cultura sueca.

No meu guia turístico eu lembro-me de ter achado este edifício muito interessante e diferente, mas parecia distante do centro da cidade, isto porque ele já fica na zona de Kungsholmen, que, verdade seja dita, não tem mais nada de interessante, para além do City Hall. Mas, na realidade, o City Hall fica na fronteira dessa zona com o Centro da Cidade, que eu tenho vindo a falar, nos últimos dias. E também, logo a seguir à ilha de Gamla Stan. Então, na verdade, chegar ao City Hall é super fácil e ele é mesmo muito central.

A minha ideia inicial era visitar o City Hall de uma forma mais turística, mas depois de receber o convite para estar presente na cerimónia de Recepção aos alunos, e depois de estar lá e aproveitar cada cantinho com todo o tempo do mundo, eu acabei por desistir de dar dinheiro para voltar a ver o que já tinha visto, mesmo que fosse com visita guiada. Não sei se fiz bem ou mal, mas a mentalidade estudantil vai sempre para a poupança de dinheiro. 🙂

As minhas melhores recordações do City Hall são mesmo da Recepção porque eu lembro-me perfeitamente das minhas dúvidas e incertezas em relação ao que estava a fazer naquele país. Eu já tinha dito que no início foi complicado a habituação a uma cultura super diferente da minha e, sobretudo, estar rodeada de estudantes de toda a parte do mundo, obrigando a falar inglês a toda a hora e todo o estante (algo que descobri não estar bem preparada).

Então eu lembro-me de estar a assistir à palestra e estar a pensar que era tudo muito bonito, mas que não sabia se estava à altura da árdua tarefa de representar o meu país e sair bem sucedida para contar a história. Sabia que era um privilégio e tal, mas né? Não queria fazer figuras! Então este foi um sentimento inicial que partilhei com muito poucos e agora, que olho para trás, percebo que a vida é mesmo feita de puxões de corda, de experiências diferentes. Nada a fazer! Só assim vamos perceber a fibra de que somos feitos e no final vamos nos surpreender com as nossas conquistas pessoais. Vá, este ano é outro ano de mudança, então já me ando a mentalizar com alguma antecedência que vão voltar as dúvidas.

Voltando ao City Hall, a cerimónia foi feita no Salão Azul, que não é azul! O nome veio do projecto inicial, onde os tijolos iriam ser envernizados a azul. Mas depois de ver a construção cor de tijolo, o arquitecto decidiu que assim ficava perfeito e então já era tarde de mais para mudar o nome. Nesta sala é também feita a cerimónia de entrega dos prémios Nobel.

Subindo as escadas, nós tivémos um “pequeno” lanche à nossa espera, no Salão Dourado, este sim, todo dourado. 🙂 A história deste salão é muito engraçada, porque ele representa muitas culturas numa só sala. Olhando nas paredes, dá para ver os desenhos de monumentos emblemáticos de vários países do mundo. Aqui conheci pessoal muito diferente, com motivos diferentes para estar a estudar em Estocolmo, e foi engraçado partilhar histórias e experiências.

Noite da Cultura em Estocolmo!

Bem ao estilo dos Open House que acontecem todos os anos espalhados por algumas cidades do mundo, a Suécia não deixa escapar um evento, também ele recheado de cultura – a sua Noite Cultural. Assim, quase todos os museus e palácios abrem as portas para deixar que os visitantes apreciem o que de melhor Estocolmo tem para oferecer. E grátis!

Um pouco por toda a cidade vê-se gente, muita multidão, em festa, muito riso e música. Toda a malta está alegre a passear a pé e não só. Tudo porque é algo diferente, onde, não só há programação especial dentro de museus e casas históricas, como também, em todas as ruas principais da cidade, se vê alguma coisa acontecendo.

O mais comum é ver luzes por todo o lado, filas para entrar em sítios mais emblemáticos (e caros!), como o Palácio Real, grupos coral a cantar em qualquer esquina, cafés e bares improvisados no meio da rua, transporte especial, etc… Muita coisa nova a acontecer e que é, talvez, um dos eventos mais imperdiveis na cidade.

Nós tivémos muita sorte em calhar numa altura em que ainda estávamos por lá, depois da Páscoa. O tempo ainda estava fresco, mas deu muito bem para andar pelas ruas com um grupo de portugas, super animado para levar a noite dentro. E o clima mais engraçado é esse mesmo. Mesmo que não estejamos muito interessados em ver museu atrás de museu, só o fato de reunir um grupo bem interessante de amigos e partirmos todos para a festa, isso só já vale por muitas saídas nocturnas a qualquer bar da cidade.

Depois como o clima pelas ruas da cidade está super animado, nem é preciso elaborar grande roteiro turístico, é só nos deixarmos levar no sabor da multidão, ou então do que nos apetece fazer a seguir. E foi mesmo isso que fizémos. eu só fui avisada deste mega evento em cima da hora, então nem deu tempo de elaborar nada muito em concreto. Encontrámo-nos em Gamla Stan e fomos andando até ao City Hall, que é bem pertinho do centro da cidade (ao lado da Estação de Comboios central), mas no mapa parece fora da cidade (zona Kungsholmen).

Começámos a noite no Palácio de Tessin, que estava com um grupo coral a cantar umas músicas suecas e com muita gente mesmo pelo jardim. Então, nem deu para ver grande coisa do palácio, que é considerado a mais bela residência privada a norte de Paris. A parte do primeiro piso estava fechada mesmo, então só tínhamos acesso ao jardim. Por esses motivos acabámos por rapidamente sair de novo e entrámos na casa ao lado – a Real Casa da Moeda.

Aqui já estávamos bem mais à vontade e o museu ainda é grandinho. Deu bem para conhecermos um pouco da história da moeda pelo mundo inteiro e aproveitarmos a exposição interactiva direccionada para crianças, que está nos andares do topo. Como estava muito pouca gente por lá, foi a diversão da criançada feliz.

Dali, fizémos uma caminhada valente até ao Teatro Real, que eu estava cheia de curiosidade em entrar e todo o grupo, de uma maneira geral, também estava. Ninguém tinha alguma vez lá entrado para ver algum espectáculo (pelo menos, que eu me recorde). O Teatro estava com visitas guiadas, mas dado o adiantar da hora, decidimos ir aproveitando algumas boleias de vários grupos, para podermos andar a circular pelo Teatro, em zonas onde as portas estavam fechadas de outra maneira. então fomos aproveitando a zona à nossa maneira e ritmo.

Daqui fomos para a Ópera Real, que eu já fiz post dedicado a ela. Depois de ter estado a visitá-la quase quase na hora do seu fecho, nesta noite, acabei por ir ver um bailado ali. Então foi engraçado ver tudo mais uma vez, mas desta vez mais animado, com banda, e tudo como manda um bom espectáculo.

Finalmente, com quase tudo fechado, fomos acabar a noite numa mega festa no City Hall. Este edifício está a dever um post à parte porque é super histórico e é onde são feitas as cerimónias de entraga dos Prémios Nobel. A minha cerimónia de Boas Vindas foi feita aqui, então merece sem dúvida um post à parte. 🙂 Neste dia, o clima estava super animado e foi o suficiente para acabarmos a noite por aqui.

Hallwylska Palatset

Este Palácio, construído para ser a residência dos milionários conde e condessa de Hallwyl, foi tornada museu, sendo este o desejo dos condes, depois da sua morte. E este é, na minha opinião, o maior tesouro de Estocolmo, tão bem escondido, que até nos guias turísticos passa muito bem despercebido.

São tantos os museus que Estocolmo tem, que às tantas, qualquer pessoa se sente perdida sobrequal deles é o mais importante e interessante, que roteiro montar, o que visitar, etc… E, como eu já tinha dito, os museus de Estocolmo ficam, de uma maneira geral, aquém das expectativas que temos. E isto acontece quase sempre. Como são todos a pagar, então chega uma altura que já não está nos nossos planos ir a mais nenhum museu.

Mas, lá no trabalho, a minha colega de aventura veio com uma conversa que havia um Palácio-museu na cidade que tinha sido aconselhado por uma orientadora, como interessante e que valia a pena, etc… E logo ela que já estava pelos cabelos com museus!! Então, nós decidimos ir no fim-de-semana, já na Primavera, para conhecer o tal museu interessante.

E não é que foi uma verdadeira surpresa? É daqueles sítios que só com uma dica de quem conheça bem é que nós não acabamos por deixar escapar. Então, quando a condessa morreu, ela deixou ao Estado sueco um presente fenomenal e riquíssimo. Um palácio privado, com objectos artísticos que a condessa juntou ao longo dos anos, para além de ter uma decoração super luxuosa e requintada, que foi melhorada nos anos que antecederam a abertura do museu ao público.

Então é daquelas dicas que qualquer um agradece de pés juntos! E é um dos poucos museus de Estocolmo que eu digo valeu cada coroa sueca que eu dei para lá entrar. 🙂

A entrada passa bem despercebida também, mas fica mesmo na grande avenida que liga a saída do metro da estação central, com o Teatro Real. Quase a chegar a este último, mesmo. Os prédios por ali parecem todos iguais na parte de fora, mas é o interior que vale a pena conhecer. Por isso, é estar bem atento à bandeirinha com o nome do museu, que está do lado de fora e arriscar para dentro do portão.

Logo de frente está o pátio do Palácio e à esquerda está a escadaria para se entrar na recepção da casa. Como o museu é feito numa casa real, o que acontece é que as divisões e percurso foram adaptados para receber visitas. No entanto, quanto mais gente aparecer ao mesmo tempo, pior fica a logística e a qualidade da nossa visita. Há que ter um pouco de paciência se for esse o caso.

Connosco as coisas até correram bem no decorrer da visita, onde o pessoal foi-se espalhando, mas ás vezes era aquela sensação de que se tem de esperar até desesperar para tirar uma foto sem ninguém por perto. Bem, mas depois do Palácio de Versalhes, tudo fica mais desafogado de gente na fotografia. 🙂

A casa tem alguns andares e o último é reservado para visitas privadas com guia, ou seja, mais caro. Como a malta estava em modo poupança, deixou escapar talvez o mais bonito e exclusivo do museu. Eu digo talvez porque é essa a sensação que tenho, apesar de que não sei, né? Não fui mesmo e agora arrependo-me.

Mas o resto da casa está muito interessante e cheio de preciosidades dignas da realeza em modo mini. Sim, em modo mini, porque tudo é muito chique, mas ao mesmo tempo com dimensões de casa normal, um pouco mais abastada claro, mas normal. Soa a casa real, por assim dizer.

E ao mesmo tempo, está cheia de quadros que são verdadeiras obras de arte, e relíquias fantásticas, coleccionadas ao longo dos anos, pelos conde e condessa. Ainda tem uma área da visita, onde eles aproveitaram para fazer mesmo um pouco clima de museu, com exposição de roupas da época. Desde a criada, até à senhora condessa, em vários momentos da vida: desde o que se vestia no dia-a-dia, até às grandes festas, como o casamento. Vale muito a pena a visita! A-d-o-r-e-i! 🙂

Museu de Estocolmo Medieval, em Gamla Stan, e Museu do Estado, em Slussen!

Como já disse aqui nos posts da Suécia, o que não falta em Estocolmo são museus de tudo e mais alguma coisa, a maioria não tão interessantes assim. Mas eu lembro-me que num daqueles dias culturais eu estava super entusiasmada em conhecer um pouco mais da história daquele país, principalmente da cidade, desde o início.

E nada melhor para perceber tudo isso que visitar o Museu de Estocolmo Medieval. Estava muito entusiasmada em visitar e confesso que foi dos poucos que não desiludiu totalmente. E isto porquê? porque eles são realmente muito bons a recriar personagens reais e espaços físicos envolventes.

Então dentro deste museu nós pudemos apreciar um bocadinho da muralha original da cidade e por detrás dela estava um bocadinho de uma aldeia. Tudo isto podia estar bem melhor caracterizado a céu aberto mas pronto. o que conta é a intenção.

Então com isto tudo conseguimos perceber como era as construções mesmo nestes países longínquos, há muitos anos atrás, o que as pessoas faziam, quais as suas tarefas diárias, quais as profissões. E depois dentro disso havia casas a condizer com cada estrato da sociedade e sua profissão.

mas está mesmo bem feito, envolto em alguma penumbra, com escadas para o primeiro piso em algumas casas. depois em volta estão excertos de outros estratos da sociedade, como por exemplo a realeza, os pescadores, etc…

Então, dava para ver o arco da muralha que dava acesso ao castelo da realeza, juntamente com a sua capela e traços característicos. Tudo muito mais ornamentado e pomposo.

Depois na parte dos pescadores tinha mesmo os utensílios que eles usavam no seu dia-a-dia, onde guardavam as redes, etc. Ainda tinha outras profissões importantes no conjunto da formação de uma sociedade, todas elas muito bem caracterizadas ali.

Ah e os divertimentos, não esquecer! Como em toda a sociedade, os tempos livres são passados a fazer diversas actividades, que dá para ter uma ideia pelos sons e recriação que foi feita em certas zonas das casinhas.

Para complementar este museu, há um outro, o da Cidade, que fala sobre a actualidade do país. Tudo o que foi abordado no Museu Medieval, mas agora transposto para a era moderna. E o engraçado é que o Museu está mesmo feito para nós vivermos o que o povo da cidade vive.

Ou seja, por mais parecidas que sejam as sociedades de hoje em dia, a verdade é que todas temos as nossas diferenças e até achamos piada em estar a adivinhar e perceber que diferenças são essas. E a Suécia é de facto uma sociedade diferente. Não importa se é para melhor ou pior, porque alguns aspectos são para melhor outros para pior, inevitavelmente.

Então, eu diverti-me muito na sala de aulas sueca, por exemplo. Estava lá uma menina sueca que até estava admirada comigo. Mas eu vibrava óbvio, porque não só faz recordar os tempos que já lá vão, como também dá para perceber que afinal não somos assim tão diferentes, ou até somos nalguns aspectos. Confusos? 🙂

Se vale a pena visitar estes museus? É  assim, se calhar para o comum visitante da cidade é desperdício de tempo estar a visitar museus como estes, mas se por acaso estiver mais uns dias pela cidade então aí eu aconselho a ver. Claro que o mais giro vai ser o de Estocolmo Medieval, mas como o bilhete é conjunto para os dois museus, então vale a pena dar uma saltada à zona de Slussen para ver um bocadinho da era moderna da cidade. e este último museu é super interactivo, apesar de não tãããão interessante.

E já que está por Slussen, pode sempre aproveitar para dar umas voltas por ali, que é uma área bonita, com vista para Gamla Stan e também para o City Hall, do outro lado. 🙂

Museu Alfred Nobel

A minha experiência em museus de Estocolmo é péssima. Eu regra geral adoro museus e não passo uma visita a qualquer cidade sem que toneladas de museus estejam na lista. Impensável eu deixar para depois o Museu do Louvre, por aí adiante. Pelo menos depois de ter falhado todos os de Madrid por causa do pessoal não estar nem um bocadinho numa de experimentar.

Então eu cheguei a Estocolmo super entusiasmada para ver tudo e conhecer TUDO! Só que, junto a mim, tinha a minha colega de estudo/trabalho que não estava nem um bocadinho entusiasmada para me acompanhar. Mas e a quantidade de museu disto e daquilo na cidade!!! Meu Deus, foi a minha perdição. Então um a um fui tentando convencê-la a me acompanhar em museus e a coisa só dava para o torto.

Os museus em Estocolmo são bem pagos e, na grande maioria das vezes não valem o dinheiro que estamos a dar. Então, inúmeras vezes eu própria me desiludi com o que estava a ver. Muitas vezes o prédio em si era bem mais agradável que o seu interior. E isto repetiu-se muita vez, até ser muito complicado continuar a arrastar a minha colega.

Mas, ainda assim, havia um dia por semana, em que alguns museus da cidade eram grátis. Então, num destes dias eu decidi que seria óptimo irmos ver o Museu Alfred Nobel, em Gamla Stan, mesmo naquela praça fofinha que eu já falei aqui em alguns posts, a Stortorget.

E porque é que eu estava empolgada? Porque aquela amiga de Santarém que eu conheci em Estocolmo, já lá tinha ido e aprovou. Disse mesmo que era um dos melhores museus da cidade. Oh, então se era um dos melhores eu não podia perder! Errado!

Apesar de ter ido achei uma seca daquelas mesmo fortes! E porquê? Porque, aparentemente, o interessante do museu está em saber todas as histórias relacionadas com a génese da atribuição do prémio, como ele surgiu, quem o tem recebido e porquê. Ou seja, tudo informações que só um guia pode transmitir. E eu estava sem guia, porque o dia era grátis!

Então, estou até hoje com a sensação que devo ter perdido o melhor daquele museu e nem me apercebi quando lá estive. Então o museu é bem pequenino e condensado e a primeira vista parece que não vai dar nada de interessante.

Mas para quem estiver com guia ele vai explicar tudinho que lá está em formato condensado. Ou seja, vai explicar os quadros interactivos onde está a evolução do prémio desde a sua origem, até quem o recebeu e porquê, que trabalho foi desenvolvido por cada um deles.

No tecto estão sempre a correr umas fichas com a foto e descrição de todos os que já foram premiados, e então é sempre giro estar ali a olhar para o alto à espera que apareça alguém conhecido. Na sala do fundo também estão alguns objectos pessoais de pessoas que ganharam o prémio, e alguns deles estão mesmo relacionados com os trabalhos que cada um desenvolveu e que lhes valeu o reconhecimento.

No átrio da entrada também estão, no chão, as várias áreas em que o prémio é atribuído e além disto tudo, eu penso que a explicação do porquê de tudo isto surgir, deve ser muuuito interessante de ouvir. Isto porque em todo o lado de Estocolmo, e calculo que não só na cidade, estão ruas com o nome do senhor que deu origem ao prémio, Alfred Nobel. E, daí o museu também se chamar como ele.

Então só por aqui dá para ver a importância que dão ao senhor e ao trabalho que ele fez. Os prémios são atribuídos todos os anos no City Hall da cidade de Estocolmo e daí este museu estar também aqui. Mais informações sobre o City Hall mostro depois, até porque estive aqui logo no início da minha chegada à cidade.

Ainda no museu Alfred Nobel está um bar que tem um segredo escondido debaixo das cadeiras, a assinatura de todos os prémios nobel. Então eu acho muito giro escolher uma cadeira para sentar e depois ir ver quem nos calhou na rifa. também é engraçado tentar encontrar alguém conhecido, como Einstein, por exemplo. Fica a dica! 🙂