Gaia e a visita à Cave Burmester!

Como eu tinha falado no outro post sobre o Porto, a ideia da visita sempre foi conseguir encaixar coisas que não tínhamos conseguido fazer na primeira visita. E uma delas foi totalmente o passeio por Gaia e a visita a uma cave de vinho do Porto.

Como há uns bons anos que não fazíamos uma visita a uma cave, esta era a desculpa perfeita. A dificuldade estava em qual cave escolher, dentre tantas diferentes ao longo das margens do rio Douro. A escolha caiu nas caves Burmester por ter lido alguns comentários sobre a sua antiguidade e como o processo de envelhecimento do vinho ainda é feito à antiga sem muitos mecanismos mais modernos.

Mas antes de descermos até ao rio, começámos a tarde a visitar o miradouro no Jardim do Morro, que tem umas vistas brutais sobre o Porto e sobre o rio Douro. O Jardim é também uma paragem do elétrico, que passa a parte superior da ponte D. Luis, mas nas laterais há um percurso pedestre para quem quiser passar a ponte para a outra margem.

Nós fomos de carro até ao Jardim meio que enganados, porque o que queríamos mesmo era ficar lá em baixo, junto às caves. Mas no final, o engano foi excelente porque de outra forma eu não chegava a conhecer este miradouro e as vistas brutais que tem sobre a cidade do Porto.

Para quem não está de carro, a mobilidade é excelente também. Já falei do elétrico que passa por aqui e do percurso pedestre sobre a ponte, que liga as duas margens e torna super fácil o acesso. Mas, para além disso, também existe um teleférico que liga o ponto alto do miradouro e o passeio lá em baixo junto das caves. Então é excelente para quem quer visitar o miradouro mas está lá em baixo nas caves e não lhe apetece encarar toda a subida até lá acima.

Chegados lá em baixo fomos andando desde as caves Ferreira (que eu certamente vou visitar numa próxima) até às caves Burmester, bem de frente para a entrada inferior da ponte D. Luis. Fica meio escondida, mas quando entramos lá dentro temos as melhores vistas desde as altas janelas. Além disso é super interessante como a própria cave está construída em vários níveis, como que a subir a encosta.

Fizemos a visita guiada com prova de 4 vinhos e chocolates e eu super recomendo. Vale a pena pagar mais 5€ e poder provar no final da visita os melhores vinhos do Porto, que são justamente aqueles mais adocicados.

A visita começou com a história da cave Burmester, que vem de uma família inglesa e como a produção de vinho do Porto foi sofrendo alterações, até ao que conhecemos hoje em dia. Até a própria história política e social de cada década influenciava a produção.

O vinho do porto Burmester pode ser envelhecido em diversos barris, dependendo da qualidade do vinho que estamos a tentar produzir e há até alguns tipos que não são produzidos todos os anos porque dependem de várias condições (casta da uva, condições meteorológicas, nível de humidade do solo).

Os barris maiores vão permitir que o vinho não esteja tanto em contacto com o oxigénio, ao contrário dos barris mais pequenos, onde o vinho é mais oxigenado. Estas diferenças vão ser sentidas no tipo de vinho que sairá no final.

Mas mais importante do que estas diferenças entre os tipos de vinho é a importância que esta encosta tem no envelhecimento do vinho do Porto de todas as quintas. Depois da vindima acontecer nos socalcos do Douro ou na região do Douro vinhateiro, o vinho produzido é trazido para as caves na encosta de Gaia e é aqui que vai envelhecer nos barris, de forma a que ao fim de vários meses (dependendo do tipo de vinho) tenhamos o famoso vinho do Porto.

A encosta de Gaia tem mesmo o microclima favorável a este envelhecimento, quer nas condições de humidade, pouca luminosidade proteção das grandes intempéries. Assim, está explicado porque as caves se aglomeram todas numa só margem do rio e encosta acima. Da mesma forma que a região em que as quintas estão situadas é tão importante para o crescimento das castas que vão dar origem ao vinho do Porto.

Então, resumindo, todo o processo de produção, desde o crescimento das uvas até às etapas de envelhecimento, é algo muito intrincado e cheio de regras. Tudo isto para que no fim a qualidade seja garantida e o vinho do Porto tão famoso seja produzido.

As caves Burmester têm diversos tipos de vinho, e, como eu falei acima, cada um deles tem as suas características distintas de produção, as quais podem implicar mudanças em diversas etapas distintas. É um processo muito característico que depende de vários fatores e é impossível explicar em detalhe cada um deles. Infelizmente não sou uma especialista e não decorei cada coisa que foi dita.

No entanto, adorei conhecer a cave e perceber o quão diferentes os vinhos conseguem ser, mesmo provenientes da mesma quinta. A cave realmente é antiga e ainda preserva muitos mecanismos antigos na produção do seu vinho. Vale muito a pena visitar!

Gaia, no outro lado da ponte!

É difícil apreciar as belezas do Porto e esquecermo-nos que mesmo ali em frente, na outra margem, está Gaia. E também difícil ir ao Porto e não tirar uma foto com Gaia no pano de fundo. E que tal o pôr-do-sol nas margens de Gaia, a ver os prédios e Sé do Porto do outro lado?

Tudo motivos mais que suficientes para termos decidido acabar o dia em Gaia, ali sentados ao pé da ponte D. Luis, junto dos barquinhos típicos desta região.

Outra motivação extra para ir a Gaia são as inúmeras adegas com o vinho do Porto, que fazem visitas guiadas e provas de vinhos, que de certeza são imperdiveis. Se tivesse mais tempo dedicava um dia a visitá-las, mas infelizmente tive de escolher e apenas passámos por uma tasquinha ao lado da adega de Sandeman para provarmos algumas relíquias e comprarmos as nossas miniaturas para a colecção.

Por um lado sabia ia ficar triste por não ter repetido a experiência de Espanha, desta vez com o vinho do Porto, mas por outro lado, comecei logo a magicar na cabeça passar uns diazinhos pelas margens do Douro, e experimentar à séria o local onde o vinho é produzido. Para além de que a paisagem deve ser linda. E como eu sei que tenho o me sogro com a mesma vontade, já não deve demorar muito para que se concretize.

Este ano, por acaso, acabámos por marcar para o Gerês, mas o plano de ir ao Douro mantém-se. Talvez para o ano!

Então, como estava a dizer, depois de sairmos do Jardim Botânico, eu fiz logo força para irmos assistir ao pôr-do-sol a Gaia, antes de irmos ter com a família do Carlos, que também mora deste lado.

E eu só tenho a apontar que no momento em que íamos começar a tirar fotografias, foi quando uma nuvem cobriu o sol e o ambiente ficou um pouco mais escuro. Não foi isso que estragou totalmente a paisagem, mas ainda fiquei com cara de tacho durante um tempo! 😀

Esta zona de Gaia também está bem apetrechada de bares engraçados e mesmo o jardim à beira-rio está muito bem cuidado e pensado ao pormenor para uns belos passeios. Mais uma vez , por causa do tempo, não nos estendemos por ali fora a passear, mas só o facto de ficarmos ali a apreciar a paisagem já é único, na minha opinião.

Terminado o dia, fomos então para casa da família do Carlos e eu não resisti ao cansaço de uma semana de trabalho dura, mais uma viagem longa, e um passeio extenuante. Os homens da casa foram se divertir durante literalmente TODA A NOITE, e eu, para o meu soninho revitalizante!

Mas nem tudo foi mau porque no dia seguinte eu estava cheia de energia logo pela manhã, para um passeio e pequeno almoço matinal. E como o Carlos tinha conhecido a zona das praias de Gaia na noite anterior, levou-me até lá para apreciar o sítio. Ele estava morto de sono é certo, mas eu adorei a paisagem e tenho a certeza que aquela zona no Verão deve ser fantástica.

A praia é enorme, cheia de bares de praia, calçadão…etc…! Tudo isto se estende até à zona onde os pescadores têm os barcos e as lavadeiras os tanques para lavar a roupa. E Domingo de manhã lá estavam eles na rotina habitual.

Domingo de manhã, até perto do almoço, foi mesmo na zona das praias que nos entretivemos e depois foi família família até irmos embora para casa.

Fim-de-semana corrido mas que eu adorei porque foi tudo uma novidade para mim, daquelas coisas que já andava para fazer à séculos!