O Palácio de Verão de Pequim!

Um dos jardins e palácios mais fantásticos de Pequim é sem dúvida o Palácio de Verão, que em chinês se diz Yiheyuan, ou o Jardim da Harmonia. E quando entramos no espaço percebemos bem o porquê do nome. Além de o Palácio de Verão ser um dos marcos mais importantes na história do imperialismo chinês, ele consegue conquistar facilmente os visitantes antes mesmo de pormos o pé lá.

Eu fiquei fascinada com as imensas fotos que vi de vários recantos do jardim e achei que todo o complexo reúne perfeitamente toda aquela arquitectura chinesa que nos faz viajar meio mundo só para ver ao vivo e a cores. E as cores!!

O Palácio de Verão foi absurdamente subestimado por mim no tempo que eu achei que demoraria por lá. Assim que entrámos e eu recebi o mapa de todo o recinto eu comecei a perceber a enormidade do espaço e que não ia dar para ver absolutamente tudo, até porque o Palácio de Verão fica a uma hora de caminho do centro de Pequim, por metro.

Como comprámos o bilhete com acesso ilimitado, conseguíamos não só ver o jardim, mas também entrar nas principais construções, palácios e templos. Aliás, eu acho que só assim fez sentido!

O Palácio de Verão foi construído para servir de refúgio de Verão de várias dinastias de imperadores e, ao longo dos anos várias construções foram sendo adicionadas, especialmente pela princesa Cixi, que foi a maior impulsionadora.

A nossa visita começou no portão norte e demos logo de caras com a Rua Suzhou, criada para imitar uma rua tradicional de compras de um vilarejo do sudeste da China. Como os imperadores não saíam para fazer compras, nesta rua eles podiam “imitar” a vida do comum mortal e simplesmente fazer compras dentro da sua residência.

Um pouco mais à frente começa a subida para a colina da Longevidade que tem o enorme Palácio no topo, estilo Tibete. A Colina da Longevidade foi toda ela construída artificialmente com a terra que se retirou para o enorme lago Kunming, que cobre quase toda a extensão do jardim. Então estão a imaginar as obras de engenharia que os chineses já faziam há centenas de anos atrás.

Virado para o lago está outra construção fantástica e que é preciso fôlego para alcançar, o Pagode Vidrado Duobao, que é uma imensa estrutura de 3 andares e que foi erguida no reinado do imperador Qianlong, dedicado à religião budista.

Outra construção super interessante está numa das laterais do lago e é um conjunto de edifícios onde eram feitas as apresentações de teatro e óperas para os imperadores e toda a família real, além de qualquer outro convidado ilustre. Ao bom jeito chinês, os edifícios são qualquer coisa de super requintado e luxuoso. Tudo pensado ao detalhe para as obras primas artísticas desta cultura que não deixa de surpreender.

Para todas estas construções nós usamos o tal bilhete que comprámos na entrada e que dava acesso a sítios que o bilhete normal não dá. Até para entrarmos na rua das lojas foi preciso apresentar este bilhete especial. Então eu recomendo muito este upgrade, caso contrário vamos perder imenso da nossa visita. E esta é uma decisão feita logo na bilheteira!

Mas obviamente que além destes pequenos museus dentro do enorme jardim, o próprio recinto também é um espetáculo à parte, cheio de pontes, arcos, e os tradicionais barcos chineses que no Verão levam os turistas a passear pelo lago.

Pelas laterais do lago segue um caminho que vai passando por imensos templos e pagodes de menor importância e que nós acabámos por desistir de visitar por ainda querermos ir até ao centro de Pequim ver o Templo do Céu.

Mas uma visita ao Palácio de Verão é coisa para durar na boa um dia inteiro se estivermos numa de ver cada canto à casa. O recinto é enorme e cada construção não está propriamente ao lado uma da outra. Além disso, também achei que as opções de refeição lá dentro eram meio escassas. Por isso, levar um lanchando conosco não é de todo má ideia, principalmente quando vamos lá ficar várias horas.

Roteiro pelos melhores templos de Pequim!

Pequim é uma cidade gigantesca que facilmente nos ocupa dias e dias de roteiro para conseguirmos ver tudo (?) que ela tem para oferecer. E já sem contar com a visita à Muralha da China que não fica propriamente em Pequim e que, por isso, nos ocupa todo um dia extra que não é passado na cidade. Apesar de saber tudo isto, eu tentei planear um roteiro para 3 dias em Pequim, sendo que um deles ia ser passado na muralha. Se eu gostava de ter lá estado mais tempo? Talvez sim, talvez não… A verdade é que eu achei a cidade em si um pouco sem graça, principalmente depois de ter conhecido Shanghai, Macau e Hong-Kong.

No entanto, foi em Pequim que eu tomei contacto com os templos mais bonitos de toda a viagem e foi onde eu honestamente senti que estava na China mais tradicional possível. Por isso aquele sentimento de cidade sem graça desaparece completamente quando visitamos as imensas opções de templos e jardins que existem em Pequim.

Eu tentei fazer uma seleção dos mais bonitos e mais importantes na história chinesa, e estes foram os escolhidos.

Templo Jingshan

Este templo fazia originalmente parte do complexo da Cidade Proibida e está localizado mesmo na saída da Porta Meridian, no topo da colina. E a história deste jardim e templo é muito interessante! Então, quando a Cidade Proibida foi construída não havia jardins nos arredores e, seguindo as crenças chinesas de que a natureza trás prosperidade e saúde ao imperador, toda a terra que foi retirada para a construção da Cidade Proibida, foi recolocada no norte criando uma colina artificial.

Então sim, todo o jardim que vemos hoje foi construído artificialmente com o único objetivo de trazer a boa sorte ao imperador. Desde essa altura, ficou decidido que todas as casas imperiais teriam uma colina no lado norte, segundo a crença Feng Shui. Além disso, também se percebeu que este tipo de colina servia de proteção contra os ventos frios do norte.

O templo Jingshan não é dos mais lindos, no entanto, ele está numa posição super privilegiada, lá no alto, rendendo fotos fantásticas de toda a extensão da Cidade Proibida. Nos melhores dias de Sol, que foi o nosso caso, ainda conseguimos ver a construção que foi feita por altura dos Jogos Olímpicos de Pequim.

O Jardim em volta do templo é enorme e ainda tem mais uns pagodes pequenos que normalmente não ganham tanta atenção assim. Como fomos no Inverno ainda passámos um bocadinho mal com o vento frio que fazia lá no topo, mas assim que descemos a colina sentimos logo a diferença.

Templo Beihai

Tal como o templo Jingshai, este templo está também dentro de um jardim enorme, pelas mesmas razões que falei à pouco. A natureza é muito importante na cultura chinesa e os templos no cimo das colinas seguem o mesmo princípio de adoração aos deuses e conexão espiritual. Tudo tem significado e é incrível como eles moldam toda uma cidade para se encaixar nos padrões culturais.

O Parque Beihai, era outro jardim imperial, ligado à Cidade Proibida e foi assim até à dinastia Qing (1925). A partir dessa altura começou a ser um parque público, mas conserva até hoje várias estruturas e palácios do tempo imperial. No centro do parque está a ilha Qiónghuá onde está o templo principal, o Bai Ta, uma estátua super singular e que se destaca mesmo a partir da Cidade Proibida.

O templo Bai Ta é importante para a religião budista e dizem ter lá dentro as escrituras sagradas de monges budistas. Para visitar o Bai Ta é preciso tirar outro ingresso à parte do restante recinto do parque e por isso nós não fomos à escadaria em frente (que até tem um ascensor). No entanto, eu subi toda a escadaria do jardim, em volta, e cheguei até ao topo onde dá para ver a estrutura bem de perto sem pagar bilhete.

O Parque Beihai foi um dos mais bonitos que visitámos, não só pela estrutura budista singular, mas também pelo parque em si, que tem um lago enorme que rodeia boa parte da área. Na parte de trás da colina (lado norte) ainda estão uns barcos tradicionais que são usados no Verão para fazer passeios pelo lago.

Templo do Céu

O Templo do Céu foi um dos maiores desgostos da viagem, mas daqueles azares que já eram expectáveis quando tentamos fazer tudo ao mesmo tempo e agora. Ao contrário dos templos anteriores, o Templo do Céu ficam pouco fora do centro de Pequim e não é fácil encaixar facilmente no roteiro porque não assim mais nada de interessante para fazer na periferia.

Então, eu tentei encaixar a visita a este templo depois de uma manhã no Jardim de Verão. O problema é que o Jardim de Verão é enorme e super deslocado da cidade. Exatamente na ponta oposta do Templo do Céu. Resumindo: passámos quase todo o dia no Jardim de Verão (que é lindíssimo, by the way) e quando chegámos ao jardim onde está o Templo do Céu disseram logo que o dito tinha acabado de fechar.

Então só me restou percorrer km’s sem fim naquele parque sem graça, para tentar obter um vislumbre do Templo do Céu, que em fotos me parecia super fotogénico. Dito e feito! Uma das fotos que me deixa a sonhar com a China é justamente a que tirei ao Templo do Céu, meio no precipício da rampa de acesso. Se as fotos falassem! Hahahaha

Hutongs de Pequim

Vem meio descabido no post, mas não podia deixar de referir uma das zonas de Pequim mais autênticas, apesar de não terem nada a ver com templos. Os Hutongs são bairros típicos criados na periferia/arredores da Cidade Proibida que nasceram justamente pela classe mais pobre da população e que mostra um pouco da diferença que existia nos tempos imperiais.

Hoje em dia, a cidade estendeu-se por km’s e km’s de prédios altos e construções modernas, mas junto à Cidade Proibida estes Hutongs permaneceram com uma autenticidade fantástica. Hoje em dia muitas destas casas foram recuperadas e servem de alojamento local ou são hotéis tradicionais, etc… Por acaso e sem saber na altura, acabei por reservar hotel justamente num dos Hutongs por achar que ele era super fofo por dentro e mesmo estilo chinês.

No final foi super interessante e acabou por ajudar imenso nos nossos passeios, além de ter adorado andar pelas ruelas estreitas e perceber a vida mais tradicional que a população dos Hutongs têm.

Os templos do Jardim de Verão eu vou deixar para um post exclusivo porque de facto vale muito a pena e é um complexo gigantesco.