Peripécias chinesas e balinesas!

Como não podia deixar de ser, uma viagem à Ásia não estaria completa se não trouxesse na bagagem uma mão cheia de histórias e peripécias rocambolescas que na altura não têm tanta piada assim mas que eu acho serem inevitáveis. E no regresso a casa servem para animar vários serões e jantares com família e amigos. Sim, eu aprendi a relativizar tudo mesmo. E já não acredito em viagens sem história, onde tudo corre exatamente como planeado. Se isso me assusta? Nem um pouco. Pelo contrário! Quando inicio uma viagem destas já estou a rir e a tentar imaginar que peripécias vão acontecer desta vez.

No interior do avião que nos levaria para Hong-Kong!

E esta viagem não foi de todo excepção. Aliás, aconteceu tanta coisa estranha que eu tenho até medo de não me lembrar de tudo. Ahahaha Mas começando do início, lá em Macau! Nesta viagem eu e o Carlos decidimos que era melhor só levar Euros e irmos destrocando em cada país que fôssemos passando. Até aí tudo bem! Mas acontece que nesta viagem o Carlos ficou particularmente paranóico com o sítio onde ia deixar o dinheiro e lembrou-se que seria boa ideia colocar todos os euros que tínhamos levado para a viagem no cofre do hotel em Macau.

No elevador do hotel de Macau, longe de imaginar que no dia seguinte os Euros iam cá ficar!

E sabem quando algo vos diz que não é de todo boa ideia? Então eu aviso que se calhar é boa ideia colocar um alerta no telefone para evitar deixar lá o dinheiro para todo o sempre mas o Carlos desvaloriza e diz que já está mais que habituado a deixar dinheiro nos cofres dos hotéis que passa nas viagens em trabalho e blá blá blá…

Ok, eu assumi que era batalha perdida até chegarmos à hora de pagar a refeição no interior do avião que nos levava para Bali e ele perceber que de facto a mulher tinha toda a razão e de facto toooodos os euros da viagem tinham ficado no cofre do hotel em Macau. PÂNICO!! Muito pânico! Muito suor frio! Foram as horas mais longas de voo que eu já tive até hoje. Eu não via a hora de aterrar e ligar rapidamente para o hotel de Macau. Mas já via os piores cenários a acontecer, obviamente! Comecei logo a mentalizar para a possibilidade de realmente nunca mais pôr a vista em cima daquele dinheiro. E enfim… foram os momentos mais complicados de toda a viagem e quando chegámos ao aeroporto e consegui falar com o gerente do hotel de Macau eu já estava quase em lágrimas.

No aeroporto de Macau, prestes a embarcar no voo rumo a Bali! E os Euros a serem deixados para trás, no cofre do hotel!

Mas felizmente, depois de alguma explicação, eu recebi a óptima notícia de que o dinheiro tinha sido encontrado e estaria lá no hotel guardado até que alguém fosse buscar. Apenas pediram para eu enviar por mail o meu passaporte e uma breve explicação da história para que eles abrissem o processo e ficasse tudo registado.

Já em Bali eu recebi a resposta deles com as notas que tinham sido encontradas no cofre (tudo batia certo) e também a garantia de que o dinheiro ficaria no cofre principal do hotel até eu pessoalmente o ir buscar. E quando meus caros? A única solução e mais viável foi no regresso a Hong-Kong. Ou seja, no primeiro dia que eu tinha para passear por Hong-Kong, eu na realidade perdi várias horas para poder ir a Macau levantar todo o meu dinheiro que era suposto servir para as férias, que entretanto já estavam no fim. Belíssima história né? Então agora imaginem a querida Maria com a mochilita às costas, sozinha, a apanhar o ferry para Macau, fazer todo o percurso a pé até ao hotel e voltar para o ferry novamente, rumo a Hong-Kong, onde entretanto o caos do homem do hotel que não deixava fazer check-in, já se estava a desenrolar.

Aeroporto de Hong-Kong, na chegada!

Mas a história que tinha tudo para correr mal terminou da melhor forma. Então a partir do momento que chegámos a Bali e arrumámos tudo isto de lado, tomámos a decisão de ir levantando dinheiro a partir dali, até ao fim da viagem. Levantámos dinheiro em Bali e levantámos dinheiro em Shanghai, sítio onde o Carlos mais uma vez teve outro momento alto da viagem e deixou o multibanco dele dentro do terminal ATM. E agora estão a pensar vocês que isto é mau demais para ser verdade né? Pois, eu por esta altura também já achava demasiado surreal, mas aconteceu tudinho vos garanto!

Logo após resolver a situação dos Euros “abandonados” tirei esta foto no WC do aeroporto de Kuala Lumpur, onde fizemos escala para Bali! A minha cara diz tudo, mas mesmo assim fui trocar de roupa (já estava calooor!) e lavar a cara porque Bali estava a umas horinhas de avião e estava na hora de continuar a curtir a viagem! 🙂

Quando chegámos a Shanghai e depois de ter uma hora de check-in “fantástica” a falar para uma App de telemóvel que traduzia tudo para chinês enquanto resolvíamos a questão do homem do hotel ter decidido cancelar o nosso quarto por falta de comparência, o Carlos descobriu que estava sem multibanco quando foi comprar qualquer coisa para comermos à grocery store mais próxima.

Então eram exatamente 3h da manhã quando estávamos ainda a fazer telefonemas para Portugal a pedir para que cancelassem o dito cartão e a tentar perceber se tinha havido mais algum gasto desde o nosso levantamento. Mas parece que, mais uma vez, dentro da desgraça, tudo correu o melhor possível e a conta estava intacta. Ficámos sem cartão mas e daí? Ainda tínhamos o meu cartão e o cartão de crédito. E pronto, tudo arremedado até ao final da viagem! Como agora os cartões eram meus, tudo ficou pacífico nesta área! xD

O avião da Virgin Atlantic que nos levou de Londres para Hong-Kong! 😛

No entanto desenganem-se aqueles que acham que o Carlos ficou por aqui! Nãããão! Ainda em Bali tivemos uma noite de tensão quando ele julgou que tinha perdido o nosso disco externo, que basicamente tem toda a minha vida lá dentro. Desde fotos das viagens até documentos super importantes do meu doutoramento. Mas quando eu já pensava em retirar-lhe das mãos todos os objetos de valor, lá percebemos que afinal o disco externo tinha sido “capturado” pelo nosso amigo que tem um exatamente igual e julgou que aquele era o dele!! Ahahaha enfim, estão a ver o filme!

No capítulo perdas a cena ficou de facto por aqui!

Já no capítulo horrores da hotelaria chinesa houve todos os horrores que fui falando ao longo de vários posts mas que basicamente passaram por muita cabeça dura chinesa, e por duas vezes ficámos quase apeados sem hotel para ficar. Mas tudo se resolveu!

E hoje, olhando para trás, fica a certeza que a Ásia não cessa de me surpreender e são todas estas peripécias que me fazem adorá-la, que me fazem adorar viajar e partir já amanhã para o destino mais exótico e improvável possível.

Ásia 2019: como fiz a mala?

Um dos maiores desafios das viagens longas é justamente todo o processo que envolve fazer a mala e escolher o que realmente vale a pena levar. Fazer uma mala para a Ásia já não é novidade e muitas coisas que usei na última viagem à dois anos, voltei a usar agora. Então eu não quero de todo voltar a repetir tudo de novo e falar sobre todo o processo em si. Para dicas de como montar uma mala prática e com todos os itens básicos para a Ásia, basta ler ou reler o post que fiz antes e que está aqui!

Este post surge justamente para refletir um pouco acerca das grandes diferenças e maiores desafios que senti na arrumação da mala para esta viagem em específico. Porque se há dois anos eu basicamente pensei tudo para um clima quente, desta vez tive de pensar também em levar algumas peças de roupa para um clima frio e intermédio.

E como as peças de roupa mais quentes são também mais volumosas, esta foi sem dúvida uma viagem em que tive de voltar a repensar todas as dicas que já li sobre arrumação de malas de viagem e onde tentei ser o mais prática possível.

Além da roupa quente e fresca que era preciso levar também acresceu o facto de querermos experimentar sítios diferentes com dresscode’s singulares. Por exemplo, a roupa que usamos na praia é muito diferente da roupa que usamos em pleno Inverno chinês, mas também é muito diferente da roupa que usamos num casino em Macau.

Então, enquanto fiz a mala eu ponderei vários prós-e-contras, tais como, se valeria a pena ou não levar saltos altos, ou se valeria a pena levar um vestido mais especial para ir aos casinos, etc… E de facto, no final, optei por escolher peças de roupa o mais versáteis possível justamente porque achei que não é nada agradável carregar uma mala durante duas semanas com peças de roupa ou calçado que só vou usar um dia, durante algumas horas.

E dentro dessa lógica eu levei roupa sem padrões e com cores que combinassem facilmente entre elas, para poder usar vários dias e não ficar limitada, dispensei os saltos altos e levei uns sapatos de plataforma super confortáveis mas mais clássicos, e levei calças pretas e algumas camisas para os dias de casino e jantares especiais.

E no final da viagem ainda tive algumas peças de roupa que acabei por nem sequer usar! A técnica da arrumação da mala não é super fácil mas com o tempo nós aprendemos a relativisar e a ser o mais práticos possível. É um processo, sem dúvida! Para além destas dicas gerais e forma de pensar, eu ainda tenho as minhas dicas específicas para cada país.

Bali:

Bali foi o único destino quente e tropical de toda a viagem, desta vez. Escolher a roupa para Bali foi sem dúvida o mais fácil porque eu já sabia o que ia encontrar e já fiz uma mala para clima tropical antes. É praia!

Não preciso pensar muito e basta agarrar nos últimos trapos de Verão (blusas, vestidos, calções, chinelos, biquini) e já está! Tendo sempre atenção a não levar muita quantidade, obviamente. A minha grande dica nestes países com templos continua a ser a mesma, que é levar um pareo para tapar ombros, amarrar à volta da cintura ou até mesmo usar como toalha de praia. Super versátil e eficaz!

Macau e Hong-Kong:

Terra dos casinos, Macau foi uma das maiores dúvidas até à última. No final obter pelas básicas calças pretas e por um par de camisas interessantes que serviram na perfeição para a visita aos casinos da noite e do dia. E ainda bem que não optei por saltos altos e vestidos demasiado à frente porque na realidade vemos de tudo a acontecer nos casinos. Desde a gente fina até ao pé rapado que aparece por lá meio caído do céu. Ahahah

Como Hong-Kong estava com um clima muito semelhante a Macau, então eu aproveitei toda aquela roupa meia estação para usar em Hong-Kong também. Além das ditas camisas e calça preta que serviram para um jantar mais aprumado em Hong-Kong.

China (Shanghai e Pequim):

A China foi o pólo oposto de Bali e uma das razões para eu finalmente apostar em casaco e botas decentes, de uma vez por todas. Chegou aquele momento na minha vida que eu tive de reconhecer que era essencial apostar finalmente em algo bom e que protegesse realmente do frio. E, aproveitando a altura de black Friday do ano passado e Natal, comprei finalmente umas botas Ugg super quentes com pelo de carneiro a revestir o interior, mais sola de borracha, mais couro impermeável, enfim… O topo de gama das botas da Ugg e que me levou uma soma considerável. Mas hoje, olhando para trás e para as duas viagens que já fiz com as botas (Suíça e China) tenho de reconhecer que foram o melhor investimento possível. Adoro tanto as botas que este ano tenciono investir num novo modelo lá para as alturas do black friday.

Na secção casaco eu achei que as soluções super tecnológicas da Uniqlo (marca japonesa) se adequavam perfeitamente às necessidades deste tipo de viagens. Os casacos de penas deles são super leves, finos, quentes e conseguem dobrar-se de forma a caberem num saquinho pequeno super fácil de transportar. E hoje, depois de levar este casaco para a Suíça e para a China, fiquei super fã da marca e num futuro próximo quero comprar mais uns itens concerteza.

Então se temos pouco espaço o melhor é investir em peças fundamentais que realmente vão fazer a diferença numa viagem grande, principalmente se na maior parte dos dias vamos estar num clima de Inverno onde as temperaturas rondam os 4ºC-10ºC. Em contrapartida, se vamos fazer mix de climas, ter um casaco quente que facilmente se dobra e arruma em qualquer canto da mala é uma vantagem super valiosa.