Ronda, no alto da montanha!

Há poucas vilas/cidades em que tenho amor à primeira vista! É sempre um amor que vai crescendo com a descoberta do sítio e de todos os seus detalhes encantadores. Mas é claro que há excepções! Há lugares que apaixonam no primeiro olhar e que nos fazem sentir em casa.

E Ronda foi um deles. É o típico lugarzinho pitoresco que dá vontade de andar pelas ruas e descobrir cada recanto mais fofo que o anterior. Mais uma vez Ronda não estava nos planos iniciais, mas dada a proximidade com Málaga e Gibraltar, foi uma óptima opção para passar a noite e parte do dia seguinte.

E como é que eu me decidi por Ronda à última hora? Porque vi uma ilustração no guia com uma ponte giríssima e muito diferente do que alguma vez tinha visto até agora. E como a graça é ver coisas diferentes e nos surpreendermos sempre com coisas novas, eu rapidamente me entusiasmei por este sítio e fiz de tudo para o incluir no roteiro. O que, como disse, não foi nada difícil.

Quando lá chegámos já era de noite (porque também tínhamos parado na Garganta del Chorro), mas não podia ter sido mais perfeito. Entrámos em cheio nas festas da vila e estava um ambiente suuuper giro, todas as tascas e restaurantes abertos, decoração nas ruas, tudo cheio de gente animada a valer, barraquinhas de feira. LINDO! Não podia ter sido mais perfeito!

Óbvio que aproveitámos e saltámos logo para a rua, curtir o ambiente e petiscar bastante nas tasquinhas. E eu que amo tapas, estava no paraíso! Mas a minha curiosidade era mesmo ver a ponte de perto, por isso fomos andando com o mapa na mão até ela, e pronto, fiquei fascinada! Era enorme, bem alta e toda iluminada. Tão alta que nem se via o fundo.

Ora, esta ponte tem, nada mais nada menos, do que 100 metros de altura, data do séc. XVIII e une a cidade antiga à nova. Escusado será dizer que a cidade está nas alturas mesmo. Óbvio que à noite não deu para ter noção da altura que estávamos e da paisagem ao redor, mas a sensação de olhar para baixo e só ver negro, arrepia um pouco.

De dia a paisagem é absolutamente espectacular e digna de fotos atrás de fotos. Estamos mesmo nas alturas. E a ponte? Liinda e perfeita, tanto de noite como de dia. Ok, o ponto alto da vila é mesmo ela, sem dúvida, mas a verdade é que a própria vila também é encantadora por ser muito pitoresca.

Claro que o ambiente de festa também ajuda a ter um clima diferente e contagiante, mas eu acredito que mesmo sem muita festa, a cidade é super gira de se visitar. De manhã mergulhámos mais na parte antiga e fomos até ao miradouro de El Campillo, que dá uma vista muito boa da ponte. E daqui também desce um caminho, que a certa altura vira areia, que vai passar por baixo da ponte.

Nós só fomos até um certo ponto, para podermos tirar umas fotos mais de perto. E que fotogénica é esta ponte! Fica bem em todos os ângulos. Por baixo da ponte passa um rio, que até faz uma pequena queda de água muito gira.

O pessoal aqui aproveitou muito bem a localização privilegiada e construiu uns hotéis e esplanadas de cafés com uma óptima vista. Daquelas mesmo de fazer inveja! Nós fizémos a reserva em cima da hora e com a festa por lá ficou difícil arranjar um deste estilo, mas mesmo assim ficámos muito próximo da ponte e dentro da festa.

Explorando a Andaluzia

O ano passado em Setembro consegui tirar uma semana para a lua-de-mel, e como a minha vida estava super confusa, entre terminar o curso, chegar de Erasmus e começar a trabalhar, não planeei nada até à últimas semanas. Além disso, o planeamento do casamento levou-nos tempo e dinheiro e as prioridades acabaram por falar mais alto no final.

Foi quase por acaso que eu pesquisei sobre uma solução mais económica em Espanha, algo que desse para fazer com total autonomia e ao mesmo tempo divertido e aventureiro o suficiente para marcar e deixar saudade. E pronto, acabámos por iniciar um estilo de viagem que ambos gostamos e preferimos: viajar de carro pela Europa.

Eu elaborei um roteiro-base das cidades de visita obrigatória na Andaluzia e acabei por ver tudo pela internet, influenciada também pelas cidades mais conhecidas. Pensei em ficarmos um dia em cada cidade e apontei os sítios que gostava de visitar em cada cidade. E pronto! No dia a seguir ao casamento, e antes de partirmos, fomos comprar o guia de Espanha e aí eu percebi que havia mais vilas e lugares interessantes nos arredores das cidades que tinha escolhido.

Então acabámos por alterar um pouco o plano inicial e deixar-nos levar ao sabor do guia turístico! Não deixei de ver nada do que tinha inicialmente planeado, mas o que aconteceu foi um acrescentar de lugares e paragens, entre uma cidade e outra.

De Portugal, nós seguimos directos para Sevilha, mas fizemos uma paragem em Vila Real de Sto António para passar a noite, antes de passar a fronteira. O dia seguinte foi quase todo em Sevilha e vi quase tudo o que queria. Calor, calor e mais calor. Nunca vi uma cidade tão quente em toda a minha vida. Primeiro sinal de que estamos no sul de Espanha são as palmeiras e depois os repuxos de vapor de água a sair dos toldos dos restaurantes. Ah e calor, já falei dele?

Nesse mesmo dia seguimos para Córdoba, onde tivemos a nossa multa de estacionamento. Já chegámos de noite e não reparámos nas linhas do estacionamento pago. Córdoba não tinha assim tanto para ver quanto Sevilha, mas foi especial pelas casinhas brancas pequeninas e ruelas atrás de ruelas. Fofa mesmo!! E o calor continuava abrasador!

A meio da tarde partimos logo para Granada e foi uma surpresa dar de caras com uma cidade super caótica, com motas a passar em todo o canto, a alta velocidade. Encontrar estacionamento foi difícil, mas nesta fase da viagem já nos começámos a acostumar às dificuldades do estacionamento no sul de Espanha. Aproveitámos muito bem a noite num bairro típico, com vista para o La Alhambra, onde passámos o dia seguinte.

Daqui, avançámos para a parte da praia que eu prometi ao Carlos que ia incluir. Então, nada melhor do que ficar em Málaga uma noite e um dia, para aproveitar todo o clima de Verão. Málaga é o destino de praia que mais deixa saudades, porque a praia é óptima, com aqueles chapéus e espreguiçadeira mesmo na beira da água, o restaurante a poucos metros de distância com marisco a um preço excelente. E o clima à noite? Cheio de pessoas a passear pelo calçadão, com bares e restaurantes à disposição. Até eu agradeci este dia de relax!

Mas depois do dia de praia ainda nos fomos enfiar no meio da serra à procura da Garganta del Chorro, que eu tinha visto no guia que era ali perto de Málaga. Duas escarpas altíssimas que estão quase juntas, formando uma grande fenda no meio, que com o pôr-do-sol, deu uma paisagem super linda.

Mas seguimos viagem e fomos passar a noite a Ronda, que como a Garganta, não fazia parte dos planos iniciais. Só que eu descobri-a no guia e fiquei apaixonada com a ponte que liga a parte sul da cidade com a parte norte. Nunca tinha visto uma ponte tão original. Logo que chegámos ao hotel, já de noite, pousámos as malas e fomos logo à procura dela. A vila também estava em festa, então tivemos uma noite muito animada por lá. No outro dia ainda demos um passeio para ver a vila à luz do dia e depois seguimos viagem.

Próxima paragem: Gibraltar! Eu tinha muitas expectativas deste cantinho britânico, que na altura andava num jogo de cintura com a Espanha. Nós sentimos um bocado isso, a começar na burocracia para entrar e sair. Passámos pela primeira vez o horror de uma fronteira controlada, ainda por cima pelas duas nações. Para entrar não demorou tempo nenhum, mas para sair ficámos HORAS na fila. Mas o dia foi como eu tinha pensado, cheio de macaquinhos por todo o lado e a proteger os óculos e afins das mãos deles! 🙂

Por culpa da enorme fila já chegámos tarde a Jerez de la Frontera, onde passámos a noite. O plano era aproveitar a manhã para fazer uma prova do vinho Xerez, típico da região. Foi a primeira vez que fizemos algo do género e adorámos. As possibilidades de adegas para visitar eram muitas e eu não tinha pesquisado grande coisa sobre elas, então decidimos optar pela mais conhecida, Tio Pepe!

A manhã foi chuvosa, mas a tarde compensou com muito Sol e calor. Demos um passeio por Cádis e depois…praia! Cádis já não tem aquela beleza de praia como Málaga, nem a praia é tão grande, mas as vistas da cidade antiga mesmo ali à beira da água compensa.

Daqui, o nosso plano era passar a noite perto de Isla Cristina, onde queríamos aproveitar o dia seguinte, antes de voltar para casa. Mas as coisas complicaram-se com um casamento que houve naquela zona e a família dos noivos estava toda hospedada por ali. Ou seja, nada de hotel. Tudo esgotado! No desespero total, à 1h da manhã passámos a fronteira e fomos dormir ao mesmo hotel em Vila Real de Sto António, onde tínhamos estado no primeiro dia.

A Isla Cristina foi a praia que mais me desiludiu. No entanto, é estranho pensar que é considerada um dos destinos mais populares e caros do sul de Espanha. A infra-estrutura é tão simples, a água do mar cheia de algas e um pouco suja. Na noite anterior tínhamos tentado encontrar hotel por aqui e pediram-nos um balúrdio!

E pronto, este foi o roteiro de 1 semana que fiz na exploração à Andaluzia, e que adorei! Não tinha feito de outra forma, e acrescentar mais alguma coisa seria muito difícil, ou mesmo impossível.