O mais engraçado desta mini viagem ao norte do país, foi que o propósito era diversão, mas acabámos com uma bela lição de história em todos os dias da nossa visita. Tudo bem que já contávamos visitar alguma coisa e de certeza não íamos ficar de papo para o ar sem fazer nada durante os três dias, mas sem dúvida que visitar aldeias com história tão rica e interessante não estava de todo nos meus planos. Difícil acreditar, eu sei, mas era esse o meu espírito!
Agora, se há coisa que também não estava a contar era a mãe da minha colega de Celorico ser professora de história e dar dicas super interessantes sobre as aldeias melhores a visitar, com o bónus de nos dar altas lições de história que aguçavam a curiosidade em realmente visitar aqueles sítios. Então ela meio que foi a nossa guia turística improvisada, e eu vou tentar ser fiel ao que ela contou, apesar de que professor de história é professor de história. 🙂
Almeida fica a caminho de Espanha e um pouquinho desviado da Serra da Estrela, mas não tanto assim. Dá perfeitamente para incluir numa tarde, por exemplo, e regressar à base ainda a tempo de lanchar em Guarda. Foi exactamente o que fizemos. A vila é pequena, mas muito rica em história.
A vila está totalmente cercada por muralhas que formam uma estrela de doze pontas. Se conseguíssemos ver a vila de cima seria fabuloso, mas assim ficamo-nos pelo que a vista alcança. Logo pela entrada percebemos que a vila foi feita para ser o género de uma fortaleza e de fato ela era considerada como um exemplo perfeito dos sistemas defensivos do século XVII.
Nas proximidades de Almeida ainda se encontram as vilas medievais de Castelo Bom e Castelo Mendo, que sempre foram muito disputadas entre os reinos de Portugal e de Leão (Espanha). No entanto, a existência do vale do Côa sempre dificultou a travessia e foi neste vale, junto a Almeida, que foi disputada a historicamente conhecida Batalha da Ponte do Côa, por altura das invasões francesas.
É esta batalha que marca a vila, a tal ponto que todos os anos a população recria este evento e faz a sua própria batalha entre portugueses e franceses, que junta muita gente da região para assistir. Fora essa época é possível ver alguns marcos importantes do tempo em que a vila era uma importante área de defesa, marcos esses que estão espalhados dentro das muralhas. Literalmente em cada esquina!
No cemitério é possível ver campas de soldados e membros da nobreza que morreram na batalha, o edifício onde habitavam os soldados também está praticamente intacto, apesar de não serem feitas visitas guiadas. Essas sim são feitas à zona da prisão, que é uma espécie de catacumbas junto a uma das muralhas da vila. Como não quisemos pagar para entrar aqui não dá para dar opinião acerca se vale a pena e se é mesmo interessante visitar. Mas, por experiência própria eu acho que é mais do mesmo que se vê pela Europa e do pouco que vi foi com essa sensação que fiquei. Então, a escolha de visitar ou não depende muito de pessoa para pessoa.
Um pouco mais acima da prisão está uma casinha histórica, onde naquela altura as crianças eram deixadas (Casa da Roda dos Expostos). Uma espécie de orfanato dos tempos antigos, muito rudimentar mesmo. Não dá para entrar dentro da casinha, mas se espreitar-mos pela janela dá para ver alguns objectos decorativos relacionados com o propósito da casa.
A vila em si é super fofa porque tem aquelas ruelas empedradas estreitinhas que são sempre uma delícia de se ver, aliado às casinhas coloridas e baixinhas que parecem ter ficado tal e qual como eram antigamente. Enfim, vale muito a pena o passeio até porque a história por detrás da vila teve grande importância para a nossa própria história e quem não aprendeu sobre as invasões francesas na escola?
Subindo na muralha também se tem vistas espectaculares das redondezas, um pouco como em Linhares da Beira, terra a perder de vista e porque estamos no norte, tudo verdinho. Dá para relaxar e aproveitar a vista. Destes pequenos prazeres eu não me canso de apreciar. 😉