A primeira coisa que me lembrava quando pensava em Gibraltar era sem dúvida a população de macaquinhos atrevidos que vivem na encosta e que fazem as delícias dos visitantes (ou então não!!!). Ahaha pois, eles são tão atrevidos que ás vezes levam qualquer coisa que não lhes pertence.
Quando estávamos a estacionar o carro na encosta, o Carlos vinha a dizer-me para eu ter cuidado com os óculos, com a mala, com isto e aquilo, e bla bla bla… Ok, os macaquinhos não devem ser assim tão pestes!! Que exagero! E quando saímos do carro vemos uma família de portugueses sentados a comer umas sandes, com um miúdo a fazer grande birra. Metemos conversa e voilá, percebemos que um belo macaquinho tinha roubado a enorme baguete à criança. Tive de dar o braço a torcer, claro, não são assim tão inofensivos.
Mas voltando atrás, a entrada em Gibraltar é como entrar num mundo à parte. Por ser território britânico, tivémos de passar uma fronteira e mostrar as nossas identificações a guardas espanhóis e depois britânicos. Experiência única, sem dúvida! E para piorar a situação, na altura que fomos, o clima era de tensão e instabilidade entre espanhóis e britânicos, então estes últimos estavam cheios de prazer em dificultar ao máximo a entrada e saída do território (mas mais a saída). Foram horas na fila para sair, tudo porque se lembraram de revistar um a um os carros. Loucura total!
Já não me lembro bem do motivo da tensão, mas na altura até foi bastante noticiado. À parte disso, a maior parte das tensões que acontecem, geralmente têm a ver com a zona em si, que é bastante estratégica. Ao longo dos séculos foi sendo alvo de confrontos e cercos de tropas inimigas, e então o que não falta na encosta de Gibraltar é túneis-abrigos, torres de vigia, e ainda uma gruta que foi utilizada como hospital militar. Claro que ainda é possível, em todas as atracções, ver como era a vida militar na altura, bem como que confrontos existiram e como é que os soldados britânicos lidaram com isso.
Interessante ver as grutas que construíram, com janelinhas de onde controlavam tudo o que se passava lá em baixo, sem que fossem vistos. Uma grande lição de história! Mas, com o tempo a parte estratégica de Gibraltar não morreu de todo, e a primeira impressão, quando se entra no território, é que estamos em terreno de guerra. Grandes navios e porta-aviões ancorados, pista de aterragem, tudo meio industrializado. Parece que não é sítio onde more o comum do mortal. Mas a verdade é que Gibraltar tem várias zonas, e a zona residencial, ao pé da marina, é muuuito chique e arranjadinha.
Seguindo até à extremidade de Gibraltar, chegamos ao farol, e daqui dá para ver África! Tão longe e tão perto, não admira que seja uma tentação para quem procura melhores condições de vida na Europa. Para mim, foi mais o bichinho meio adormecido de ir a África que despertou novamente.
A maior parte do tempo por Gibraltar foi passado na encosta, claro. No posto de turismo, ao pé do farol, pedi um mapa e parámos em cada ponto de interesse que lá havia. Surpresa das surpresas foi mesmo perceber que afinal Gibraltar não se resume aos macaquinhos que lá habitam, mas sobretudo à história de guerra. E isso, hoje em dia, faz com que a minha primeira lembrança de Gibraltar já não seja os macaquinhos, mas sim toda a parte de guerra e confronto.
Óbvio que adorei visitar a Gruta de S. Miguel, que foi em tempos o hospital militar, e adorei apreciar as travessuras dos macaquinhos, dos mais pequenitos aos maiores, mas sei lá, parece que estava à espera de outra coisa.
Pode ser impressão minha, por me ter focado muito na encosta, que sem dúvida foi totalmente usada para confrontos, em vez de dar um passeio pela zona residencial e chique. Mas pronto, esta é a minha opinião.