MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia!

O MAAT é um museu relativamente recente em Lisboa, apesar de que não é tão novo assim. Ele foi muito anunciado na altura da sua construção e até teve um período de entrada grátis quando abriu. Parte da sua grande fama teve a ver com a estrutura e design da sua construção, e claro, com a localização.

O MAAT, fazendo jus ao cariz do museu, foi construído com um design muito futurista e acabou por ser ele próprio a atração. Eu já tinha passado algumas vezes pela zona e nunca tinha entrado porque nunca me identifiquei muito com museus de arte contemporânea. No entanto, o visual da construção já me tinha rendido boas fotos antes e o “miradouro” no topo do edifício já é paragem obrigatória.

Então, sempre encarei este museu como uma mais valia paisagística do que propriamente pelo seu valor em termos de museu. Contudo, como eu nunca digo nunca a mais uma experiência cultural, mesmo que fora da minha zona habitual, chegou o dia de finalmente fazermos uma visita ao MAAT.

Num dia em que estávamos a fazer tempo para ver um musical no Casino Lisboa, fizemos uma paragem por esta zona e decidimos finalmente arriscar uma visita. Pois bem, de facto continua a ser um museu que não colocaria como top de prioridades a fazer numa cidade. No entanto, achei que no geral até está interessante e sobretudo diferente dos habituais museus com pinturas, esculturas e afins…

O MAAT é bastante tecnológico e transporta-nos completamente para o que se passa ou o que aconteceu num passado recente ao longo do mundo. Então existem muitos vídeos de situações tão diversificadas como notícias, documentários, vídeos feitos por artistas plásticos, gritos de revolta, auto-retratos, enfim… Um sem número de situações que abordam também muitos temas diferentes do nosso quotidiano ou da realidade que se passa em países em guerra civil, que passaram por catástrofes naturais, alegrias, e por aí fora…

É uma abordagem diferente e de facto mostra-nos diferentes faces do nosso mundo, diferentes circunstâncias, diferentes pontos de vista, sobretudo pelos olhos de jornalistas, fotógrafos, artistas. Os quais depois dão um significado novo até à forma de sentir tudo o que se vai passando.

Foi um museu totalmente diferente sim, até com direito a um hall cheio de projetores com imagens da Ponte 25 de Abril de diferentes ângulos em direto. Fiquei surpreendida com algumas coisas e achei super interessante ver alguns vídeos e ter consciência do quão diferentes podem ser os nossos juízos de valor em relação a diversos assuntos que só lemos nos jornais ou vemos na TV, depois de vermos um vídeo feito por um foto-jornalista que está no terreno e perde muito do seu tempo a captar o que é genuíno.

Então fica a dica para entrar no MAAT e dar uma oportunidade a este museu, mesmo para quem não é apreciador de arte contemporânea. Continua a não ser dos museus mais interessantes e provavelmente não irei entrar num em muitos mais anos (ou não, não sei), mas ainda assim vale pela experiência e pelo diferente que é.

No entanto, há que realçar o quão interessante é a estrutura em si e o quanto veio embelezar e reestruturar aquela zona junto ao rio, mesmo de caras com a ponte. Lisboa tem evoluído bastante ao longo do tempo e são notórias as tentativas de melhorar cada vez mais a oferta turística, dando destaque à arquitectura e arte.

Com certeza este museu já se tornou um ícone, nem que seja na paisagem. E muitas mais serão as fotos que veremos com este design tão futurístico a aparecer.

MAAT

Av. Brasília, 1300-598

Lisboa

Guerreiros de Terracota, na Cordoaria Nacional!

A Cordoaria Nacional tem vindo a ser palco de exposições muito interessantes nos últimos anos. No ano passado estive lá a ver a Real Bodiese já tinha ficado fascinada com o espaço. Por esta altura está quase a acabar a exposição acerca dos guerreiros de Terracota, que fazem parte de uma das maravilhas do mundo e está na bucket list para uma futura visita à China!

Eu simplesmente adoro toda a história que envolve estes guerreiros e a forma como foram mandados construir e depois descobertos tantos séculos depois. Os Guerreiros de Terracota foram mandados construir assim que o Imperador Qin subiu ao poder aos 13 anos com o propósito de o proteger na vida após a morte.

Naquela altura havia muito a crença de que o imperador teria de ficar no mausoléu após a morte, mas este conseguiu ir mais além e fazer o impensável para aquela época. O reinado deste imperador foi muito polémico, no entanto, foi durante ele que alguns dos maiores tesouros da atualidade foram construídos. Deixou-nos os Guerreiros de Terracota, a alguns km’s de Xian e também a primeira parte da construção da muralha da China.

Existem vários aspetos fascinantes em relação aos guerreiros, a começar na sua construção mas também no pormenor de serem todos diferentes, o que leva a crer que foram construídos à semelhança do real exército do imperador. Foram também dispostos  segundo um propósito singular, com os archeiros, cavaleiros, etc… a ocuparem as suas posições específicas.

Nada foi deixado ao acaso e ao longo dos últimos anos, à medida que os guerreiros têm sido descobertos por arqueólogos, muitas histórias têm sido reveladas e outras tantas ficaram ainda suspensas sem explicação.

A verdade é que o mistério que rodeia este imperador e toda a obra que fez em vida se estende até aos seus guerreiros e ao propósito de estes estarem ali. Quem foram todas aquelas pessoas? Como foram as suas vidas? Porque é que o imperador quis que todos eles ficassem em posição de batalha em volta do seu mausoléu? E quantos mais estão para ser encontrados?

A exposição foi uma introdução gostosa daquilo que está em Xian para ser visto. Mas não deixou de ser impactante ver alguns exemplares dos guerreiros, conhecer mais acerca deles e perceber que haviam vários tipos de guerreiros, com funções diferentes. E foi super interessante ver o quão diferentes eles eram uns dos outros. Quer na expressão do rosto, quer nas suas vestimentas e na posição de combate em que foram esculpidos.

A exposição tinha várias informações acerca dos guerreiros propriamente ditos, mas também falava muito acerca da vida do imperador Qin e de todas as suas façanhas e conquistas, bem como as guerras e inimizades que criou.

Para além disso também tomamos contacto com mais alguma história acerca das raízes chinesas, principalmente nesta época primordial. Ficamos a conhecer um pouco mais acerca das várias dinastias, crenças chinesas, e muito mais. Uma verdadeira aula de história!

E como estas exposições itinerantes já nos habituaram, são muito didáticas e conseguem prender a atenção desde o início ao fim. Chegamos ao final com a sensação de que passou a correr.

Ah e tem um atelier para as crianças no final, com coisas sobre a exposição. Acho super interessante elas poderem descobrir mais acerca da cultura chinesa à sua maneira. Sempre acompanhadas por monitores.

A exposição vai estar a decorrer até dia 24 de Setembro, então é uma excelente oportunidade para conhecer mais acerca desta cultura tão interessante.

Cosmos Discovery, exposição mundial em Lisboa!

Dando um intervalo na série de posts sobre a Ásia, eu trago hoje a mais recente exposição itinerante que começou em Lisboa e correrá o mundo nos próximos 5 anos. Para começar eu decidi ir a Lisboa no fim-de-semana passado numa de aproveitar o evento dos museus grátis a partir das 18h. O que por si só já é um excelente evento com um leque alargado de museus a participar.

Mas aí quando estava sentada na escadaria do MAAT, um dos mais recentes museus lisboetas e super moderno, com uma arquitectura única mesmo em frente à zona ribeirinha, fomos abordadas por algum staff da Cosmos Discovery que estava a dar 50% de desconto nos bilhetes só nesse dia.

Posto isto, eu e a minha colega de turma do Mestrado que tinha me acompanhado nesse dia, ponderámos, e achámos que valia a pena aproveitar o super preço da Cosmos e deixar o MAAT para outro dia, já que este último museu não é itinerante.

Então o museu Cosmos Discovery é completamente direcionado para a história da exploração do espaço (passado, presente e futuro). Ela conta exatamente quem foi o primeiro ser vivo no espaço, quem foi o primeiro homem a atravessar a barreira da gravidade, a primeira mulher no espaço, entre tantas outras histórias fascinantes.

Além disso, ao longo das várias salas, existem em exposição muitos artefactos originais cedidos pela NASA ou pela antiga União Soviética, muitas réplicas e modelos. É possível ver a réplica da cápusla que transportou o primeiro homem a cruzar a barreira da gravidade, a primeira nave espacial à escala 1:10.

Além disso, vamos acompanhando todo o despique entre EUA e URSS na conquista do espaço e dos melhores feitos. Infelizmente muitos foram os acidentes que aconteceram ao longo da história para que os avanços tecnológicos que se conhecem hoje tenham sido possíveis.

Mas apesar das histórias menos felizes também vemos exemplos de luta e coragem e como em várias circunstâncias difíceis a equipa de astronautas juntamente com a sala de comandos em solo terrestre conseguiram solucionar avarias passíveis de originar a morte de toda uma tripulação.

Ao longo das salas vamos acompanhando a evolução não só nas construções da nave espacial, como dos fatos usados pelos astronautas, o tipo de comida que levavam, a tecnologia utilizada na propulsão até ao espaço e como regressava, muitas delas recuperadas do oceano.

E quando chegaram à Lua, o objetivo seguinte foi conseguir construir um vaivém, que permitisse ir, voltar à Terra e ser novamente utilizado. E depois surgiram as estações espaciais dedicadas ao estudo e investigação, sendo elas também melhoradas ao longo do tempo.

A última sala é dedicada aos projetos futuros e aquilo que já se começou a fazer. Neste momento os olhos da NASA estão focados na exploração de Marte e também em conhecer e desbravar mais ainda do sistema solar para além de Marte.

Então construir equipamento capaz de penetrar profundamente no espaço é a mais recente prioridade da NASA, continuando a recolher amostras de Marte em busca de indícios de vida ou de sobrevivência humana.

Está uma exposição muito bem conseguida e talvez uma das mais completas na área, algo imperdível não só para amantes da exploração espacial como para o público em geral. Toda a exposição está muito bem explicada, com muita descrição do que é cada coisa, mas sem se tornar maçador, já que também existem vários ecrãs espalhados a dar filmes ou imagens de cada momento que estamos a ler.

E claro que as réplicas ou originais de vários objetos ao longo da exposição estão geniais e prendem muito a atenção do visitante.

Estádio da Luz e Museu!

Confesso que o post de hoje está bastante inclinado para os adeptos do Benfica, mas não há nada a fazer. Este Natal ofereci ao Carlos um bilhete conjunto para visitar o Estádio da Luz e o Museu, com oferta de um cachecol no final. Daquelas promoções de Natal que ainda se estenderam até Janeiro e ainda deu para o meu cunhado comprar também e ir.

Visitar um Estádio pode não estar no topo das prioridades turísticas de uma cidade, mas e daí? Visitar um museu de carros em Itália também não está e não quer dizer que não incluamos num roteiro.

Tudo depende das prioridades de cada pessoa e dos gostos. Além disso, eu até há bem pouco tempo achava que um estádio só se visitava em dia de jogo. E não é bem assim! O Estádio da Luz está aberto a visitas guiadas praticamente todos os dias do ano, com reserva prévia.

E visitar o estádio não é o mesmo que ir ao museu. O museu é bastante interessante por conter toda uma história do clube, com todas as medalhas (que ocupam 3 andares), camisolas, a história dos jogadores mais emblemáticos e seus objetos pessoais, etc…

Ou seja, o museu é excelente para vermos a história do clube e todos os momentos mais marcantes desde que ele foi criado. Mas para mim nada se compara com o estádio em si.

Ter a oportunidade de visitar balneários, os corredores por onde passam os jogadores antes de entrar em campo, pisar o relvado, dar um “oi” às águias que estão junto ao relvado, sentar no banco de suplentes, e muito mais…

E tudo isto sempre com alguém a explicar o que cada coisa significa e o porquê de ser assim. Tinham-me dito que dá um frio na barriga percorrer o corredor de acesso ao relvado e finalmente chegar a ele.

Olha-se à volta e vê-se todas as bancadas. Tomamos consciência das sensações que os próprios jogadores têm quando entram em campo. Ir ver um jogo já é óptimo, mas visitar um estádio, ainda para mais quando ele tem tanta história associada, é daquelas coisas para se fazer uma vez na vida.

No dia visita ao estádio ainda comprámos uns bilhetes para o jogo dessa semana, que o Carlos já não conseguiu ir. Então fui muito bem acompanhada pelos cunhados, que trataram de me dar a melhor experiência possível no primeiro jogo que eu assisti em estádio.

Escusado será dizer que fiquei fã e conto voltar em breve. Todo aquele ambiente de pré-jogo, os gritos nas bancadas quando há golo, a animação nos intervalos, os cânticos das claques, a euforia da saída do estádio, com todos a cantarem pelas ruas.

Uma experiência única que deve ser potenciada quando o jogo é contra Porto ou Sporting. Sabendo que pode ser mais perigoso, admito que estou na onda de experimentar um jogo assim. Resta esperar que ele venha! 🙂

Então fica a dica, um pouco diferente, do que pode ser feito em Lisboa, fugindo aos tradicionais pontos turísticos da cidade.

 

Aqueduto das Águas Livres!

Para começar, eu sempre que passava pelo Aqueduto, na estrada, pensava sempre que adorava visitá-lo e no quão interessante isso devia ser. O problema é que ele esteve fechado durante vários anos, sem qualquer hipótese de visitação, por causa de alguns casos de suicídio.

Então, eu acabei por deixar pra lá e tirar da ideia que o Aqueduto podia sequer ser visitado. Mas, no ano passado, quando descobri isto do Lisboa Open House, eu vi também que havia a hipótese de visitar o Aqueduto. E veio o entusiasmo. Não marcámos nada para o ano passado que pudesse incluir o Aqueduto, mas este ano não me escapou.

A única contrariedade foi estar a chover, que quase nos fez desistir dos nossos planos. Como a visita é feita sempre do lado de fora, sem protecção para tempestades, quem não tem guarda-chuva sofre um bocadinho, ainda mais com o vento que se faz naquela altura.

Mas ficou super engraçado e bem aproveitado, porque a Companhia das Águas decidiu reaproveitar o espaço e criar ali uma espécie de museu da água que se estende também numa visita ao Aqueduto. Eu não sei à quanto tempo isto está a funcionar assim e à quanto tempo as visitas foram retomadas, mas sei que a qualquer altura do ano é possível visitar o Aqueduto e fazer todo o seu percurso.

Como o tempo estava péssimo, nós fomos só até metade, onde tem o ponto mais alto que é também aquele onde a estrada passa por baixo. Tem ali a metade umas passagens que ligam um parapeito a outro e também nos permite ver como são as condutas no seu interior.

Ou seja, o Aqueduto foi criado para trazer água à cidade de Lisboa. Ele foi mandado construir em 1731 pelo rei D. João V e foi mesmo o primeiro sistema de abastecimento regular de água à cidade de Lisboa. Em 1967 ele foi retirado da rede de abastecimento de água, mas havia de ficar para sempre na arquitectura da cidade a lembrar-nos de como era antigamente.

Então, eu acho fantástico passar pelo meio da conduta e ver o quão larga e sem fim ela é. Vêm-se quilómetros de túnel que não tem fim e pensamos como seria naquela altura a água a correr por aqui e a abastecer toda a cidade de Lisboa. Grande obra da engenharia e talvez o que melhor está preservado em Portugal.

Segundo o folheto que eles estavam a oferecer, o túnel tem uma extensão de 58km e a travessia mais conhecida de Alcântara tem 35 arcos monumentais, numa extensão de 941 metros. O maior arco em pedra tem uma altura de 68 metros e largura de 32 metros.

As vistas a partir do alto do Aqueduto também são elas próprias um motivo mais do que suficiente para se visitar esta obra, onde talvez a mais inspiradora seja a Ponte 25 de Abril, que é sempre aquele ponto inconfundível no horizonte lisboeta.

A visita ao Aqueduto pode ser feita em toda a sua extensão, mas nós optámos por só fazer até ao ponto mais alto e voltar para trás. No início do Aqueduto tem um jardim com o mapa do que vamos encontrar mais em frente, com algumas curiosidades acerca do Aqueduto, como o comprimento, arcos, etc…

A melhor notícia é que ele está aberto ao público a qualquer altura do ano e não só durante o Open House, então é só checar os horários e escolher qual o melhor dia para visitá-lo.

Teatro Nacional de S. Carlos!

O Teatro Nacional de S. Carlos foi inaugurado em 1793, numa altura em que Portugal estava em Monarquia. E isso fez com que todo o ambiente e construção tivessem um cunho próprio daquele tempo e nos fizessem lembrar de como era a vida cultural naquela altura.

O interior do teatro é de uma riqueza fora de série e com detalhes encantadores, daqueles de ficarmos de queixo caído. Como naquela altura o rei tinha por hábito assistir a peças no teatro, então foi construído um aposento próprio bem no centro, o qual quase roubava a atenção dos espectadores do que realmente estava a acontecer em palco.

Os camarotes também ainda são à moda antiga, bem pequeninos e com hipótese de serem reservados na totalidade, especialmente se vamos com um grupo restrito de pessoas. Quando fomos ver o Teatro, ouvimos muito falar do género de peças que aqui acontecem e principalmente acerca das próximas.

E apercebemos-nos que as Óperas são muito conhecidas e aclamadas. E que geralmente esgotam a sala em todas as sessões que aqui acontecem (e que duram uma semana). A próxima que ia acontecer era da da Madame Butterfly, que já estava quase esgotada. Como ela ia acontecer no final do mês de Outubro, o cenário já estava colocado e todos os adereços também já estavam nos camarins.

Então, por essa razão não pudemos ir visitar a parte de trás do espectáculo e só conseguimos assistir ao esplendor da sala e ouvir todas as curiosidades acerca dela e acerca também das actuações que aqui acontecem. Para além das Óperas, a Companhia Nacional de Bailado também tem por hábito fazer aqui as suas apresentações.

Então, na entrada já estava disponível um livro com todos os espectáculos da temporada, que já iniciou, com as suas datas e um breve resumo. Óptimo para ter ideia do que por aqui existe e fazer planos para o que gostaríamos de ver. Nós gostávamos de experimentar uma Ópera, mas esta da Madame já estava um pouco em cima e os melhores lugares quase todos ocupados. Então, em Junho vai haver outra igualmente conhecida, Nabuco, a qual já valerá a pena fazer contas à vida para visitar.

Outra curiosidade que eu já tinha visto na Suécia, mas que foi muito ao longe, era o fosso onde os músicos tocam. Eu já tinha falado que na Suécia tinha assistido a um bailado. Pois bem, a sala era quase tão imponente quanto esta e tinham também uma banda a tocar durante o espectáculo. Aqui, no S. Carlos, há igualmente espaço para ela e é engraçado vermos isso tão de perto. O piano que costumam tocar ainda está lá e coitadinho tem ares de velhinho mesmo.

Os espectáculos, principalmente as Óperas são coisas um pouco caras que acredito não fazem parte da vida de qualquer cidadão. Mas, eu não sei se foi pela visita ao teatro e por ouvir as explicações, mas fiquei a achar que pelo menos uma vez na vida eu tenho de experimentar uma Ópera, mesmo que depois descubra que não é o meu estilo.

Mesmo assim, a senhora explicou que nem todas as Óperas são boas para ir pela primeira vez, porque umas não são tão tradicionais como outras. Então, o ideal é perguntarmos na altura que estamos a comprar bilhete se aquela Ópera é a ideal para ir pela primeira vez.

O Teatro em si está disponível para visitas marcadas por email em qualquer altura do ano, no entanto, pagas. Nestas visitas eles vão connosco a todo o sítio do Teatro, incluindo o backstage. A única coisa que acontece é que as marcações são agendadas pelo Teatro para quando lhes dá jeito. Ou seja, para quando não têm nenhum evento a acontecer e tudo está livre e desimpedido.

Faculdade de Ciências Médicas e Polo de Investigação

As instalações da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa foram feitas na altura do X Congresso de Medicina, um evento internacional que reunia personalidades de fora de Portugal. Assim, a construção foi feita com muito empenho, para que as salas tivessem ao nível da dimensão do evento e também que agradassem a todos aqueles que viriam.

O primeiro curso de medicina só viria a ser inaugurado em 1973-1980, nestas instalações, que depois do congresso ficaram um pouco ao abandono. A faculdade aqui recebeu o nome de “Extensão do Campo de Santana”, e a razão para que também aqui se leccionasse o curso de medicina foi que os laboratórios e salas de aula em Santana já não comportavam mais alunos.

Então, alguns professores foram enviados para leccionar medicina nestas novas instalações, acabando por se criar um núcleo próprio coeso que tinham as suas ideias, diferentes do que era feito em Santana, na escola principal. Isso fez com que houvesse alguma separação, mesmo dentro da mesma Escola.

O primeiro curso teve a particularidade de durar sete anos, devido exactamente às indefinições que ainda haviam em relação ao que ira ser leccionado e onde. O primeiro diploma a ser dado aos estudantes foi em 1977, quando se deu a criação formal da faculdade.

Já nessa altura, a faculdade usava meios audio-visuais modernos para gravar as aulas teóricas dadas pelos professores e depois projectar para os alunos que não pudessem estar naquela altura, mas só mais tarde, como por exemplo os alunos trabalhadores-estudantes.

Hoje em dia, a faculdade lecciona só Mestrado Integrado em Medicina e formações pós-graduadas, sendo as salas que nós vemos unicamente usadas para as apresentações e defesas de tese. As salas mais ornamentadas, estão assim associadas a toda esta actividade de mestrado, no entanto, também é comum vermos mesas espalhadas aqui e ali, para que os alunos se sentem e possam fazer trabalhos ou estudar.

As salas mais bonitas são a dos Passos Perdidos e a lindíssima Sala dos Actos. a Sala dos Actos está desenhada para acolher eventos mais pequenos, mas principalmente para as defesas de teses. As paredes em volta estão cobertas com pinturas que contam a história da medicina ao longo dos séculos. Então, todas as personagens que estão nas pinturas existiram mesmo e fizeram parte fundamental na descoberta de muitas coisas nesta área.

O senhor que nos fez a visita guiada explicou tim-tim por tim-tim quem era quem e que contributo deu para a medicina no seu século. Então, quem puder visitar a faculdade com certeza vai achar esta parte super interessante, principalmente quem não conhece muito sobre esta área da medicina. No entanto, até para mim que estou mais ligada a ela é engraçado ouvir os nomes que me são familiares e relembrar quais foram as grandes descobertas de cada século.

A Sala dos Passos Perdidos é assim chamada por causa de ser a sala logo a seguir à sala dos Actos, onde os alunos saem da sua defesa de tese e ficam a aguardar pelo veredicto final. Então, por causa de todos os nervos, eles não são capazes de ficar quietos e deambulam pela sala até serem novamente chamados. Daí o nome Passos Perdidos.

Depois de visitarmos a parte mais formal da faculdade fomos até ao Polo de Investigação, onde visitámos vários laboratórios que estão basicamente ligados à investigação na área do cancro e das doenças crónicas. Para mim não é novidade ver todo o equipamento laboratorial, porque já trabalhei nesta área e neste contexto, durante o tempo dos estágios da faculdade e depois em ERASMUS, mas não deixou de ser giro rever tudo e principalmente ter a oportunidade de mostrar ao Carlos o meu mundo.

Nesta parte, a guia não explicou grande coisa, como por exemplo para que servem alguns dos equipamentos que vemos ali (que eu achava super interessante se tivesse sido falado), então eu aproveitei para ir dando umas explicações ao Carlos, principalmente sobre equipamentos que eu já trabalhei no passado.

No final da visita e depois de conversar com a guia que era estudante de arquitectura, ela ainda me convenceu a dar alguma explicação acerca da forma como desenharam o DNA na vidraça de fora do edifício. E isso acabou por gerar mais algumas explicações sobre equipamentos que tínhamos visto lá dentro. E eu adorei o papel de professora! 😉 Acho que me vou candidatar a voluntária do Open House ano que vem! 🙂

Sede do Banco de Portugal

Esta é uma daquelas visitas super interessantes e imperdíveis. Fomos visitar a Sede do Banco de Portugal por altura do Lisboa Open House, que foi há dois fins de semana atrás. E a escolha mais uma vez foi super certeira. Adorei a visita e toda a história que rodeia o Banco, incluindo a muralha de D. Dinis que está no subsolo e foi encontrada por arqueólogos recentemente.

Então a actual sede do Banco de Portugal foi reconstruída após o terramoto de 1755, onde toda a baixa lisboeta foi destruída e onde se perdeu muito da arquitectura dessa altura e também da forma como as ruas estavam enquadradas. Lá no Banco tem uma sala de anfiteatro que passa um vídeo onde mostra a Lisboa antes do terramoto (com os nomes das ruas, onde ficava as principais construções) a reconstrução desta zona e também como este edifício em especial tem sofrido alterações ao longo do tempo.

Este edifício nem sempre pertenceu ao Banco de Portugal. Antes foi Igreja de S. Julião, que é o que actualmente nós visitamos e a única parte do Banco que está aberta a visitação. Então aquilo que nós vemos no espaço amplo é a antiga nave da igreja.

Em 1930, o Banco de Portugal comprou este edifício também, ficando com a posse da totalidade do quarteirão, sendo a igreja dessacralizada e convertida em instalações de serviços. Inicialmente, as suas funções eram mais de arrumos e garagem. Isso fez com que este espaço fosse conhecido como a Igreja da Nossa Senhora dos Mercedes! 🙂

Mais tarde, o ouro de Portugal estaria inserido aqui, em cofres fortes imbutidos nas paredes. Hoje em dia, eles foram transferidos para um armazém criado para o efeito, fora de Lisboa, mas ainda é possível ver, em algumas paredes, as marcas deles. Além disso, foi colocado uma porta de cofre forte numa das paredes do edifício, justamente para termos ideia de como elas são e de quão intrincadas e resistentes são.

Essa porta é na verdade uma passagem que leva a um espaço exíguo onde se pode adquirir ingressos para visitar a muralha de D. Dinis, no subsolo, e também onde se pode ver uma barra de ouro maciço verdadeira. Podemos até tocar nela, mas aviso já que está bem presa e não sai. 😀

Então, a reconstrução do edifício tal como vemos hoje foi a mando da UE, que pretendia fazer deste espaço algo mais cultural e com intuito museológico. Fizeram um concurso para eleger os arquitectos responsáveis pela obra e assim nasceu este espaço que tem uma arquitectura a fazer lembrar um pouco a de uma igreja. Isto foi de propósito, para manter viva a lembrança daquilo que foi o seu passado.

Ao mesmo tempo, também vemos apontamentos modernos, como é o caso dos cortinados que separam este espaço dos gabinetes onde trabalham as pessoas do Banco de Portugal. Ou as cadeiras que decoram o ambiente, entre outras coisitas que conseguiram misturar muito bem os diferentes estilos arquitectónicos.

A muralha de D. Dinis encontrada por baixo da antiga igreja de S. Julião está também aberta ao público (apenas um troço dela), onde foi feito um centro de interpretação também, para que entendamos a história da sua construção e como era a vida naquela altura. Para além disso, também vemos vários objectos que caracterizavam os areais do Tejo nos períodos romano, medieval e moderno.

Vemos muitos instrumentos utilizados à mais de 1000 anos atrás e também conseguimos decifrar o que vemos incrustado na muralha, através de notas explicativas. Por exemplo, há uma parte em que a pedra tem uns laivos, sinónimo de presença de fogo em contacto com esta zona. Super interessante mesmo!

A muralha foi construída pelo rei D. Dinis em finais do século XIII para servir de protecção às pessoas e bens, já que, naquela altura, Lisboa era um importante centro económico e de comércio, sujeito a ataques vindos do mar. A muralha, localizada junto à zona ribeirinha, esteve em uso durante 75 anos, sendo progressivamente abandonada, após esse tempo.

Junto à muralha as pessoas faziam a sua vida normal e daí nós conseguirmos ver tantos vestígios disso incrustados na própria muralha. Ao longo do tempo foram também muitos os edifícios que aproveitaram a muralha para apoiarem aí as suas paredes, criando construções mais resistentes.

Em 1755, o terramoto destruiu praticamente toda a estrutura, que permaneceu soterrada durante mais de 250 anos. Em 2010, escavações arqueológicas aquando da remodelação do edifício do Banco de Portugal, trouxeram de novo a muralha à superfície, e hoje em dia é uma parte importante da visita ao edifício. Para além da muralha, está também a ser construído o Museu do Dinheiro, que não tardará muito a abrir ao público neste mesmo edifício.

Museu Nacional de Arte Antiga!

Por ocasião de mais um dia aberto dos museus nacionais, ou seja, 1º Domingo do mês, decidimos visitar o Museu Nacional de Arte Antiga, que eu passei muitas vezes no último ano, a caminho do mestrado, e sempre fiquei curiosa se seria interessante.

Então, os meus primeiros comentários é de que talvez seja dos melhores museus nacionais, muito bem preservado, com óptimas instalações e com uma organização e acervo de fazer inveja a muito museu. Só tenho pena de que não seja daqueles mais conhecidos entre as atracções da cidade de Lisboa e por isso possa passar um pouco mais despercebido.

O museu está dividido em vários pisos e cada um deles tem um tema e várias colecções associadas. As colecções vão desde pintura e escultura portuguesas, artigos que retratam os descobrimentos portugueses, azulejos, artigos de decoração, porcelanas, arte sacra, e mais…

Quando chegámos foi-nos aconselhado iniciar a visita desde o último piso e ir descendo, o que foi uma óptima ideia para vermos também o evoluir das coisas com o tempo. De resto, foi um museu onde passámos imenso tempo da manhã e mesmo assim não cansou nem um pouquinho.

Prende a atenção do início ao fim e tem peças lindas lindas, como não me lembro de ver alguma vez. Eu achei particularmente interessante a zona das peças decorativas, como as porcelanas, os serviços de prata e tudo o que estava associado à mesa do século passado.

Era tudo muito refinado e de um bom gosto incrível. E incrível também é o facto de ter perdurado tudo até hoje e podermos ter contacto com estas coisas que hoje em dia já se perderam algures no tempo. As colecções também são grandes e ocupam um piso bem grandinho.

Ou seja, não é qualquer coisa que está ali só duas ou três peças por dizer que se colocou alguma coisa do tema. Não! Por cada colecção ou tema, nós vemos uma imensidão de objectos e muitos deles nem estão completamente tapados por vitrines, o que dá para olhar mais de perto sem o reflexo que elas fazem.

Principalmente para a foto foi importante e, já agora, dou a dica de tirar fotos em ambiente de museu com um filtro polarizador. Uma das grandes vantagens dele é que elimina uma grande parte do reflexo que os quadros têm e também aquele reflexo do vidro das vitrines que estão à frente dos objectos expostos.

Não gostei só das colecções, mas também fiquei apaixonada pelo ambiente em volta e com a maneira como eles conseguiram criar um museu onde o acervo encaixa na perfeição. Principalmente o último piso está perfeito e fez-me lembrar um pouco do estilo do Louvre, quando eles querem realçar alguma obra de especial importância.

Então, quando subimos ao último piso, damos logo de caras com o conjunto de quadros da pintura portuguesa, muito virada para a Igreja, naquela altura. Esse conjunto de quadros na parede ficam especialmente enquadrados na perfeição se formos para o lado oposto da sala. Mas, obviamente, a magia do sítio começa logo quando subimos as escadas.

Na entrada tem um mapa com as peças mais importantes do museu e com um mapa dos pisos a mostrar as várias zonas, com as diversas colecções. Mas também há a possibilidade de fazer visita guiada ao museu e aí vamos ouvir falar de pormenores de quadros muito interessantes mesmo.

Miradouro de S. Pedro de Alcântara

Está claro que a minha motivação principal para vir até este Miradouro, que fica pertinho do Bairro Alto e na estrada que vem do Chiado até ao Príncipe Real, foi já ter conhecido outros igualmente imponentes em Alfama. No início de Agosto fiz até post exclusivo para eles, aqui, e tinha falado que eles tinham umas vistas espectaculares por ficarem de frente para a baixa.

Daqui dá para ver o vale da baixa e também o monte em frente que se volta a erguer, do qual faz parte o Chiado, Bairro Alto, etc… Então, digamos que a minha atenção se virou para os miradouros e comecei a planear uma visita ali à zona do Chiado.

Quando a ideia de ir ao Café Lisboa jantar, comemorando o nosso aniversário de casamento, juntou-se o útil ao agradável e demos uma perninha a outro miradouro que me andava a despertar a curiosidade faz tempo, o de S. Pedro de Alcântara.

E porque ele é tão especial? Para já está numa zona muito bonita e popular de Lisboa, cheia de restaurantes conhecidos, teatros, bares, etc… Onde noite após noite a animação é garantida. Mas há outro motivo mais importante ainda. Quem acompanha a novela “Jardins Proibidos”, sabe que o casal Mónica e Alfonso tem uma história de amor que está relacionada a um miradouro muito bonito em Lisboa.

Então, depois de muito pesquisar qual era aquele miradouro, já que comigo foi amor à primeira vista, eu acabei por descobrir que as filmagens eram feitas neste miradouro. Não sabia bem onde ficava porque nunca tinha vindo para estas zonas, mas não foi preciso muito tempo para descobrir.

O meu guia turístico não me deixa nunca ficar mal! Foi só olhar no mapa e ver que o caminho era super simples, desde o Chiado. É só mesmo ir subindo na rua que tem a seta a indicar Bairro Alto e Príncipe Real, que depois de 10 minutos de caminhada, vamos dar ao miradouro.

Toda esta vontade de conhecer mais de Lisboa também vem de ter descoberto este miradouro na televisão, porque eu nunca fazia ideia que Lisboa pudesse ser assim tão bonita. Então, foi nesta altura que me apercebi que os bairros lisboetas têm tanto a oferecer e são tão bonitos e únicos. Mas que são justamente a parte de Lisboa que eu menos conheço. Prometi a mim mesma que ia mudar isso, e acho que não tenho andado a safar-me mal.

Adiante, voltando ao miradouro, ele é espectacular em todos os sentidos. Não só tem umas vistas lindas sobre a zona de Alfama em frente, com o Castelo de S. Jorge, como também tem ele próprio um jardim relativamente grande com fonte e tudo.

Ou seja, não é só um sítio de passagem, ou super pequeno, onde temos que esperar que os turistas saiam da frente para poder tirar fotos decentes, mas sim um jardim bem grande com uma varanda enorme onde há espaço para todos apreciarem a vista e tirarem a sua foto.

E depois dá aquela sensação de eu já vi isto tantas vezes na televisão e finalmente estou mesmo aqui a ver tudo ao vivo e a cores!

Ao lado do miradouro está um eléctrico que faz a calçada de S. Pedro de Alcântara, e que também é ele próprio super fofo. Daquele estilo bem antigo, grafitado, ainda com a maquinaria toda original. Ou seja, uma verdadeira relíquia não só para nós, mas também para os turistas.

Ficámos por ali até fazer horas do nosso jantar no Chiado, e lá regressámos de novo. Mas quem estiver a conhecer a zona pode seguir para conhecer melhor o Bairro Alto ou o Príncipe Real. São ambas as zonas óptimas opções de passeio. E serão as minhas futuras dicas sem dúvida!