Sidi Bou Said, a pérola azul!

Sabem quando um destino vos entusiasma por terem visto uma fotografia em específico, ou leram um artigo que vos encheu de curiosidade? Pois bem, a Tunísia entrou nos planos por várias razões, mas uma delas foi a vila de Sidi Bou Said, que parece saída do livro e contos do Aladin. Aqueles pormenores das abóbadas azuis, no cimo de casinhas super fofas toas brancas, atraíram demais a atenção.

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E as portas!! Ahh se não parece que entrámos num qualquer conta das mil e uma noites, então não sei quando vamos ter essa sensação! E o melhor de tudo é que Sidi Bou Said fica pertinho da capital Túnis, o que dá uma excelente opção de bate-volta, ou passeio de um dia para uma das cidades/vilas mais bonitas da Tunísia. Está super conhecida, claro, e são muitos os turistas que vão lá encher as ruas, mas ainda assim, a beleza do local faz-nos esquecer que talvez já não seja um local tão tradicional assim.

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Então quando planeei a minha viagem para a Tunísia, e apesar de saber que o motivo principal seria descansar ao sol de Djerba, eu sabia que teria de englobar Sidi Bou Said num qualquer dia da semana em que íamos lá estar. Foi tal e qual como os planos para visitar o deserto! Se estou aqui eu vou fazer, concerteza. Só que ao contrário do deserto, em que visitá-lo está muito dependente de um tour, ir a Sidi é muito mais simples e não precisamos de gastar tempo e dinheiro em tours.

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Basicamente o que tive de fazer foi regressar a Túnis no nosso último dia na Tunísia, bem cedo, e logo no aeroporto, depois do voo doméstico desde Djerba, nós fomos até um táxi e pedimos para nos levar até Sidi Bou Said. Simples assim! Claro, preparem-se para regatear preços e tal. Faz parte, ok? Estamos no norte de África sim? Então claro que o motorista vai tentar engrupir e tentar ficar ali conosco tipo guia para o resto do dia. Prometeu levar-nos também às ruínas de Cártago, que fica logo ao lado de Sidi Bou Said, e ótima opção para conhecer dois locais num só dia.

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Contudo, o meu objetivo de viagem não passava por visitar as ruínas, apesar de terem uma história milenar de o que resta de uma das mais poderosas metrópoles do mundo antigo. Então para quem está a fim de uma aula de história, é também um ótimo local a visitar e super fácil de fazer sozinho. Contudo, eu estava mais entusiasmada em visitar as “Blue doors”, as típicas gaiolinhas de pássaros, as abóbadas azuis, as flores coloridas nas fachadas brancas das casas.

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Enfim… percebem o entusiasmo né? Por isso, para cada viajante, há um tipo de viagem diferente, mesmo que o país seja o mesmo. Porque não somos todos iguais, e isso é maravilhoso! Porém, mesmo para os mais historiadores (e atenção que eu considero-me uma apaixonada por história), visitar a vila no topo do monte devia ser paragem obrigatória.

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Mas como estava a contar, nós pegamos no táxi, ouvimos toda aquela conversa de ser nosso motorista privado e levar às ruínas e depois a Sidi, até que decidimos de facto nos manter firmes no plano original e pedimos para ele simplesmente nos largar na entrada da cidade, de onde depois seguiriamos a pé. E foi uma excelente decisão. Sidi Bou Said é uma vila relativamente pequena, onde a parte mais histórica está super concentrada em ruas e ruelas estreitas, de pedra, com casinhas super fofas.

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Estava um dia super quente, então passámos o tempo todo a parar em barzinhos e esplanadas para refrescar, mas palmilhamos muito do local e fizémos também várias compras de última hora de souvenirs típicos tunisinos, que eu acho são dos mais tradicionais e lindos.

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O Cafe des Nattes é um café super antigo, de 1920, que foi muito famoso entre a comunidade de artistas que viveu na zona. Ele ainda hoje mantém muita da sua essência, e entrar lá dentro é toda uma experiência, com direito a sentar na carpete no chão e beber chá nos bules tradicionais. Foi uma das nossas paragens e acabámos por ficar por lá algum tempo na varanda a observar o movimento de uma das principais artérias da vila.

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Adorei Sidi Bou Said e fiquei super contente pela decisão de incluir no roteiro de último dia na Tunísia. Ao final do dia nós chamámos um táxi, amigo do dono da loja onde comprámos a maior parte dos nossos souvenirs. Tivémos desconto por isso no táxi e lá fomos para o aeroporto umas horas antes de embarcar. Visitar o grande bazar em Túnis foi talvez aquele ponto turístico que eu adorava ter feito e não fiz. Não quis andar a correr e achei que conseguiria ver bazares igualmente impactantes em outros países como Marrocos, Dubai e Turquia.

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Então, fica a dica de hoje, que também é o último post que faltava da viagem à Tunísia.

O deserto do Sahara!

De caras que um dos motivos para eu ter escolhido visitar a Tunísia foi a oportunidade de esticar a viagem e passar nem que fosse um dia no deserto do Sahara. De tudo o que já fiz até hoje, um dos sítios que eu sempre me culpabilizava por nunca ter ido era ao deserto, especialmente o do Sahara! Então quando comecei a planear a viagem para a Tunísia e qual cidade seria a base para toda a semana, Djerba foi a grande eleita por conta da grande proximidade ao deserto.

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O facto de Djerba estar ali no meio do país, acaba por fazer dela um dos pontos principais no que toca a partidas diárias para explorar o deserto do Sahara, quer seja por vários dias ou um passeio bate-volta. Então, se o objetivo é sentir um pouco dessa experiência sem ter de pernoitar no deserto, de certo que Djerba é a escolha certeira!

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E desde que marquei a viagem que uma excursão ao deserto sempre esteve em cima da mesa. A grande questão era se seria de um dia ou dois, pelas questões todas que já fui falando, como o descanso, as finanças, etc… Como já falei no post anterior, visitar o deserto em excursão é muito simples e o resort que escolhemos, se não for vão de escada, já vai ter lá dentro toda a infra-estrutura para podermos fazer a reserva.

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No nosso caso foi só sentar à mesa com eles, dizer que pretendíamos de um só dia e em inglês e pronto. Tudo foi acertado para o dia seguinte com hora marcada! Quando se trata de uma excursão com esta dimensão e que implica sair por muitos km’s da zona onde estamos hospedados, além de incluir refeições, eu acho que é imprescindível a segurança de reservar no próprio hotel e diretamente com a agência.

A excursão de um dia é bem básica mas cumpre com alguns itens essenciais que faziam parte da minha wish-list do que gostava de fazer por lá! Então os pontos essenciais de paragem incluem o miradouro na entrada do deserto, que fica no cimo de uma montanha, a paragem maior que é sem dúvida no Oásis do Ksar Ghilane, as casas trogloditas onde foi filmado o Star Wars (Matamata) e uma povoação tipicamente berbere que fica no meio da montanha.

Eu acho que delirei em todos os momentos e em todo o caminho de jipe! Mas, sem dúvida, que o momento em que cruzámos a paisagem plana da Tunísia e começámos a subir a montanha que marca o início de deserto foi aquele ponto alto e a partir daí foi sempre a subir.

Fomos lentamente assistindo à paisagem mudar e o que começou rochoso foi transformando em pequenas dunas e uma planície que não tinha fim. E inexplicavelmente sempre existia aquela estrada alcatroada que de repente se transformou em terra batida.

E quando achava que já tinha visto tudo, parámos num café com lojinha turística no meio de nenhures, algures no caminho para o Oásis. E aí o cérebro assimila que nada daquilo é estranho para eles! Até no meio do deserto há lugar para o nada se transformar em mini área de serviço do deserto! Ahahaha

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Mas continuámos em frente e chegámos finalmente ao ponto em que aquela terra de areia batida se transformou no deserto que eu já tinha visto em tantas fotos e filmes. Os olhos começaram a sentir logo a diferença da areia solta que voa em todas as direções e cobre-nos literalmente da cabeça aos pés de um tom alaranjado que os locais chamam de spa do deserto.

Aqui no Oásis do Ksar Ghilane começa aquela paisagem idílica que eu tanto tinha sonhado ver ao vivo e a cores. Nesta paragem nós temos duas opções à escolha: ou percorremos alguma parte do deserto de camelo ou de moto-quatro. Nós escolhemos a última por estarmos mais numa de aproveitar as dunas e curtir a adrenalina. Além disso,  eu tenho o sonho de percorrer de camelo as dunas em Marrocos. Então, nesta viagem à Tunísia eu fiz questão de não andar de camelo porque quero que essa experiência aconteça justamente em Marrocos.

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Eu não sei qual das formas é a mais interessante ou a “melhor” para percorrer o deserto. Acho que isso vai sempre depender da forma como nós sonhamos fazê-lo e imaginamos que a experiência vai ser. Nas motos nós fomos até um ponto alto que tem umas ruínas e de lá a vista é fantástica de todas as dunas que se estendem na imensidão do deserto. Foi sem dúvida uma imagem que vou guardar sempre!

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Quando voltámos ao oásis e antes de irmos embora ainda houve tempo para tomar banho na piscina de água quente que eu, por ter demasiado nojo em me enfiar lá dentro, não testei. Mas isso sou eu depois de anos e anos a estudar parasitas e bactérias em geral. Olhar para aquela água estagnada duvidosa não me pareceu o melhor programa para terminar o dia. Ahahaha

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Depois de sairmos do oásis fomos em direção a Matmata, onde almoçámos na tal gruta dos trogloditas onde o Star Wars foi parcialmente filmado. Eu confesso que não sou fã da saga de filmes, mas o que me entusiasmou mais naquelas construções foi justamente o facto de serem diferentes e terem uma cultura muito própria que já existia antes sequer dos filmes serem feitos ali.

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Então visitar as grutas e depois ainda conseguirmos ir a uma habitação verdadeira, onde vivem pessoas locais, foi outra experiência cultural que guardo com carinho desta viagem. Nós fomos acompanhados em toda a viagem por um guia que afinal das contas pouco ou nada falava de inglês e quase tudo o que dizia era em francês. Mas apesar desse contratempo e de ter havido muita coisa que me passou ao lado, há coisas que as palavras não precisam explicar e só estar ali e poder absorver a dinâmica do dia-a-dia já compensa e muito.

Por fim, fizemos a última paragem num género de miradouro num desfiladeiro onde foi construída uma povoação berbere. E mais uma vez é uma sensação brutal! Posso repetir quantas vezes forem necessárias que a viagem como um todo foi super intensa e com gosto especial para mim. Nunca serão suficientes!

As pessoas, as povoações, as paisagens áridas que apesar de todos os desafios são o lar de povos antigos que mantêm as suas tradições e modo de viver à anos e anos. É brutal como no meio do nada e de uma paisagem tão inóspita existam povos que conseguem sobreviver e fazer perdurar o seu nome por gerações e gerações.

E no fundo, visitar a Tunísia não tinha o mesmo significado se eu não visse com os meus próprios olhos como é que este povo e como é de facto o país, para além da força do turismo do litoral.

Tunísia com dicas práticas!

A história da viagem à Tunísia tem tanto de inesperado como de inédito na história das minhas viagens. Tudo porque surgiu numa altura em que o Carlos pediu encarecidamente para abrandarmos o ritmo das nossas viagens e fazermos alguma coisa mais relaxante pela primeira vez em todo o sempre.

E como de facto todas as últimas viagens têm sido uma verdadeira corrida, acabei por concordar que descanso era justamente o que nos fazia falta. Então a dúvida começou em relação a qual seria o destino ideal e a verdade é que não queríamos gastar muito dinheiro para já. Foi um ano intenso de viagens por todo o mundo e há que conter nas finanças.

Então, rapidamente a Tunísia entrou para a lista do país ideal por ser bem aqui ao lado, com praias um tanto ou quanto paradisíacas, alguma cultura no meio da paz que se pretendia e uns preços de avião bem agradáveis. A verdade é que para quem ama andar e conhecer a cultura de um país, se havia sítio onde eu sabia ser possível ter o melhor dos dois mundos, esse sítio era a Tunísia.

Então, com todos esses pensamentos em cima da mesa eu fiz um roteiro que passava maioritariamente por Djerba, onde ficámos no Resort Seabel Aladin, mas também reservei um dia para irmos ao deserto e o último dia da viagem para conhecermos Sidi Abou Said, que era um sonho impossível de conter a excitação.

Então por causa disso, eu comprei um voo para Túnis, capital da Tunísia, no dia seguinte voei logo para Djerba e lá fiquei 6 dias no Seabel Aladin Resort para um programa muito chato de quase não fazer nada. A minha vida resumiu-se pela primeira vez a praia, piscina, espetáculos do resort e aulas de ginástica na beira da piscina.

Num desses dias fui umas horinhas o final da tarde dar um passeio de moto-quatro pela ilha de Djerba, passando por algumas dunas, pelas casas e bairros locais, até uma lagoa imensa que está no centro da ilha, onde assistimos o pôr-do-sol. Foi uma “excursão” comprada no rapaz da praia e à hora combinada lá estávamos na entrada do hotel para sairmos nas motos e começarmos o passeio. Foi brutal e é algo que eles lá têm imenso para o turista.

Outro dia queríamos visitar o deserto do Sahara e ter contacto com algumas das populações berberes, além de ver os trogloditas, onde foi filmado parte do Star Wars. Existem muitas opções de excursões ao deserto e quantos mais dias tivermos melhor vamos conseguir absorver o espetáculo que é o deserto com os vários oásis. No meu caso, foi mais uma questão de aproveitar o melhor do deserto num dia para conseguirmos descansar nos restantes, como sempre foi nossa intenção.

Então fiz a reserva da excursão ao deserto mesmo diretamente no hotel. Geralmente estes resorts estão muito bem preparados para este tipo de tours dos hóspedes e já têm uma ou duas agências a funcionar lá dentro para tornar tudo mais simples e fácil. Estas tours maiores que implicam um transporte para fora da ilha e dura todo o dia, com refeição incluída, eu prefiro jogar pelo seguro e reservar diretamente no hotel.

De resto, o hotel está muito bem preparado para termos tudo o que precisamos lá dentro e não precisarmos sair nunca! Contudo, para quem já está mais habituado a viajar para fora da Europa, a Tunísia é relativamente segura e dá perfeitamente para sair do hotel e ir andando pelas ruas até ao mercado lá do sítio.

Todos os transportes que fiz desde o aeroporto até ao hotel e em Túnis para chegar até Sidi Abou Said, foi num táxi em que regateei preço. Sim, é importante não deixar enganar pela ausência de taxímetro ou então pelo famoso pano branco que colocam em cima quando a viagem está quase a chegar ao fim.

Como nós já viajámos algumas vezes para a Ásia, lidar com este tipo de trapaceiros é coisa que não nos tira o sono. Não é por isso que nos sentimos mais ou menos ameaçados. Pelo contrário! Achei uma grande semelhança entre a cultura do “regateio” e do “passar a perna ao turista parvo” que tinha sentido antes na Ásia.

No fundo, a Tunísia é um país maioritariamente árabe que tem a tradição souk. Então regatear preços está no sangue! No meio de tudo só tive mais pena de não ter conseguido tempo para passear por Túnis e ver o grande souk. Mas entre ele e Sidi Abou Said, eu preferi sem dúvida ir ao último!

A Tunísia foi um país que surpreendeu imenso pela positiva e adorei ver o quanto o país se adaptou e virou a página depois de tantos anos de atentados a turistas que podiam muito bem ter destruído o turismo e as pessoas! Sim, continuamos a ver muita pobreza, mas também vi pessoas fantásticas, super simpáticas, que adoram mostrar o seu país ao estrangeiro e adoram recebê-lo! Senti mais isso quando fomos ao deserto, sem dúvida!

Se fosse uma viagem diferente teria viajado mais pelo país e conhecido mais as cidades e mais os oásis do deserto. Mas, apesar de ter decidido que uma viagem relax era o que mais precisávamos de momento, sinto que aproveitei o melhor possível os dias e tive de facto o melhor dos dois mundos.