ERASMUS – O que é e como concorrer?

Desde que comecei a falar sobre a minha experiência de ERASMUS na Suécia, introduzindo basicamente como eu lidei com a diferença cultural num país completamente diferente de Portugal, algumas perguntas de leitores foram surgindo, principalmente acerca do que é o ERASMUS e como se pode concorrer.

Bem, a verdade é que este programa está muito, se não, só vocacionado para estudantes, de qualquer grau de estudos. E, com o tempo, as faculdades têm aumentado os contratos e parcerias com outras faculdades da Europa (algumas fora dela), de maneira a alargar o leque de escolhas e também fazer com que o maior número de alunos consigam ter uma experiência destas.

Então, ERASMUS é basicamente um programa criado para que alunos de uma determinada faculdade e área de estudos, tenha a possibilidade de estudar ou estagiar fora do seu país, em condições equiparadas às que teria em Portugal, durante o mesmo período de tempo. Isto em papel funcionaria assim, mas a verdade é que o país de destino nunca consegue oferecer as mesmas condições de estudo que receberíamos em Portugal e isso é a mais valia do programa – escolher uma coisa que nos vai enriquecer como pessoas, mas também profissionalmente falando.

E porque é que é tão importante? Porque em Portugal nós receberíamos exactamente a mesma educação que milhares de estudantes iguais a nós, enquanto que, ir para fora, implica uma habituação e enriquecimento muito superiores, misturado com uma educação diferente. Por melhor ou pior que seja essa mesma educação, a verdade é que vai ser diferente, vamos aprender coisas novas com certeza, que farão a diferença no nosso futuro.

Para primeira experiência, eu decidi evitar fazer a parte dos estudos, mas sim optar pelo estágio. Depois há que ser inteligentes nas nossas escolhas, também. Qual é o nosso objectivo em ir para fora? Será que queremos o melhor da educação e da experiência, ou só vamos com o objectivo de nos divertirmos? Eu basicamente só concorri aos melhores países (Dinamarca e Suécia) porque sabia eram os que tinha melhor educação e melhores condições de laboratório, com equipamentos topo de gama. Era esse o meu objectivo em sair do país: investir em algo muito melhor! Depois porquê o estágio? Porque as aulas não têm grande coisa de novo a acrescentar, na minha opinião. O estágio é que nos vai pôr em contacto com o ambiente laboral diferente do nosso para melhor. Então, esses foram os meus critérios de escolha.

Depois, a fase de candidatura passa primeiro por concorrermos junto da nossa faculdade (Serviços Internacionais) dentro do período devido. Na candidatura colocamos para onde pretendemos ir, por ordem de preferência, fazer estágio ou estudos, mais umas informações importantes pessoais para posterior contacto. Depois a selecção é feita de acordo com vários critérios, mas basicamente passa muito pela média dos alunos até aquele instante. Como só há duas vagas por faculdade de destino, então nós até fizemos uma reunião entre os interessados da turma, para não estarmos a concorrer à toa e já termos uma ideia se íamos entrar ou não. Comparámos quem queria ir para onde e as médias de cada um. Então, na hora de concorrermos oficialmente, já sabíamos que íamos mesmo entrar.

Depois, quando sai os resultados com o sítio onde entrámos, começa a troca de correspondência regular com a faculdade para onde vamos. No meu caso, eu escolhi várias coisas importantes, como: as áreas em que pretendia estagiar, a residência em que ia ficar, se ia querer serviço de piquete no aeroporto, etc… Depois também recebi panfletos e montes de informação, por correio, em casa, sobre o clima, país, segurança, essas coisas de dicas úteis que nós gostamos sempre de saber. Então, quando lá cheguei, já ia bem de olhos abertos para o que me esperava.

As visitas aos Serviços Internacionais duraram até ir embora, com uma reunião final com todos os alunos que estavam de partida, com as dicas finais para tomarmos cuidado, levarmos o bom nome da escola lá para fora, sermos trabalhadores, bal bla bla… 🙂 Essas coisas que a faculdade sempre gosta de dizer.

Já lá na Suécia, tudo correu como tínhamos acordado em todos os emails trocados antes, receberam super bem com um dia inteiro dedicado aos novos estudantes, onde faziam mini palestras sobre tudo e mais alguma coisa para não nos sentirmos perdidos durante a estadia. Mas, sejamos sinceros, metade daquilo que estive a ouvir não precisei! Andava tão atarefada nas coisas do dia a dia que nunca mais pus os pés no centro de saúde da escola, por exemplo. Nem fui em nenhuma excursão dos alunos da escola porque, sejamos sinceros, já restava as excursões da residência, que era quem estava comigo todos os dias. E como o tempo passa!!!

Entretanto, informaram nesse dia que havia aulas de sueco disponíveis para os alunos internacionais e nós lá fomos nos inscrever. Mas foi uma mistura de sentimentos porque, por um lado era super interessante aprender uma língua diferente, mas por outro andávamos sempre tão ocupadas com relatórios de estágio, que começou a tornar-se impossível estudar ou fazer trabalhos de casa. Então, ali a meio do curso nós desistimos!

Então, o que é importante reter deste programa: pode ser feito a partir de qualquer faculdade, é preciso unicamente sermos estudantes. Eu reparei que até agora no mestrado, era possível eu fazer ERASMUS no estrangeiro. Mas, infelizmente, com o trabalho que tenho agora é impossível eu fazer, com muita pena minha. O que eu vou fazer em Moçambique é algo a título pessoal, no mais curto espaço de tempo, só para recolher o que preciso para a tese. Nem sei como será com o apoio por parte da faculdade. Por outro lado, no programa ERASMUS, há sempre um apoio da faculdade em todo o tempo, com aconselhamento e tudo mais. Cada faculdade tem as suas parcerias, basta ir junto dos Serviços Internacionais e perguntar. Eu recomendo. É uma experiência fantástica!

A experiência de viver em Estocolmo, na Suécia! – Capítulo 4

Depois de tanto falar sobre as atracções turísticas da cidade, lembrei-me que tinha lá escondido nas minhas recordações, um evento super importante que pude assistir, o Valborg! Não é que tudo falava nisso? E um pouco por toda a cidade todos se reuniram para assistir a este grande evento, que marca o início da época quente.

E com o Valborg veio também a lembrança que eu ainda não falei nada sobre tradições e costumes. Como é que é o povo sueco? Como é que eles lidam com emigrantes, por exemplo? Será que são respeitadores ou nem por isso? Quando planeamos sair do nosso próprio país, é importante sabermos onde nos vamos enfiar e se vamos ser bem recebidos.

Tudo bem que não é a primeira coisa que pensamos, mas quando caímos no real de que estamos de partida, aí cai também a ficha se vamos ou não ser bem recebidos e o que está afinal à nossa espera no outro lado. Foi assim comigo! E também foi o que me custou um bocadinho a habituar.

No entanto, para mim até foi estranho a dobrar, porque eu estava integrada no meio de povos de todo o mundo. cada um tinha a sua mania e tradição e cada um tentava impor a sua personalidade ali no meio da amálgama de almas que viviam todas juntas. Então, momentaneamente até nos esquecíamos que estávamos no meio de suecos, que eles estavam lá fora da residência.

Cada vez que saía para a vida do dia-a-dia, lá estava aquele povo, que eu aprendi a conviver e reconhecer. Sim, é uma questão de hábito, mas onde é que isso não existe? A verdade é que, para onde formos vamos encontrar pessoas diferentes de nós. Mesmo que emigremos para o sul da Europa, onde aparentemente há latinos como nós.

Não! A cultura muda, mesmo dentro de um mesmo país, e isso pode ser um motivo para que não nos consigamos habituar a viver em determinado país. Então, como são os suecos?

A minha impressão inicial, quando batemos de frente com um, aparte o aspecto exterior loiro e delgado, é o fazem transparecer – frios! Sim, frios como o próprio clima que têm e que eu às tantas já acho que influencia. A verdade é que quando lá cheguei não comecei logo nas tarefas laborais de casa-trabalho-casa, então demorei um bocadinho a perceber a outra faceta deles.

Eles são óptimos a receber portugueses!!! Adoram-nos!!! Aliás, eu acho que eles têm um carinho especial em receber pessoas novas e tentar que se sintam em casa. Pelo menos quando sabem que vimos com boas intenções. Eles adoram mostrar o quão bons eles são, o quão organizados e eficientes são, etc etc…

Ou seja, a maneira melhor que têm de nos mostrar que tudo funciona bem e é perfeito, é tratar-nos muito bem! Mas atenção! Eu ia em regime temporário e de estudante e tal! Mas tenho algumas pessoas que, em conversa, me foram avisando que quando o assunto é trabalho, a coisa pode ser um pouquinho mais complicada.

Não é que, de um momento para o outro, comecem a tratar mal, nada disso, mas arranjam forma de complicar a vida a quem tente chegar ao país, sem trabalho à vista, e tente na hora arranjar alguma coisa. A tendência é usarem a burocracia para atrasar e desesperar tudo e todos. Então, começam por só dar trabalho a quem tenha cartão de residência e depois só dão o cartão a quem esteja a trabalhar. Um ciclo vicioso que só acaba em algumas situações e, infelizmente, acaba por tornar o regresso a Portugal uma opção mais fácil e inevitável.

Tudo isto, porque em tempos abriram demais as suas portas a refugiados de países em guerra, como iranianos, turcos, enfim… Muita gente diferente, de todo o mundo, está neste momento a trabalhar na Suécia. Na minha área então era mais fácil encontrar alguém não sueco do que sueco, só para terem uma ideia. Tudo isto criou uma certa preocupação no país, que criou esta forma de tentar fechar um pouco as hipóteses de trabalho a estrangeiros.

Dentro dos trabalhos também acontece que as melhores oportunidades estejam apenas reservadas a suecos, como forma de patriotismo, diria eu. Mas, a verdade é que nem sempre é assim e, apesar de tudo, eles conseguem sempre demonstrar uma grande cortesia por nós e respeitam bastante. Eu lembro-me deles super prestáveis e simpáticos a tentarem sempre agradar-me e a oferecerem-me montes de coisas, a fazer muitas perguntas. Enfim… eu sei que se calhar é por ser estudante e eles querem ficar bem vistos lá fora, mas ainda assim são uns amores quando nos começam a conhecer. A maioria, eu tenho a certeza que é assim.

Depois, pela rua, e em lojas, o mais provável é cruzarmo-nos com carrancudos, mal-dispostos. Ahahah o oposto, com certeza. Não têm muita fama de ser simpáticos, mas sim frios como o clima. Mas também, né? Se eu vivesse todo esse tempo com frio e tempo cinzento, acho que não ia resistir a deixar-me influenciar.

Depois são organizados!! Muuuito organizados e os melhores em tudo. Têm as melhores faculdades, o melhor ministro, a melhor economia, as melhores descobertas científicas!! Tudo de bom são eles! A verdade é que muitas vezes, para isso, usam os melhores de outros países para chegarem lá. Isto porque, pela Europa e não só, há sempre pessoas mal reconhecidas, principalmente estudantes ou jovens, que aproveitam um país destes para conseguir aquilo que nunca chegam a alcançar no seu país de origem.

A Suécia dá mestrados, incentiva a investigação, etc etc… Tudo para atrair os melhores. E no fim, dá uma mega festa de recepção para que nos sintamos em casa.

Os hábitos do dia-a-dia passam, essencialmente pelo fika, que é quase sagrado! É o chá da tarde deles, acompanhado de bolinhos, que cada um trás e que partilha entre todos. Todos se juntam e bebem café, ou chá, com muita conversa e risada à mistura. Momento em que para tudo!! Não falha!

No que toca a festividades eu só assisti ao Valborg, onde fazem uma enorme fogueira para celebrar a chegada da Primavera e do tempo bom. Eu assisti ao Valborg no jardim zoológica da cidade, mas a verdade é que neste dia é só escolher entre as várias fogueiras da cidade, qual a zona preferida para passar as horinhas do fim do dia, até a fogueira se apagar.

No Verão, mesmo depois de me vir embora ainda celebraram a chegada do Verão, no dia do Solstício, onde é a noite mais pequena do ano, ou melhor, a ausência dela! 🙂 Estes são os eventos mais importantes, mas ainda vou referir o Natal, que também não assisti (cheguei um pouquinho depois). Eles têm o hábito de pôr um candelabro na janela, que fia lá até eles se lembrarem de tirar. Super engraçado! Lembro-me de em Fevereiro ainda ver alguns candelabros pelas janelas.

Muito mais havia para dizer. Mas este é apenas um cheirinho do que se pode encontrar pela Suécia e pelos suecos!

A experiência de viver em Estocolmo, na Suécia! – Capítulo 3

Já muito tenho adiantado sobre a vida em Estocolmo, e no capítulo passado, eu quase toquei em tudo o que é fundamental saber. Mas hoje, decidi falar um bocadinho mais sobre a acomodação e mostrar mais fotos do que é viver em comunidade num meio de estudantes, mas também realçar que existem Hostels muito bons pela cidade. Também a questão do transporte e locomoção pela cidade e país tem um peso importante, até para quem está a chegar à cidade pelos aeroportos. Que decisões tomar?

4. Acomodação, qual a melhor opção?

Este tópico da acomodação eu deixei em pergunta porque realmente depende muito do propósito que o traz à cidade. Se vem visitar por uns dias, vem trabalhar, estudar, se a conta está recheada, ou nem por isso. Existe uma infinidade de opções para todos os gostos, o difícil é decidir (ou até não!!). 🙂

Eu fui na qualidade de estudante-estagiária e mesmo assim tive várias opções de alojamento: podia ter optado por alugar casa de foram independente, ou ficar numa das várias residências de estudantes espalhadas pela cidade. Decidi-me pela opção mais económica, mesmo no meio das várias residências que tinha em cima da mesa.

Mas regra de ouro: quanto mais extras e particularidades tem um determinado alojamento, mais vai pesar na bolsa, e não é só um pouco mais. Como tinha dito no Capítulo do Custo de Vida, Estocolmo é uma cidade cara. Então, o preço do aluguer ou mesmo dos Hotéis/Hostels sobem muito rápido, porque a tendência é já serem caros de base.

Se o interesse é ficar uns dias pela cidade e a bolsa não está rota (ou seja, não quer gastar muito), o ideal é optar por uns Hostels, e eu garanto que eles dão uma experiência super agradável do que é a vida em Estocolmo. Eu vou dar a dica dos Hostels na ilha de Gamla Stan só! E isso tem uma razão de ser! Já que vai pagar por um Hostel, ao menos fique na zona mais central, bonita e badalada, da cidade. Eu garanto que Gamla Stan não vai desiludir, porque constitui o centro histórico da cidade, e está cheia de bares e restaurantes para todos os gostos e estilos. Tem até uma rua dedicada a cada coisa. Tem a praça mais conhecida e fotografada de Estocolmo e até é o principal cartão postal para o mundo. Tudo razões para ficar por aqui! Ah, já ia esquecendo, tem também metro e comboio, óptimo para chegar e sair da cidade sem problemas.

Para quem tem uma maior abertura no que toca a gastar dinheiro, a cidade está cheia de hoteis óptimos espalhados principalmente pelas restantes ilhas. Eu não sei muito acerca deles porque não experimentei nenhum, mas só as marcas já dão para perceber que ali é bom. Então, é só escolher um deles e experimentar. Quase todos estão igualmente bem localizados.

Para quem vem por semanas ou meses trabalhar sugiro alugar quarto ou casa. Aqui a política é partilhar casa com outras pessoas, que vai aumentando o número, consoante aumenta os metros quadrados disponíveis. É esquisito? Ao início talvez, mas com o tempo eu acho fundamental até porque o preço de uma casa é caríssimo e suportar tudo sozinho é tarefa ingrata ou quase impossível. As intenções até podem ser boas, mas depois de muito procurar vai perceber que é muito difícil arranjar algo aceitável, que seja em conta e não partilhado. Por isso, espírito sueco e bola para a frente, sem dramas!

Por último, a minha experiência única. Para quem é estudante, seja de que grau for, eu recomendo vivamente viver numa residência de estudantes. A qualidade delas por aqui depende do dinheiro que se quer pagar, mas no fundo o que vale é o espírito da residência em si. Eu fiquei em Jagargatan e digo: partilhei cozinha, duche, wc, lavandaria, sala de estar, mas também partilhei amigos, festas, convívio, comidas típicas, culturas distintas, brincadeiras e muito mais. Tudo coisas que não tem preço em parte nenhuma do mundo.

5. Locomoção dentro e fora da cidade

Para quem vem por uns dias, o ideal é comprar um passe logo no aeroporto, consoante os dias que vai estar na cidade. O passe não é caro e dá acesso a todos os meios de transporte da cidade: metro, comboio, eléctrico e barco. Tudo ilimitado, para não nos preocuparmos com mais nada durante a estadia aqui.

Mas para quem vem por mais tempo, aí já recomendo a compra de um passe mensal, que difere entre preço estudante e preço normal. A diferença ainda é abismal, já que os estudantes pagam com 50% desconto os já referidos 50€ (mais coisa, menos coisa). Mas, enfim, não há mais nada a fazer, se o interesse é ficar por aqui mais tempo.

O aeroporto principal da cidade é o Arlanda Airport, que tem uma estação de comboios, que vão directos para o centro da cidade (1h de caminho). E agora começa a trafulhice. Supostamente esta rede está incluída no passe que comprámos, mas para quem entra e sai na estação do aeroporto tem de pagar taxa à entrada/saída de 7€. Mesmo com passe. O que eu fazia, quando ia buscar alguém ao aeroporto, ou levar, era sair noutra estação antes, e apanhar um autocarro até ao aeroporto, mas isto torna-se penoso fazer se estamos carregados de malas pesadas, ou para quem está pela primeira vez na cidade.

Então nas vezes que eu ia com a tralha toda atrás, optei sempre por sair na estação do aeroporto e pagar a taxa, porque às vezes o conforto vale mesmo os 7€ e assim não temos de nos chatear tanto. Mas ainda há um expresso, com o nome do aeroporto, que chega bem mais rápido ao centro de Estocolmo. Eu nunca o usei e, garanto, o preço que é não justifica, a não ser que esteja com muuuita pressa.

No dia-a-dia da cidade eu usava muitas vezes o comboio e o metro, que quase se confundem por ambos serem rápidos e eficientes demais. Mas, a verdade, é que por a cidade ser em ilhas, também há um sistema de barcos que transportam de uma ilha para outra. Transporte público mesmo! Eu só usei quando o Carlos esteve de visita porque para o dia-a-dia de trabalho não acho que tivesse sido de todo importante para mim. Mas para quem está de visita acho super engraçado aproveitar que está incluído no passe dos transportes. E assim vai conhecendo as várias ilhas principais da cidade.

Os comboios ditos urbanos ainda têm um mapa de linhas super esticado até à periferia, que dá para visitar os castelos e palácios de verão que não estão no centro da cidade. Mas, se estiver mais tempo e quiser ver um bocadinho mais do país, na Estação Central partem comboios que vão para todas as partes do país. Eu estive quase quase a aproveitar um último fim-de-semana sem trabalho para ir conhecer Gotemburgo, mas depois não fomos porque o preço do comboio subiu bastante. Este é um inconveniente destes comboios, são um pouco caros!

A experiência de viver em Estocolmo, na Suécia! – Capítulo 2

Quando pensamos em viver fora do nosso país, algo muito importante que ponderamos sempre é o custo de vida. Pois bem, o post desta semana vai ser inteiramente dedicado a esta área, que tantas dúvidas causam na altura de sair do país e é tão complexa. Porque envolve tocar em muitas áreas, cada uma com o seu custo.

3. Custo de vida 

O custo de vida na Suécia é, de uma forma geral, caro. Não há volta a dar, é um país caro, como de resto são todos os países da Escandinávia. A moeda é a Coroa Sueca e não o Euro, o que por si só já faz alguma diferença. O custo de vida, se for bem analisado não é nada demais comparando que o ordenado mínimo lá é de 2000€, o que faz com que uma pessoa viva bastante bem, mesmo com as coisas caras.

Aliás, as coisas só são caras para os pobres do sul da Europa que vêm passar férias ou mesmo viver durante algum tempo, a fazer estágio, como foi o meu caso. Então, se o objectivo é vir viver sem receber ordenado sueco, convém ter um pé de meia interessante já de Portugal, caso contrário vai ser complicado suportar as despesas.

Então dividindo os custos em várias áreas, posso começar pelos bens essenciais para a alimentação. Como eu tinha falado no post anterior acerca da alimentação, eles têm um padrão próprio de gastronomia, em que algumas coisas que para nós são óbvias, para eles não são. Então, se teimarmos em continuar a fazer uma comidinha caseira portuguesa poderemos gastar mais do que se formos introduzindo as receitas suecas.

Isto é válido para alimentos como o peixe, a maior parte da fruta e alguma carne. Depois há bens essenciais como a batata, o arroz, a massa, os cereais que também ficamos com a cara a banda a olhar para os preços. Isto porque eles são mais do dobro do que seriam em Portugal. O pão também é o drama de não encontrarmos o típico pão português por menos de 5€. De vez em quando ainda nos damos ao luxo de o comprar para matar saudades, mas só o dinheiro que gastamos nele, convém termos a certeza absoluta que é de qualidade!

Se for para comer fora, quer em restaurantes, take-away, bares ou discos, tudo eleva ainda mais! Eu tinha um cafézinho de eleição na zona antiga de Estocolmo (Gamla Stan), que vou apresentar ao pormenor porque realmente vale a pena. Mas eu aqui pagava 7€ por um bolo e algo para beber (chocolate quente, café), apesar de as proporções serem enormes. Por isso era de eleição!

Restaurante tinha um que adorava, italiano, e que era super chique e com um óptimo ambiente, e o mais barato dentro do caro (também vou apresentar melhor). Take-away/restaurante de pizza havia por trás da minha residência e também era barato dentro do caro. Então muitos estudantes da residência iam lá buscar pizzas para as nossas festinhas e não só.

Bebidas eram caríssimas, lembro-me de gastar 7€ numa cerveja, que apesar de ser típica etc etc, não justifica o dinheiro nunca na vida. Mas pronto, não há mesmo escapatória porque tem a ver com as taxas aplicadas pelo estado nas bebidas alcoólicas.

Depois o alojamento acompanha o caro também. Alugar casa não sai menos que 400€ e é um cubículo subterrâneo, que até pode estar bem decorado, mas não deixa de ser cubículo e subterrâneo. Por causa do preço das casas, eles muitas vezes optam por dividir com outras famílias, então em vez de pagar 800€, paga 400€. Hoteis não experimentei nenhum porque não precisei, mas quando fui a uma ilha a sul, pertença sueca, ainda paguei 50€ por um mini mini mini quartinho, com casa de banho partilhada, cozinha partilhada, enfim, tão a ver o estilo. Então acredito que em Estocolmo a coisa piore muito e quanto melhor for o hotel, pior ainda.

Eu vivi numa residência, onde pagava 350€, mais ou menos, por mês. O que lá é muito normal mas eu não achava piada, porque o quarto era pequeno e dividíamos tudo o resto com mais 30 pessoas. É super giro conhecer pessoas novas e partilhar aventuras, experiência para a vida (eu sei disso tudo!!!), mas a verdade é que cada um tem uma maneira de encarar as suas rotinas e mesmo os horários de trabalho são diferentes.

Mas tenho de admitir que cada vez que um ia embora eu chorava de saudade! 🙂 Sei que muito provavelmente não vou voltar a vê-los.

Transportes também super caros. Para o comum dos mortais é cerca de 100€, para estudantes é 50€. Mas mesmo assim não é mau de todo porque dá para usar mesmo em comboios e barcos (Estocolmo é formado por várias ilhas), então com este passe eu ia para vilas nas redondezas.

Vou incluir também a parte da diversão, tipo desportos de Inverno, entre outras coisas. É assim, em relação à diversão, bilhete de museu, bilhete de pista de gelo, e por aí fora, não achei que variasse muito do que é feito cá em Portugal, isto porque eu já acho que em Portugal eles se esticam. Então toda a gente se estica! Esta é a sensação que fica. Não adianta o país que seja, na hora da diversão, a malta gosta de cobrar.

E pronto, acho que foquei no essencial! Era para esticar ainda um bocadinho e falar sobre as opões de acomodação e como escolher, mas como eu previa, a área do custo de vida é enorme e já encheu o post. Com isto já toquei em partes que noutros posts vou aprofundar um pouco mais. 🙂

A experiência de viver em Estocolmo, na Suécia! – Capítulo1

Vai fazer dois anos (já!!!) em Janeiro que eu fui viver para Estocolmo, e lá fiquei até Junho desse ano, contabilizando quase 6 meses. Foi a cidade que elegi para me acolher durante o programa Erasmus, que teve como base principal o estágio na minha área (laboratórios hospitalares), mas também a apresentação de relatórios de tudo o que fazia. Ou seja, o tempo para conjugar estas duas coisas tirou-me a capacidade de apreciar tudo o que a Suécia tinha para dar e também a possibilidade de visitar mais países à volta.

Mas mesmo assim, ainda corri de uma ponta à outra Estocolmo, visitei algumas cidades/vilas da Suécia (a maior parte nas redondezas de Estocolmo) e fiz um cruzeiro à Finlândia (Helsínquia). Tudo isto vou contar ao pormenor em posts dedicados a cada tema. Mas hoje propus-me a escrever a minha opinião e experiência pessoal do que é viver num país diferente, principalmente um país tão diferente como este (Escandinavo).

Vou abordar os temas que para mim são fundamentais para quem pensa viver neste país em vários capítulos (para não ser maçador), mas se houver, no final, algum aspecto que não foquei e que tenham dúvidas ou interesse em saber, é só comentar em baixo e eu esclareço, ou então faço um post dedicado ao assunto, se for conveniente.

1. Clima, temperatura e horas de Sol

O clima foi o primeiro que me veio à cabeça talvez porque foi um dos aspectos que mais me fez confusão e mais reservas me deu na adaptação. Eu cheguei em Janeiro, ou seja, em pleno Inverno. E se não há motivos para dramas num qualquer país do sul da Europa, a verdade é que o caso muda de figura quando falamos na Escandinávia (norte da Europa).

As ruas estavam cheias de neve, o que até se tornou num suplicio na hora de carregar com as malas pesadas, desde o comboio até casa. E depois não é só isso. Até aqui eu sempre tinha achado a neve fofinha e bonitinha nas fotos. Mas viver constantemente enterrada na neve fez-me confusão.

Até uma simples saída à rua para ir às compras, implicava vestir-me até ao tutano de roupa, calçar botas de neve quase do meu tamanho e rezar para não escorregar no gelo e cair no chão. Óbvio que mais cedo ou mais tarde isto acabou por acontecer e logo quando estava rodeada de amigos.

Depois a neve descongela e volta a congelar e então são possas de água por todo o lado que é igual a lama e que é igual a formação de gelo, quando a neve é calcada durante algum tempo. Com o tempo, uma pessoa começa a diferenciar bem o que é escorregadio do que não é, mas até lá ainda apanhei muitos sustos e ataques cardíacos, ao sentir o meu corpo a deslizar de repente.

Depois o dia acaba rápido, num segundo ficou de dia no outro já se está a pôr o sol. Claro que não é assim tão rápido, mas no Inverno o sol nasce tarde (9h) e põe-se cedo (15h), isto falando já de Janeiro.

Mas à medida que avança para a Primavera, a coisa começa a melhorar e aos poucos a neve dá lugar à lama, que dá lugar ao friozinho só. Ali por volta da Páscoa eu lembro-me que vim passar a semana a Portugal e ainda havia neve pelas ruas, e quando cheguei já só havia umas poças aqui e ali.

Depois o mesmo se aplica às horas de sol, que em Junho até se chama o sol da meia noite, e é bem verdade. É um eterno pôr-do-sol, que se transforma em dia por volta das 2h da manhã. Eu lembro-me de estar a falar até tarde com o Carlos num fim-de-semana e de repente abro a cortina e está dia. Com passarinhos a cantar. E adormecer assim? Hahaha lindo!

Claro que para quem viveu o Inverno rigoroso, 16º é tempo óptimo para bronzear ao sol de biquíni e até fazer uma praia. E foi mesmo isso que fiz! Ainda me lembro de quando vim a Portugal, suar de calor assim que saí do aeroporto e toda a gente à minha volta estava com casaco de Inverno. E em Maio quando o Carlos me foi visitar eu estava muito bem de manga curta e ele de casaco, por exemplo.

2. Comprar no supermercado e comida típica

Também senti muita falta da minha comidinha caseira tradicional portuguesa :). Acho que nós só sentimos falta quando ficamos sem ela. Bem, comprar no supermercado foi um desafio nos primeiros tempos porque a língua é totalmente diferente e o tipo de comida também. Ou seja, o que para nós é básico, para eles pode não ser assim tanto, então não está completamente visível no supermercado.

Depois o ideal é começar a improvisar. Não significa que mudemos radicalmente os nossos hábitos alimentares do dia para a noite, mas que adaptemos o que costumamos fazer com algumas ideias gastronómicas suecas. Ou então vamos chegar ao ponto de estar a comer sempre o mesmo durante meses a fio, porque não sabemos cozinhar comida sueca.

Eu aprendi algumas coisas nesta área, mas como eles utilizam muito molhos e comem quase nenhum peixe (só salmão), então a minha alimentação foi muito à base do frango, salmão, lombo de carne, almôndegas e sopas. Mesmo assim tinha algumas reticências a comprar carne porque nunca se sabia de que animal era aquilo e à vezes até dizíamos na brincadeira que podia ser de veado! 🙂

Mas o porquê de não me ter aventurado muito na cozinha sueca? Em primeiro lugar eu literalmente aprendi a cozinhar na Suécia e em segundo lugar não fazia comida só para mim mas para a minha colega (que me acompanhou no Erasmus) também. Ou então era ela a fazer. E ela não gostava de molhos, entre outras coisas, muito típicas na cozinha sueca. E então isso limitou um pouco o leque de escolhas.

Doces típicos são o Bolo de creme de amêndoa Semla e uns bolinhos de canela, os kanelboula (não sei se é mesmo assim que se escreve), que este último também há à venda no Ikea. E depois são doces e gomas no geral. Nunca vi um povo que gostasse tanto de doces.

O leite e o pão também merecem um comentário à parte porque foram dos bens essenciais mais dificeis de escolher e comprar. Para já o leite só havia a vender em garrafas de 1 litro (pelo menos nos supermercados perto de casa), e depois tinha três níveis diferentes de gordura. No entanto, mesmo o mais baixo tinha mais gordura que o nosso leite normal, então ao início pode-se estranhar um bocadinho depois de aquecido. O pão também não há a carcaça, ou mesmo o típico pão de cortar à fatia, num supermercado normal. Ou se há, é caríssimo mesmoooo! Então, o que há? Pão de forma! E foi este o único pão que eu comi lá. Por isso emagreci tanto!

As bebidas alcoólicas lá eram vendidas numa loja só dedicada a isso, e todos tinham de apresentar o bilhete de identidade na hora de pagar. Mas era engraçado porque essa loja tinha bebidas de todas as partes do mundo, então nós ainda comprámos moscatel uma vez para dar a provar ao pessoal que morava connosco.