Desde que comecei a falar sobre a minha experiência de ERASMUS na Suécia, introduzindo basicamente como eu lidei com a diferença cultural num país completamente diferente de Portugal, algumas perguntas de leitores foram surgindo, principalmente acerca do que é o ERASMUS e como se pode concorrer.
Bem, a verdade é que este programa está muito, se não, só vocacionado para estudantes, de qualquer grau de estudos. E, com o tempo, as faculdades têm aumentado os contratos e parcerias com outras faculdades da Europa (algumas fora dela), de maneira a alargar o leque de escolhas e também fazer com que o maior número de alunos consigam ter uma experiência destas.
Então, ERASMUS é basicamente um programa criado para que alunos de uma determinada faculdade e área de estudos, tenha a possibilidade de estudar ou estagiar fora do seu país, em condições equiparadas às que teria em Portugal, durante o mesmo período de tempo. Isto em papel funcionaria assim, mas a verdade é que o país de destino nunca consegue oferecer as mesmas condições de estudo que receberíamos em Portugal e isso é a mais valia do programa – escolher uma coisa que nos vai enriquecer como pessoas, mas também profissionalmente falando.
E porque é que é tão importante? Porque em Portugal nós receberíamos exactamente a mesma educação que milhares de estudantes iguais a nós, enquanto que, ir para fora, implica uma habituação e enriquecimento muito superiores, misturado com uma educação diferente. Por melhor ou pior que seja essa mesma educação, a verdade é que vai ser diferente, vamos aprender coisas novas com certeza, que farão a diferença no nosso futuro.
Para primeira experiência, eu decidi evitar fazer a parte dos estudos, mas sim optar pelo estágio. Depois há que ser inteligentes nas nossas escolhas, também. Qual é o nosso objectivo em ir para fora? Será que queremos o melhor da educação e da experiência, ou só vamos com o objectivo de nos divertirmos? Eu basicamente só concorri aos melhores países (Dinamarca e Suécia) porque sabia eram os que tinha melhor educação e melhores condições de laboratório, com equipamentos topo de gama. Era esse o meu objectivo em sair do país: investir em algo muito melhor! Depois porquê o estágio? Porque as aulas não têm grande coisa de novo a acrescentar, na minha opinião. O estágio é que nos vai pôr em contacto com o ambiente laboral diferente do nosso para melhor. Então, esses foram os meus critérios de escolha.
Depois, a fase de candidatura passa primeiro por concorrermos junto da nossa faculdade (Serviços Internacionais) dentro do período devido. Na candidatura colocamos para onde pretendemos ir, por ordem de preferência, fazer estágio ou estudos, mais umas informações importantes pessoais para posterior contacto. Depois a selecção é feita de acordo com vários critérios, mas basicamente passa muito pela média dos alunos até aquele instante. Como só há duas vagas por faculdade de destino, então nós até fizemos uma reunião entre os interessados da turma, para não estarmos a concorrer à toa e já termos uma ideia se íamos entrar ou não. Comparámos quem queria ir para onde e as médias de cada um. Então, na hora de concorrermos oficialmente, já sabíamos que íamos mesmo entrar.
Depois, quando sai os resultados com o sítio onde entrámos, começa a troca de correspondência regular com a faculdade para onde vamos. No meu caso, eu escolhi várias coisas importantes, como: as áreas em que pretendia estagiar, a residência em que ia ficar, se ia querer serviço de piquete no aeroporto, etc… Depois também recebi panfletos e montes de informação, por correio, em casa, sobre o clima, país, segurança, essas coisas de dicas úteis que nós gostamos sempre de saber. Então, quando lá cheguei, já ia bem de olhos abertos para o que me esperava.
As visitas aos Serviços Internacionais duraram até ir embora, com uma reunião final com todos os alunos que estavam de partida, com as dicas finais para tomarmos cuidado, levarmos o bom nome da escola lá para fora, sermos trabalhadores, bal bla bla… 🙂 Essas coisas que a faculdade sempre gosta de dizer.
Já lá na Suécia, tudo correu como tínhamos acordado em todos os emails trocados antes, receberam super bem com um dia inteiro dedicado aos novos estudantes, onde faziam mini palestras sobre tudo e mais alguma coisa para não nos sentirmos perdidos durante a estadia. Mas, sejamos sinceros, metade daquilo que estive a ouvir não precisei! Andava tão atarefada nas coisas do dia a dia que nunca mais pus os pés no centro de saúde da escola, por exemplo. Nem fui em nenhuma excursão dos alunos da escola porque, sejamos sinceros, já restava as excursões da residência, que era quem estava comigo todos os dias. E como o tempo passa!!!
Entretanto, informaram nesse dia que havia aulas de sueco disponíveis para os alunos internacionais e nós lá fomos nos inscrever. Mas foi uma mistura de sentimentos porque, por um lado era super interessante aprender uma língua diferente, mas por outro andávamos sempre tão ocupadas com relatórios de estágio, que começou a tornar-se impossível estudar ou fazer trabalhos de casa. Então, ali a meio do curso nós desistimos!
Então, o que é importante reter deste programa: pode ser feito a partir de qualquer faculdade, é preciso unicamente sermos estudantes. Eu reparei que até agora no mestrado, era possível eu fazer ERASMUS no estrangeiro. Mas, infelizmente, com o trabalho que tenho agora é impossível eu fazer, com muita pena minha. O que eu vou fazer em Moçambique é algo a título pessoal, no mais curto espaço de tempo, só para recolher o que preciso para a tese. Nem sei como será com o apoio por parte da faculdade. Por outro lado, no programa ERASMUS, há sempre um apoio da faculdade em todo o tempo, com aconselhamento e tudo mais. Cada faculdade tem as suas parcerias, basta ir junto dos Serviços Internacionais e perguntar. Eu recomendo. É uma experiência fantástica!