Saint-Émilion, na rota dos vinhos!

Uma das coisas que eu adorei fazer no ano passado quando estive 15 dias em Paris, foi fazer uns passeios de fim-de-semana às redondezas. E, sem dúvida que um dos melhores passeios bate-volta foi pela região do champanhe. Adorei alugar carro e percorrer km’s e km’s de vinhas a perder de vista, conhecer terriolas perdidas no meio de nenhures, enfim… tudo isso e ainda as provas de vinhos!

Então quando planeei a viagem a Bordéus eu rapidamente percebi que a região também era muito conhecida pela produção de vinhos e consequentemente o que não iriam faltar seriam vinhedos a perder de vista assim que puséssemos um pé fora da cidade. E com esta informação em mãos eu escolhi fazer um passeio bate-volta a uma das terriolas mais fofas e pitorescas, além de ser património da UNESCO – Saint-Émilion!

São várias as cidades e vilas fofas que podem ser visitadas na região vinícola da Aquitânia, mas acho que poucas fazem realmente jus àquela típica vila francesa no meio da vinha, onde não se passa nada e onde o principal programa é sentar numa esplanada na sombra da árvore e degustar a gastronomia local, com um belo copo de vinho na mão.

Então quando vi fotos de Saint-Émilion eu rapidamente percebi que se tinha de escolher um sítio fora de Bordéus para visitar, era sem dúvida aquela vila super fofa! E pronto! Decisão tomada nós alugámos carro na estação de comboios Saint-Jean e lá fomos nós a caminho da vila.

E, como eu esperava, à medida que íamos conduzindo em direção a Saint-Émilion, começaram a surgir os vinhedos e a paisagem mudou por completo. Eram vinhas a perder de vista, muitas quintas e produtores conhecidos ou locais que ofereciam prova de vinhos, muitas vilas perdidas no topo dos montes…

Tudo o que tinha idealizado e mais ainda para aquele dia fora da cidade!

E assim que chegámos na vila eu fiquei rendida e perdida de amores. É das vilas mais pitorescas que eu alguma vez vi e atenção que já tinha conhecido algumas dentro do estilo na região do champanhe. Mas Saint-Émilion é linda, muito francesa, muito ligada à gastronomia e ao vinho, muito fofa!!

Na prática não há propriamente pontos turísticos para conhecer por lá, tirando a catedral e as torres medievais do castelo em ruínas. Mas não há qualquer problema com isso porque a vila em si é o propósito da visita. Está repleta de recantos super fofos, lojinhas, praças e cafés com esplanadas óptimas para sentar e provar as muitas iguarias da região.

Então, apesar de eu levar um roteiro meio estruturado no meu livrinho, rapidamente abandonei-o dentro da mala e fomos andando por entre as ruelas da vila, que na prática só tem uma rua principal e algumas ruas ou becos secundários meio labirínticos. É tudo empedrado e não passa carros nas principais ruas da vila, o que contribui ainda para aumentar aquela sensação de vila perdida no tempo.

Saint-Émilion foi considerada património da UNESCO e é mesmo das vilas mais famosas ali da região da Aquitânia não só para quem quer provar os famosos vinhos de produção local (que são óptimos mas caríssimos), como para quem apenas quer visitar uma vila fofa tipicamente francesa.

Seja qual for o propósito, visitar Saint-Émilion é sempre boa opção, principalmente se o tempo na região é curto e apenas temos um dia para fazer passeio bate-volta a partir de Bordéus. Para quem tiver mais tempo as opções são infindáveis e a região é grande o suficiente para render dias e dias de passeios e degustação de vinhos nas produtoras locais.

Se eu tivesse mais um dia na região tinha ido até às Termas de Caudalie que também são bem próximas de Bordéus. No entanto, como única desvantagem é não dar para fazer passeio de um dia, uma vez que o espaço só pode ser utilizado por hóspedes do hotel.

Roteiro de 1 dia pelo melhor de Bordéus!

Como a viagem para Bordéus foi justamente uma paragem curta no meio do reboliço de trabalho de doutoramento, a verdade é que só no dia anterior à viagem eu me sentei no sofá da sala, abri o livrinho da Lonely Planet que tinha comprado e olhei para o mapa da cidade, para delinear o que queria ver e como ia distribuir os dias.

E como a cidade é super compacta, com praticamente tudo ali no centro, fazer um roteiro por Bordéus foi super rápido e simples. Além de que é a cidade perfeita para quem está a fazer uma viagem de fim-de-semana. Então, este é o meu roteiro de uma dia pelo melhor de Bordéus e que dá perfeitamente para ver e fazer praticamente tudo de bom que a cidade tem a oferecer.

A primeira paragem do dia é justamente no coração de Bordéus, na Catedral de St. André, que ocupa uma posição bem central na cidade e é vista de vários pontos, tal a sua opulência e altura das torres. A Catedral faz parte de um dos caminhos de Santiago de Compostela, o St James e ao longo dos anos foi recebendo obras de restauro, estando hoje em dia muito bem preservada tanto no exterior quanto no interior.

Uma das torres da catedral (Tour pey Berland) tem a Nossa Senhora da Aquitânia em estátua dourada no topo e como particularidade é o facto desta mesma torre não estar fisicamente ligada à restante catedral. O interior da catedral é muito simples, em estilo gótico, mas ao mesmo tempo tem algumas pinturas interessantes. A entrada é gratuita!

Dali nós fomos andando e embrenhando na parte medieval da cidade de Bordéus e esta zona ficou sem dúvida a minha preferida por conseguirmos quase recuar séculos na história para sentir a verdadeira essência da cidade antiga. São literalmente ruas e ruelas com fachadas bem antigas, algumas de madeira, muitas lojinhas e bares super fofos e praças encantadoras.

Nós fomos andando na direção da Igreja St. Piérre que é bem no centro do bairro medieval. E eu escolhi embrenhar-me pelas ruelas mais pequenas em vez de fazer o percurso pela avenida principal que segue mais a direito para a Porte Cailhou. E eu aconselho demais este percurso mais interior para irmos apreciando o bairro e irmos quase perdendo por lá. Eu adorei esta zona!!

A Igreja St Pierre não é tão popular quanto a catedral mas como fica ali na zona medieval da cidade ela tem uma importância histórica para o povo que habitava aquela zona. Isto porque após as invasões inglesas, em 1152, ela tornou-se a igreja mais frequentada pelos nobres e mercantes ingleses que por lá ficaram a viver. Então é uma das igrejas mais antigas da cidade de Bordéus e que acompanhou mais da história da cidade desde o seu início.

A paragem seguinte foi a Porte Cailhou, que é uma das muitas portas medievais que estão espalhadas pela cidade. Geralmente vê-se as típicas portas em pedra um pouco por toda a cidade e que marcam alguns limites antigos de Bordéus. Esta Porte Cailhou tem a particularidade de estar nos limites do bairro medieval e de ser uma das mais bem preservadas e bonitas portas antigas da cidade-castelo. Então passar por aqui é quase obrigatório e rende fotos fantásticas! 😀

A porta é do século XV e é a principal entrada na parte medieval e antiga da cidade. Foi mandada construir pelo Rei Charles VII para celebrar conquista do reino de Nápoles na batalha de Fornovo, em 1495. A batalha em Itália deu ao rei um estilo renascentista, que inspirou a arquitectura da porta.

Quando saímos os limites da cidade antiga pela Porte Cailhou damos de caras com o rio Garonne que atravessa Bordéus de uma ponta à outra. Continuamos a andar pelo rio até chegarmos a outro cartão-postal da cidade – o Espelho de Água! Quando pesquisamos acerca de Bordéus no Google, umas das principais fotos que aparece é justamente este espelho que foi feito em frente à Place de la Bourse e que tem o único propósito de atrair turistas para tirarem fotos originais e engraçadas.

Sim, o Espelho de Água é o maior da Europa e basicamente é uma mini piscina que vai metendo e tirando água e de vez em quando lança uns vapores. Os miúdos adoram andar a chapinhar por lá e os adultos adoram tirar as típicas fotos no meio da água com os prédios renascentistas da Place de la Bourse a serem projetados no espelho de água.

Atravessando para a Place de la Bourse começamos a embrenhar-nos desta vez na parte mais senhorial da cidade de Bordéus. Aqui as muitas lojas já são de alta costura e é o sítio que me fez lembrar mais de Paris, apesar das ruas continuarem a ser estreitas. O propósito do roteiro era caminhar em direção à Place de la Comédie, que tem o edifício do Grand Theatre e muitos cafés tipicamente franceses que animam bastante a zona.

Depois de almoçar ficámos aqui a beber café e a carregar baterias, antes de continuar até à Quinconces, que tem o monumento aos Girondins, uma fonte enorme em honra dos grupo de deputados da Assembleia que durante a Revolução francesa foram acusados de atividades revolucionárias e foram executados.

Aqui pertinho ainda está a Igreja Notre Dame du Chapelet, meio escondida no Triangle d’Or, mas que merece ser visitada. Tem uma fachada muito bonita e um interior simples mas interessante e antigo. Foi aqui nesta igreja que decorreu o funeral do pintor espanhol Francisco Goya!

Para acabar o dia ficámos a passear pelo Triângulo Dourado que, como o nome indica, é a baixa chique de Bordéus, com avenidas e avenidas, ruas e ruelas, cheias de lojas de alta costura, cosmética francesa e muitas outras lojinhas interessantes que toda a mulherada adora não é? Haja pés e pernas para continuar!

Como eu reservei casa numa bairro na periferia de Bordéus, então o programa seguinte foi apanhar o eléctrico até lá, entrar nos supermercado para comprar queijos, enchidos e vinho francês, e passar o resto do serão a provar as iguarias com um copo de vinho na mão!

Vive la France! 😉

La Cité du Vin, em Bordéus!

No fim-de-semana prolongado do 10 de Junho e aproveitando o feriado, eu comprei uma daquelas viagens óptimas baratinhas da Ryanair, para ir curtir uma qualquer cidade europeia, até então desconhecida. E foi nesta onda que Bordéus entrou no radar como uma das escapadas mais em conta para este mesmo fim-de-semana. Nunca tinha me interessado sobre esta cidade, capital do vinho da Aquitânia, mas depois de alguma pesquisa percebi que era o sítio perfeito para uns dias de dolce far niente em modo francês.

Assim que aterrámos em Bordéus fomos ainda de malas às costas para o museu do vinho para não perder muito tempo e porque ele fica ainda um pouco deslocado do centro da cidade. O La cité du vin é uma das construções mais populares de Bordéus e super conhecida pela arquitetura em forma de um decantaro de vinho.

Se pesquisarmos sobre coisas a fazer em Bordéus, concerteza que este museu vai aparecer no topo dos must do’s e é fácil de perceber isso, quando Bordéus e toda a região circundante é famosa pela produção vinícola. Se no ano passado eu adorei visitar a região do champanhe, desta vez a ideia de fazer mais umas provas de vinho e passear por entre vinhedos soava muito apelativo.

O La cité du vin foi sem dúvida um óptimo aperitivo da viagem, como podem calcular. Surpreendeu muito pela positiva e é dos museus mais completos e dinâmicos que alguma vez vi. Sem se tornar cansativo, de todo! O bilhete completo com acesso à exposição permanente e ainda prova de um vinho à escolha no bar da cobertura (Le Belvédère) foi 20€ mas vale a pena!

Começámos a visita no 2º piso onde está a exposição permanente com mais de 20 estações diferentes, cada um direcionada para uma particularidade diferente. E há de tudo sobre o vinho! Começamos com estações mais viradas para as vinhas e regiões vinícolas mais famosas em todo o mundo, até entrevistas com os donos dessas mesmas vinícolas, que contam um pouco sobre a sua experiência e o que fazem de diferente.

Depois tem umas estações que contam a história do vinho até aos dias de hoje, mas mais no ponto de vista social e cultural. E é super interessante ver como ele foi evoluindo. Desde o momento em que foi “descoberto”, passando pelas diversas fases de importância e forma como era encarado na sociedade, até aos dias de hoje.

Tem ainda uma estação virada para a culinária e os tipos de vinho que são utilizados por cheff’s franceses de renome. Outra estação com as formas de produção de todos os tipos de vinho que conhecemos (tinto, branco, licorosos, verdes, etc…), de acordo com algumas caves que o produzem.

E a estação que mais gostei foi a sensorial, onde era possível sentir o cheiro de vários objetos e também ingredientes utilizados ou não no processo de produção do vinho. Como podem ver, o museu é super dinâmico e cheio de coisas super interessantes para ver e fazer.

Depois da visita ao museu propriamente dito, nós subimos até à cobertura e eu fui provar o Château Puy-Servain Cerrement 2014, que é ali da zona da Aquitânia. Mas há vários vinhos diferentes que podem ser provados, consoante o gosto de cada um. As meninas do bar vão sempre perguntar o que prefere e dentro de cada preferência sugerem vários vinhos, explicando as diferenças entre eles.

O fantástico do bar Le Belvédère é que ele tem vista panorâmica sobre o rio e sobre a cidade. Como ele não fica exatamente no centro a vista não é maravilhosa, mas também não está nada mal.

O intuito nesta fase da visita é mesmo relaxar enquanto provamos o melhor da região e não só, já que eles têm à escolha vinhos de outros países também. O próprio bar tem igualmente uma decoração muito engraçada, com o teto cheio de copos e um espelho que circunda toda a cobertura e dá a perspectiva de que o espaço é bem maior.

Visitar o La cité du vin foi sem dúvida a introdução perfeita da cidade e da região vinícola circundante.

 

Como me locomovi em Paris e arredores?

Existem várias opções para nos transportarmos pela cidade de Paris e obviamente que não é novidade para ninguém que praticamente todas as cidades maiores têm metro, comboios, táxis, etc… à disposição. O motivo do meu post de hoje não é, por isso, para informar da existência de um Metro ou de um comboio porque obviamente eles existem e todos sabem disso.

O que eu venho aqui partilhar hoje foi as minhas soluções de bilhete/pass para o período em que estive em Paris a trabalhar, bem como a forma como saí de Paris no fim-de semana para conhecer um pouco mais de França.

Navigo pass:

Normalmente, quem está de visita a Paris compra os passes para 1,3 ou 5 dias que dá acesso ilimitado a todos os meios de transporte de Paris. É só uma questão de escolher as zonas e o preço varia consoante isso mesmo. Aqui o mais chato é que os aeroportos, Disney e Versalhes ficam na zona mais afastada e por isso há que pensar se vale a pena comprar o pass para todas as zonas.

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Para mim, este pass não ia resultar porque eu ia ficar mais tempo em Paris e queria estar à vontade para ir onde eu quisesse. Claro que no meu dia-a-dia eu ia andar sempre no centro de Paris e até a minha residência ficava no centro. No entanto, eu sabia que se quisesse sair mais do centro ou ir/vir do aeroporto, tinha que ter um pass que me permitisse fazer isso. A solução encontrada foi o Navigo Pass, que aparentemente já é o pass diário que todos os parisienses usam no seu dia-a-dia.

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É muito simples de usar. Basta comprar o cartão num qualquer quiosque de venda de bilhetes, mediante a apresentação de uma foto tipo pass nossa e carregar o cartão para o período que desejamos. O mínimo é uma semana, mas pode ser um mês, um ano. Eu sei que quem visita a cidade muitas vezes não fica tanto tempo assim, mas se por acaso estiverem pela cidade mais tempo, esta é uma boa opção. A única desvantagem é que o cartão só fica ativo de Segunda a Domingo. Então mesmo que carreguemos a uma Sexta, só vamos poder começar a usar a partir da próxima Segunda-feira.

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Para mim foi um descanso! Eu tive alguns stresses com o primeiro quiosque que fui para comprar o pass mas basta desistir, ir a outro quiosque noutra estação e voilá. Sim, francês é muito complicado principalmente quando não sabemos falar francês ou quando não vão com a nossa cara e acham que devíamos falar francês porque estamos em França. Enfim, desabafo…

No fim, tudo ficou bem e eu usei o meu pass por duas semanas. Muito simples de comprar, carregar e depois é só usar de forma ilimitada em qualquer transporte público.

Ouibus:

Todas as viagens que fiz para fora de Paris foram através deste autocarros fantásticos e que eu fiquei a adorar, a Ouibus! Quando comecei a minha fase de planeamento eu li várias dicas acerca da melhor forma de ir desde Paris até ao ponto X, Y e Z, e a maior parte das dicas eram acerca do comboio.

E é certo que eu adoro viajar de comboio e acho um meio de transporte super confortável e prático. Mas os preços que eu encontrava não eram assim tão simpáticos e agradáveis. E se eu queria fazer algumas visitas a várias cidades tinha de arranjar forma de poupar, e não só nos transportes mas também em outras áreas da viagem.

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França no geral não é barata e ficar lá a viver, nem que seja duas semanas, é motivo suficiente para sentirmos um arrombo valente nas carteiras. Como eu queria ter a oportunidade de visitar mais pagando menos, foi nessa linha de pensamento que eu encontrei a empresa Ouibus, que opera várias rotas em toda a França, mas também algumas internacionais.

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Para quem deseja fazer alguns passeios bate-volta a partir de Paris eu acho que esta empresa é excelente e consegue dar-nos preços muito convidativos. Cada viagem/percurso ficava a 4€ (só!!), com várias opções de horários. Deu perfeitamente para sair cedo de Paris e chegar ao final da tarde, dando tempo suficiente para aproveitar a cidade que íamos visitar e fazer tudo o que queríamos por lá.

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A compra dos bilhetes foi toda feita online, no site deles, e bem simples! É só selecionar o trajeto, escolher dia e hora, se é ida-volta, e pagar! Logo logo recebemos os bilhetes no mail e depois é só imprimir e levar connosco. No dia da viagem eles aconselham a estar lá pelo menos 15min antes da hora da partida e depois é só aproveitar o conforto destes autocarros durante a viagem.

Eu adorei! Os autocarros são super confortáveis, que era tudo o que eu mais temia – uma viagem onde não conseguisse descansar e chegasse ao destino super moída. Nada disso! Surpreendeu pela positiva e fiquei fã. Tenho a certeza que sempre que precisar deslocar-me em França vou tentar usar o Ouibus. Simples, cómodo e barato!

Paris, Rouen e Hautvillers: dicas gastronómicas!

Nesta visita a Paris uma das resoluções que tinha feito era aproveitar para visitar alguns restaurantes, bares ou cafés. Isto porque eu sempre acho que parte da experiência de visitar algum lugar passa também pela gastronomia e não só pelos pontos turísticos. Mas como Paris é bem cara, da última vez que estive na cidade não consegui aproveitar nada (ou quase nada) em termos gastronómicos. Desta vez, eu estava decidida a colmatar esta falha e a aproveitar o melhor possível dentro do orçamento.

Começando por Paris, houve um pouco de tudo e alguns de última hora que nem fui eu a decidir, mas como adorei na mesma, vou deixar aqui a dica.

Paris – Café Angelina:

Depois de chegar a Paris e começar o passeio por Notre Dame, fizemos uma paragem estratégica para almoçar na Angelina. Este café é muito conhecido por ser tipicamente parisiense, tipo palacete, e são os macarons e o chocolate quente da Angelina que fazem as delícias do turistas habituais.

Apesar de termos saído um pouco da experiência dita “normal” para se ter na Angelina, a verdade é que eu adorei almoçar por lá e achei que a sandes que pedi estava deliciosa. Sim, paguei por uma sandes aquilo que em Portugal pagaria por uma refeição de luxo, mas enfim… estamos em Paris meus caros.

Existem vários cafés da Angelina espalhados por Paris. Nós fomos ao das Tuilleries que estava bem no centro do roteiro que queríamos fazer. Adorei o espaço e o atendimento e sinceramente acho que só isso faz toda a diferença quando procuramos um sítio fora do normal para sentirmos a verdadeira experiência parisiense.

Então, apesar do preço, claramente é um café que recomendo a visita, mesmo que seja o único. Numa próxima visita vou querer experimentar os doces deles e o célebre chocolate quente.

Paris – Carette:

Este foi claramente o dia da visita aos cafés fofos da zona. Depois de um dia intenso a andar pelas ruas de Paris, fomos acabar no Trocadéro e parámos para fazer o chá da tarde no Carette. Ele não é aquele ícone como a Angelina, mas tinha lido algumas resenhas acerca dele e gostei bastante, então porque não?

Mais uma vez o Carette é conhecido pela sua doçaria e por ser uma cafezinho tradicional parisiense, sem os luxos da Angelina, mas ainda assim muito parisiense e com uma localização óptima. Estávamos de frente para o Trocadéro e para a Torre Eiffel!

Pedimos um chá e uns macarons e ficámos ali a saborear tudo sem pressas. Afinal era o meu primeiro dia em Paris e ainda estava meio cansada de todo o stress da viagem e, claro, com os pés a pedirem trégua depois da caminhada.

O Carette também tem um menu para almoços leves, com sandes, quiches, entre outras comidas ligeiras que servem bem o propósito de um almoço rápido ou fora de horas, tal como nós fizémos na Angelina.

Paris – La Crete:

Este restaurante surgiu porque lá no laboratório tínhamos uma rapariga grega que fez o ERASMUS em Paris e quando estávamos à procura de qual o melhor restaurante para festejar o final do Mestrado de outra rapariga do laboratório, esta foi a decisão final.

E foi uma óptima forma de conhecer o bairro Quartier Latin, que no final das contas é super movimentado ao final do dia/noite com imensos bares e restaurantes. Facto este que eu desconhecia! Então, depois do trabalho, apanhámos o metro e fomos até ao restaurante para fazer a festa.

E foi super engraçado! Primeiro porque os donos ou falavam grego ou francês. Segundo porque eu não sabia que comida pedir porque estava nestas duas línguas e os meu conhecimentos de comida grega são muito escassos. Ahahahah

Mas pronto, com a ajuda da nossa colega grega lá conseguimos fazer o pedido e eu adorei a comida. Nós pedimos várias coisas diferentes e fomos provando as comidas de todos, mas eu adorei especialmente a minha, que era uma espécie de espetada de carne com vários condimentos diversos. Uma delícia!!!

Paris – Le P’tite Souer:

No último fim-de-semana em Paris nós já não tivemos dias tão intensos como foram os outros anteriores. E uma das coisas que queríamos experimentar era um brunch, só não sabíamos muito bem onde. Como eu queria ir a Montmartre no Sábado, acabei a pesquisar cafés para fazer brunch por lá.

Este tem menu fixo mas que trás uma boa variedade de comida, desde o tradicional pão com manteiga e compota, para outras opções mais arrojadas que inclui salada, queijos tradicionais franceses e presunto. Ok, arrojado para mim que não costumo comer esses alimentos no pequeno-almoço, mas afinal de contas é um brunch, então basicamente achei super interessante fazer este combinado de comida típica e o tradicional pãozinho do pequeno-almoço.

O espaço é bastante central e funciona como bar no restante dia, excepto aos Sábados que faz este menu de brunch. A decoração está muito interessante com aquele ar de bar rockeiro, com barris a servir de mesa, e janela aberta para o exterior. Super recomendo!

Rouen – La Walsheim:

Entrámos neste restaurante em Rouen por mero acaso. Estava um frio que começava a incomodar e, apesar dos planos serem fazer piquenique no jardim por trás da igreja, começámos a desistir dele à medida que a manhã avançava.

As casinhas de chá começaram a ficar bem tentadoras e antes que fizéssemos um almoço à base de chá e bolos, decidimos entrar neste restaurante, em frente à igreja de St. Maclou. Colocaram-nos numa mesinha bem recolhida, num patamar do restaurante e trataram-nos muito bem. Até quando eu decidi pedir bife tártaro, desconhecendo totalmente que vinha bife cru e depois pedi ao empregado para cozinhar aquilo.

Claramente a especialidade deste restaurante são os bifes e há várias opções deliciosas que fazem crescer água na boca. Para apreciadores de bife tártaro eu recomendo este em particular, que estava delicioso, não fosse o facto de estar cru. Depois de cozinhado eu fiquei fã daquela carne picadinha e muito bem temperada. Mas, claro, gostos não se discutem.

Hautvillers – Au 36…:

Foi um dos meus restaurantes favoritos de toda a estadia em França talvez por estar no meio de uma vila super fofa, que por sua vez está no meio da região de Champanhe. Fomos a este restaurante como podíamos ter entrado literalmente em qualquer outra casinha porque todas elas tinham um menu degustação e estavam muito apelativas.

Ficámos sentadas na esplanada e pedimos a comida típica da zona. Eu pedi menu degustação dos produtos da região e a minha amiga pediu uma panela só para ela de uma espécie de ratatouille. A acompanhar fizemos a degustação dos sumos de uva.

O forte deste restaurante é sem dúvida as degustações dos produtos da região e os pratos típicos, além de terem vários menus diferentes para degustação de champanhes. Na realidade, quando entrámos não vimos ninguém a fazer uma refeição a sério. O que mais se via eram copos de champanhe espalhados pelas mesas e algumas tábuas de enchidos também.

Então, o Au 36… tem todo o ar de ser um restaurante mais virado para o petisco, que não deixa de ter opções de refeição igualmente boas e saborosas. Foi talvez a refeição mais longa de todas, mas eu adorei o restaurante, p.

Pompidou e arredores!

No meu último dia na cidade eu tinha uma programação bem definida na minha cabeça: visitar o Centre Pompidou! Foi um sítio que não entrou para a programação da primeira vez que estive em Paris e de certa forma acabei por ficar meio triste por isso. Apesar de ser a velha questão de não ter tanto interesse por museus de arte moderna e contemporânea, a verdade é que o Pompidou é o Pompidou e ponto final.

Então aproveitando que era dia 1 de Julho e que alguns museus da cidade são grátis no 1ºDomingo do mês, coloquei o Pompidou na programação da manhã juntamente com o Museu Picasso que fica bem pertinho e dá perfeitamente para fazer os dois num só dia.

O único problema foi o calor, o cansaço dos últimos dias e semanas e o sentimento de que não queria andar a correr no último dia em que ia estar na cidade. Então, depois de ponderar, decidimos apenas visitar ali a zona de Pompidou e o museu. Chegámos de manhã diretas na estação do shopping Chatelet les Halles, que como era Domingo estava maioritariamente fechado. Este é um dos maiores shoppings da cidade de Paris e como está tão bem situado no coração da capital, regra geral é bastante povoado em qualquer dia da semana.

Em frente ao shopping tem um jardim muito bem cuidado e bonito que ocupa um espaço considerável da praça, que por sua vez é partilhada pela também conhecida igreja Saint-Eustache. Nesta altura de Verão e calor são imensas as crianças que estavam a brincar lá nos lagos do jardim.

Apesar de ser Domingo decidimos arriscar e entrar na igreja para visitá-la. Ainda não tinha começado a missa, então conseguimos andar por lá e tirar umas fotos antes que ela começasse. Mas de facto não tivémos muito tempo e rapidamente saímos para seguir em direção ao Pompidou.

A igreja de Saint-Eustache foi uma total surpresa como eu acho que acabam por ser quase todas as igrejas menos conhecidas de Paris. Com gigantes tão relevantes, turisticamente falando, como é o caso do Notre Dame ou da Saint-Chapelle, é de facto difícil fazer frente. Mas como elas acabam por entrar assim facilmente nos roteiros pela cidade, perguntamo-nos sempre: porque não entrar?

E a igreja de Saint-Eustache é mais um daqueles casos de que apesar de pouco conhecida e visitada, ela é muito bonita por dentro e tem uma beleza única e singular.

Seguimos depois para o Pompidou onde já estava uma fila imensa para entrar. No entanto, neste fim-de-semana estava a decorrer um evento patrocinado pelo IKEA, então a loja instalou vários sofás, espreguiçadeiras, puff’s, etc… pela praça e todos recebiam uma senha de entrada e esperavam no lounge do IKEA até aparecer o número no ecrã.

Eu honestamente pensei que fosse demorar uma eternidade até chamarem, mas até foi bem rápido e logo logo estávamos a ser chamadas e a fazer fila no detetor de metais da entrada do museu. Lá dentro começou a emoção da descoberta. A começar logo pela arquitectura da entrada no piso 0, passando pela alegria de entrar no tubo das escadas rolantes, e acabando no salão principal do Museu.

Fantástico como depois de ver fotos nos livros de francês do ensino básico, finalmente entro no Pompidou e percorro aqueles túneis futurísticos do exterior. Ahahaha Nós começámos a visita pelo penúltimo piso, onde está o Museu de Arte Contemporânea e depois passámos para o andar superior onde está o Museu de Arte Moderna.

Agora, claramente tive de fazer a minha visita com a mente muito aberta para a arte que lá estava exposta, especialmente arte contemporânea. Eu venho de uma área de ciências, onde tudo é muito exato e lógico. Então é preciso um exercício mental da minha parte para realmente entender o sentido dos artistas contemporâneos.

Houve obras lá apresentadas que de facto eram muito interessantes e achei o máximo algumas exposições que eram literalmente salas revestidas ou com lã, ou com folhas de louro, porque o objetivo era despertar emoções e sensações em nós (bem-estar, etc).

Mas claro que sempre apareceram aquelas obras que me fazem perguntam o porquê de haver alguém que acha isto arte ou digno de ser apresentado num Museu. Mas enfim… eu penso que este sentimento é um pouco transversal e claro nunca se vai conseguir agradar todo o público.

O Museu de Arte Moderna eu já achei que se encaixou totalmente comigo, então eu adorei ver a grande maioria das obras expostas, de artistas tão renomados como Picasso, Salvador Dalí, etc… É uma lista bem interessante de obras de vários pintores famosos que nos enriqueceram e influenciaram de forma fantástica a forma como encaramos a pintura e escultura hoje em dia.

O Pompidou tem um restaurante na cobertura, o Les Georges, que é muito conhecido pelas vistas fantásticas da cidade, além do luxo de restaurante que ele é. Apesar de ele ter estado na minha lista de restaurantes a visitar, acabámos por desistir depois de ler alguns comentários a falar da má qualidade do atendimento e até do desconforto do espaço. Então tivémos a brilhante ideia de fazer um piquenique no último piso do Pompidou, onde está o Museu de Arte Contemporânea.

Este piso tem um lago com esculturas e ainda uma varanda bem grande que nos dá uma vista linda de toda a cidade de Paris. Então foi uma solução mais económica mas ao mesmo tempo perfeita. Almoçámos sentadas para Paris e eu comecei logo a fazer as minhas despedidas, imaginando quando poderei regressar e o que ainda gostaria de fazer em Paris noutra visita.

Passeando por Montmatre!

Uma das minhas zonas preferidas de Paris é sem dúvida Montmatre! Na última vez que estive por lá, há cinco anos atrás, acabei por passar poucas horas nesta região e apenas nos focamos no Sacré-Coeur. Mas como eu fiquei desapontada depois, quando percebi o que tinha perdido.

A verdade é que a região de Montmatre tem muito mais para além da Basílica que dá fama ao lugar. O bairro era e continua a ser o centro dos artistas de rua e pintores, além de ser muito pitoresco e provinciano. Quase nos esquecemos que estamos ainda em Paris!

Então, desta vez, eu decidi encarar mais tempo por aqui e dividir o dia entre um dos bairros na baixa de Paris e Montmatre. Mas aí com alguns eventos que estavam a decorrer no centro, nós optámos por desistir de ir para lá e focamos apenas e exclusivamente neste bairro.

E que saudades que eu tinha de subir a estrada que dá acesso à base do Sacré-Coeur! Cheia de lojinhas com souvenir que são uma verdadeira pechincha e o lugar exato onde devemos fazer as nossas comprinhas para a família. Nunca encontrei sítio mais em conta e cheio de coisas super interessantes e fofas para comprar e oferecer.

Assim que chegamos na base do Sacré-Coeur foi aquela emoção de regressar, de voltar a olhar para ele. Não há muitas mais palavras para descrever aquilo que é amor à primeira, segunda, terceiras vista e tenho a certeza que continuará a ser todos os momentos que eu voltar.

Como eu não queria fazer tudo exatamente igual à última vez decidimos parar primeiro para um brunch antes de prosseguirmos o passeio. Então encontrei ali numa das ruas ao redor um local bem agradável onde pudemos parar e fazer o nosso brunch preguiçoso e demorado, muito por culpa dos 32ºC que se faziam sentir neste dia em Paris e que quase nos tirava o ânimo para grandes passeios.

Depois das forças recuperadas decidimos subir a escadaria que está ao lado do funicular de Montmatre debaixo deste mesmo calor!! A zona até que é interessante, com alguns bares e restaurantes ao longo da escadaria, além de que é uma das formas mais rápidas de fazer a subida para o Sacré-Coeur sem utilizar as escadas principais que estão logo em frente. Como eu disse, queríamos fazer algumas coisas diferentes.

Como eu já conhecia o interior da basílica, não foi minha prioridade ir logo visitá-la e deixei isso para depois. O que eu queria mesmo era conhecer aquilo que não tinha visto na minha visita anterior, que foi a Place du Tertre e as ruas envolventes. E porquê? Bem, porque eu acho que todos os pintores talentosos da cidade se concentram aqui nesta praça e a tornam sem dúvida especial.

Como eu adorei passear por entre quadros e telas com pinturas lindíssimas de Paris e não só. A praça é bem movimentada e tem vários restaurantes em volta que concentram ali os turistas, principalmente na hora de almoço, mas sem dúvida que a Praça continua a ser o epicentro da arte e da pintura.

Depois de muitas voltas pelo sítio e de ter babado em cada quadro, nós seguimos pelas ruas que estão em volta e embrenhámos ainda mais no centro histórico de Montmatre. Queríamos ver a exposição do Salvador Dalí se fosse um preço acessível, mas acabámos por desistir quando olhámos o preço. Então sentámos num banco do jardim e recuperámos mais uma vez do calor intenso!!

Estar 15 dias na cidade dá esse luxo, de passear sem pressa pelos sítios, poder concentrar forças só para um bairro em específico e não andar à pressa porque temos os dias contados e milhentas coisas para ver e fazer. Por um lado, esta coisa de viver no sítio é bom, apesar desse mesmo sítio ser bem caro. Mas enfim, é o que temos!

Depois desta paragem, continuamos a andar pelas ruas empedradas ali em volta. Montmatre não é gigante nem cheio de coisas para ver, mas tem um centro que é muito típico parisiense e até os artistas de rua têm a cara da França. Pôr em palavras é difícil, mas definitivamente é essencial passar por aqui para ficar com o verdadeiro espírito de Paris.

Até a música que se vai ouvindo pelas ruas, por causa dos artistas de rua, transporta-nos para um filme qualquer sobre Paris. Enfim, é uma zona muito autêntica, daí talvez o fascínio de visitar Montmatre.

Para finalizar a nossa visita claro que decidimos entrar na basílica e mais uma sentamos por lá a admirar o espaço, e até a falarmos sobre as nossas vidas e o que nos esperará o futuro.

Ambas estamos a fazer e a conquistar aos poucos aquilo que gostávamos, apesar de termos seguido caminhos e direcções geográficas e profissionais opostas. Adorávamos estar mais perto uma da outra, mas a vida é assim mesmo e só nos resta fazer planos para a próxima visita.

De carro pela região do Champanhe!

No dia seguinte a visitarmos Reims e as caves da cidade, fomos de carro conhecer mais algumas vilas da região do Champanhe, além de ser nossa intenção admirar os campos com vinhedos a perder de vista. Todo este plano soava perfeito, no entanto, não tínhamos muito tempo.

Apesar da região não ser vasta, todo o caminho é feito em estradas nacionais, passando pelo meio de vários vilarejos, o que não permite andar rápido. No entanto, como o objetivo era descontrair e desfrutar de toda a natureza, não estávamos muito preocupadas com o tempo de viagem.

Mais uma vez eu tinha estruturado todo um plano em que íamos passando por vários vilarejos, parando, visitando um produtor local, e o destino final seria Épernay. Mas com o passar do tempo percebemos que o que pretendíamos mesmo era andar pelos vinhedos, conhecer bem um ou outro vilarejo e parar para almoçar sem pressas.

Resultado: ficámos às portas de Épernay, mas não chegámos a visitar de facto a cidade, que tem mais algumas Maisons bem interessantes, como a Moet Chandon. Mas não fiquei nada arrependida, até porque não era nossa intenção visitar mais alguma cave neste dia. As caves que queria mesmo visitar estavam em Reims e tinha definido o dia seguinte para apreciar mais a natureza, comer uns petiscos tradicionais da região e conhecer vilarejos pelo caminho. E no final tudo isso foi cumprido!

Nós começámos o dia pela vila de Verzenay, que não é suuuper tradicional em termos arquitectónicos, mas fica ali bem no coração de produtores locais e está rodeada de vinhedos a perder de vista.

Além disso, um dos pontos de paragem obrigatórios é o farol que fica no topo do vilarejo e rende umas vistas incríveis de toda a povoação, mas também dos vinhedos ao redor. Nós subimos até à base do farol e por ali ficámos a descontrair e a curtir a paisagem em redor. No entanto, o farol está aberto a visitação e dá para ir até ao seu topo.

As vinhas ali em redor pertencem à marca Pommery, mas em todas as direções temos produtores locais, mais ou menos pequenos. É literalmente porta sim, porta sim. E em cada esquina vemos placas a indicar as direções para uma lista imensa deles, que estão ali nas redondezas da vila.

Mesmo não conhecendo todas aquelas marcas de champanhe é impressionante perceber como a produção é tão intensa nesta região, com tantos vinhedos e tantos produtores em tudo quanto é canto.

Depois de sairmos de Verzenay, fomos andando na direção de Hautvillers, que fica pertinho de Épernay. Como tinha dito antes, a intenção era acabar o dia por Épernay, mas assim que chegámos a Hautvillers rapidamente percebemos que queríamos passar mais tempo por lá.

O vilarejo é muito fofo, muito virado para o enoturismo e até mesmo para toda a gastronomia da região. Eram casinhas e casinhas de produtores, cada um com o seu pátio para prova de produtos da região, champanhe, etc… Havia de tudo, desde os pátios mais simples e recatados, até a restaurantes mais interessantes com a sua esplanada na frente.

Mas uma coisa todos os locais tinham em comum: o facto de serem super pitorescos e tradicionais. Não havia nada daquela ostentação de restaurante super sofisticado. Era tudo muito cara de vilarejo perdido no meio da região do champanhe.

Então isso fez-nos usufruir a 100% do espírito da região e de facto sentirmos que queríamos passar mais tempo por ali. Fomos andando pelas ruelas, admirando as paisagens em cada recanto e acabámos por parar num pequeno restaurante que servia comida tradicional e fazia várias provas gastronómicas.

Era tudo o que precisávamos de ouvir! Deixa para lá o museu X, o ponto de interesse Y! Depois de um almoço bem calmo e relaxado fomos dar mais umas voltas pelas ruas e ainda parámos na igrejinha local, só porque estacionámos o carro em frente a ela.

Com todo este “no stress” ficou na hora de regressar a Reims, entregar o carro e voltar para Paris. Foram dois dias muito dedicados ao enoturismo e sem grandes ambições turísticas além disso. Mas de facto esta região precisa ser vivida desta forma e o melhor plano de visita é mesmo aquele em que o principal foco é o Champanhe e tudo o que está relacionado com ele.

Visitando as caves de Reims!

Reims é uma das cidades epicentro da região do Champanhe e como é lógico reúne algumas das mais famosas marcas de champanhe não só de França, mas do mundo. Visitar as caves nunca tinha estado na minha lista, até ver algumas fotos e ficar apaixonada com a grandiosidade do espaço. Como é possível que o champanhe fique tantos anos em caves construídas no tempo dos monges com tantos metros de profundidade e condições específicas de pressão, humidade e temperatura?

Enfim, é isso tudo e muito mais! As caves têm uma história super interessante que remonta ao início, quando o champanhe começou a ser produzido por monges que habitavam o mosteiro da região e que infelizmente foi completamente destruído na guerra. Hoje sobram túneis quilométricos a perder de vista que são utilizados pelas principais produtoras da região para “guardarem” as garrafas.

Caves Taittinger:

Eu reservei online, com alguma antecedência, a visita às caves Taittinger e não tinha intenção de fazer visita guiada a mais nenhuma. Tentei escolher a que eu achei ser mais autêntica, com as caves mais bonitinhas e uma história mais antiga e interessante. E voilá, o resultado foi a Taittinger.

Então a nossa tarde iniciou bem cedo com a visita guiada que tínhamos pré-reservado online. E atenção que aqui é muito importante reservar com antecedência mesmo até porque não há assim tantas visitas por dia em inglês, por exemplo, e é a nossa única garantia de que ficamos com o dia e hora do nosso agrado. Para mim era essencial e acredito que para mais visitantes, que estão poucos dias na zona, seja igualmente importante reservar para aquele dia que tínhamos planeado.

Bom, mas voltando à visita, ela começou com um pequeno filme que contou a história da marca e como é que o champanhe começou inicialmente a ser produzido na região. E tudo começou pelos monges que tínham túneis de uma extensão enorme, onde costumavam rezar e foi aí que começaram também a produzir vinho.

Hoje em dia os túneis estão literalmente a cobrir todo o subterrâneo da cidade de Reims e pertencem a várias produtoras conhecidas. O túnel que visitamos é um dos mais pequenos mas mesmo assim tem vários quilómetro de comprimento. O túnel maior da marca não está aberto a visitação porque é utilizado diariamente pelos trabalhadores na produção do champanhe.

Ter ouvido acerca da produção do champanhe foi igualmente interessante. Saber que o segredo da sua cor, pressão, etc… está muito relacionado com a capacidade de manter a mesma temperatura de 16ºC e humidade, tendo o cuidado de manter aquela luminosidade baixa com lâmpadas específicas para não aumentar a temperatura. Para além das paredes da cave que têm de ser de um material capaz de absorver a humidade e voltar a enviá-la, para desta forma manter tudo bem constante. Ufa!!!

Outro facto bem interessante é o tempo que as garrafas são mantidas nas caves (5 anos) sendo periodicamente rodadas e gradualmente inclinadas com um ângulo cada vez maior, para que o sedimento possa vir deslizando até à rolha e no fim extraírem facilmente através de um processo que envolve congelamento. Desta forma, conseguem garantir aquela transparência do champanhe.

Aprendi mais acerca de castas e que o champanhe não provém só de uma, mas de uma mistura de castas, de forma a dar origem às diversas gamas que existem na marca. Além de a uva ser originária de várias plantações diferentes que a marca tem espalhadas pela região do Champanhe-Ardenne.

Enfim, foi muito bom aprender imenso acerca da história e origem do champanhe mas também aprender como ele é feito. O Taittinger é o champanhe oficial do Mundial da Rússia e já antes tinha sido também. Então, estão reunidas várias condições favoráveis para que esta cave seja escolha certeira quando procuramos apenas uma marca para visita guiada.

Veuve Clicquot:

Quando saímos da visita anterior e fizémos a prova, achámos que seria muito desperdício estar ali e não visitar outras produtoras, mesmo que apenas tivéssemos a intenção de provar um champanhe e pronto.

Então seguimos e fomos até à Veuve Clicquot, que está no mesmo quarteirão e é uma Maison diferente da anterior. Parece um pouco mais requintada, mas o que eu gostei mesmo foi daquele barzinho que eles têm no jardim em frente à entrada e que permite que provemos o nosso copo de champanhe nas calmas, ao mesmo tempo que curtimos o Sol e a temperatura amena.

Apesar de não conhecido a fundo a história desta marca, adorei sentar na boutique e ficar a discutir diferenças de castas. Ahahah mesmo qeu ainda não entendêssemos grande coisa de champanhe.

Nesta Maison nó decidimos experimentar algo diferente e pedimos um champanhe rosé, tendo sido explicado que a principal diferença é a adição de vinho tinto, o que dá não só a cor mas também aromas mais frutados. Confere!!

Pommery:

Se as Maison anteriores eram luxuosas, esta concerteza vai deixar qualquer um de queixo caído assim que chegar no portão da frente. A Pommery é um autêntico palácio, não fosse os seu donos pessoas importantes e influentes.

Ela fica bem próxima das restantes caves que fomos visitar neste dia, o que tornou uma paragem por lá essencial e obrigatória. A Pommery tem também a Demoiselle como sua pertença e uma história que relaciona as duas residências. Então nós fomos antes em direção ao palacete da Demoiselle e fizémos por lá a nossa prova de champanhe no pátio.

E eu adorei a simpatia de quem nos atendeu. Serviu-nos dois copos diferentes de champanhe Demoiselle com duas gamas diferentes (bruto e diamante) pelo preço de um! Aparentemente não estão muito habituados a terem clientes interessados em apenas provar os seus champanhes e daí a borla.

Eu fiquei encantada com o palacete, que tinha bilhete de visita vendido à parte das Caves Pommery. Se fosse com mais tempo tinha considerado uma visita, sem dúvida!

E é isso, estas três Maisons foram as escolhidas para umas paragens ao longo da tarde, tarde essa que foi bem descontraída e onde o foco principal foi aprender mais da produção de champanhe, enquanto provávamos vários estilos e gamas diferentes.

Reims, na rota do Champanhe!

Depois da primeira semana de trabalho intenso em Paris, eu marquei um fim-de-semana relaxante pela região do Champanhe-Ardenne. E a visita começava em Reims, que tem umas das mais interessantes caves, as quais são consideradas património mundial.

Uma vez em Reims, há que render à evidência de que as principais atrações e coisas a visitar são mesmo as caves, no entanto, eu achei a própria cidade super linda e diferente do que tínhamos visto em Rouen, e até em Paris.

Apesar de Reims ter um ar bem moderninho, ela consegue misturar muito bem a arquitectura parisiense com um sossego que não vemos na capital. Então quando chegámos a Reims eu fiquei logo apaixonada pelo clima sem stress, de ruelas empedradas, pessoas que passeavam com calma pelas ruas, sem apertos ou correrias.

Quando saímos na estação do comboio ficámos a princípio meio perdidas, mas a realidade é que até é bem simples andar por Reims. Basta seguir na direção do jardim e atravessa-lo. Rapidamente vamos estar na avenida principal que está cheia de bares e restaurantes em ambos os lados e que nos vai levar até outra avenida bem grande, esta cheia de lojas e shopping.

Logo ali na primeira avenida estão umas fontes bonitinhas, e até uma igreja pequenina, que parece meio escondida no meio de tanto restaurante e loja, mas que vale a pena dar um olho por dentro, até porque eles costumam ter o órgão a tocar músicas muito interessantes que parece que nos transportam para o século passado.

Depois de dar-mos um giro ali pelo centro, entrado e saído de lojas, fomos visitar a Catedral de Reims. Depois das caves, ponto obrigatório para visitar é a Catedral. Ela tem imensa fama e eu lembro-me que sempre que eu dizia a colegas de trabalho que estávamos de partida para um fim-de-semana em Reims, eles comentavam o quão bonita era a Catedral.

E de facto pelas fotos já dava para ter ideia da grandiosidade do espaço. E algo que eu tenho vindo a aprender ao longo de todas as visitas que já fiz a Catedrais em várias cidades do mundo, é que cada uma é diferente e especial à sua maneira.

Então a Catedral de Reims foi paragem obrigatória, até porque ela fica ali bem perto de outros ícones principais da cidade, como a Ópera ou a Câmara Municipal lá do sítio. Fica tudo muito pertinho e depois de sair da estação é só percorrer estas avenidas e 10 min estamos a avistar a Catedral.

Depois de entrar na Catedral de facto todas as expressões de beleza que os colegas tinham usado fizeram finalmente sentido e percebemos o quão bonita ela é. De facto, depois de a ver podemos concordar que ela merece o título de uma das mais bonitas da região. Tem todos aqueles castiçais que descem do tecto e dão uma imponência que não tem explicação possível. Além, claro, dos vitrais que são lindos em todas as direções que nós olhemos.

Durante o Verão eles costumam fazer aos fins-de-semana shows de video maping na fachada da Catedral pontualmente às 22h. Nesse show eles contam um pouco da história da catedral ao longo dos anos. Desde a construção, até à sua importância para a comunidade local e história da região, e ainda tocam num ponto importante da guerra e das destruições que várias catedrais e igrejas sofreram nessa época. E a Catedral de Reims não foi exceção.

Eu tinha mais uns museus e biblioteca art deco na programação da visita para Reims, no entanto, na hora que acabámos de ver a Catedral pensámos que já que estávamos na cidade íamos aproveitar mais a parte das caves e íamos deixar os museus de lado.

Afinal é como eu tinha dito no início, Reims é um dos epicentros da região do Champanhe e, apesar de ter algumas coisas interessantes para visitar para além das caves, tudo vai girar em torno delas e o melhor que temos a fazer é aproveitar o melhor possível o facto de estarmos ali.

Então, no fundo a nossa programação na cidade dividiu-se entre a manhã e a tarde. De manhã chegámos à cidade e visitámos a parte alta onde estão as principais avenidas com bares, restaurantes, lojas, além da Catedral e outras igrejinhas locais.

Foi muito bom começar assim, de uma forma mais descontraída, apreciando também o movimento próprio de Reims, a sua arquitectura, e até mesmo o quão fofa ela consegue ser, distinguindo-se bastante de Paris, apesar das várias semelhanças arquitectónicas.

Depois de almoço descemos até a parte baixa da cidade onde estão concentradas diversas caves. Nós visitamos a Taittinger, a Clicquot e a Pommery, que ficam bem pertinho umas das outras, mais ou menos no mesmo quarteirão. Mas como ficam a 30min de distância da parte alta da cidade, foi bom termos visto tudo o que queríamos no centro de Reims de manhã e depois concentrámo-nos nas visitas às caves da parte da tarde. Mas todas as dicas acerca das caves virão num post especial dedicado a elas. 🙂