A Cidade Proibida de Pequim!

Sabem aqueles sonhos de criança que temos e pensamos que nunca se vão realizar? Nesta viagem à China eu cumpri tantos sonhos desses que fica até meio repetitivo estar sempre a falar neles. Mas de facto, a Cidade Proibida sempre foi um daqueles sítios no mundo que eu olhava com tanta admiração e fascínio, ao mesmo tempo que pensava que seria muito difícil algum dia lá ir.

Então quando finalmente eu cheguei na Praça da Paz Celestial e vi a entrada da Cidade Proibida, com a típica foto do Imperador, foi simplesmente surreal. Atualmente não é possível pisar o centro da praça por questões de segurança e assim que saímos do metro temos logo uma fila interminável para passarmos no detetor de metais e mostrarmos o passaporte. Tudo para podermos aceder ao recinto da Cidade Proibida!

Então por causa disso não ficámos muito tempo pela Praça da Paz Celestial e fomos logo entrando para a entrada mais popular da Cidade Proibida, a Porta da Paz Celestial, que nem sempre foi a porta principal e não é a mais antiga. Esta porta era utilizada nos tempos da dinastia Ming como acesso à Cidade Imperial, contudo a Porta Meridian, no lado oposto, era a principal.

A Cidade Proibida é um complexo enorme e, como o nome indica é uma autêntica cidade dentro da cidade de Pequim, como a conhecemos hoje. A sua enorme importância vem do facto de ter sido o Palácio Imperial desde a dinastia Ming até à dinastia Qing, o que totaliza cerca de 500 anos de poder concentrados num só lugar. A cidade proibida acolhia não só o imperador e sua família como todos aqueles que trabalhavam para ele, além de ser o local onde cerimónias importantes aconteciam e onde toda a política do país era conduzida.

A razão de se chamar Cidade Proibida está relacionada com a proibição de qualquer pessoa entrar no complexo de prédios do palácio. Somente o Imperador, a sua família e alguns empregados especiais podiam entrar lá dentro e isso contribuiu para a fama e fascínio do lugar. Qualquer pessoa que entrasse sem autorização no interior da cidade era simplesmente executado de forma brutal para servir de exemplo aos restantes.

As construções começaram em 1406 e duraram até 1420, apesar de ao longo dos anos ter sofrido várias reconstruções em várias zonas da cidade. Visitar todo o complexo é encarar 980 edifícios e 8707 salas, num total de 720 000 metros quadrados. É o centro de Pequim e sem dúvida que tudo converge para este grande complexo que nos relembra da influência chinesa e de como as suas origens são importantes até para o mundo.

Todos os edifícios têm uma arquitectura palaciana tradicional chinesa e, apesar de não ser possível entrar em cada edifício, conseguimos espreitar pelas janelas abertas e perceber o luxo de cada edifício e o quão diferentes eles são do restante mundo ocidental.

No século XX ocorreu a maior transformação quando o Imperador Puyi foi expulso em 1912, terminando com ele o imperialismo e, consequentemente, a Cidade Proibida como centro do Império Chinês. Durante a 2ª Guerra Mundial o palácio sofreu bastante com roubos da ofensiva japonesa e foi após este período que todas as obras de restauro tiveram início, para culminar no museu que vemos hoje e que nos mostra perfeitamente a vida nos tempos do imperialismo.

É impossível visitar cada edifício, e nem todos estão abertos a visitação, mas se queremos ter uma visão global da vida diária do imperador e sua família e da forma como ele geria os assuntos políticos e religiosos, basta fazer o caminho sempre a direito. Vamos passar por todos os principais edifícios utilizados pelos membros do império chinês e perceber a vida intrincada que eles tinham.

E é fantástico perceber o quão diferentes eles foram/são do povo ocidental! Todas as regras, toda a forma como olhavam e encaravam a vida e todos os rituais que realizavam são fascinantes. Apesar de hoje em dia o imperialismo já não ser a realidade do país, não dá para negar o quão marcante ele foi para a cultura chinesa e o quanto isso marcou até a sociedade ocidental.

Nós fizemos todo o percurso da visita e saímos justamente pelo portão oposto ao que entrámos, o Portão Meridian, que foi o portão principal utilizado para entrar na Cidade Proibida. A Imperatriz utilizava muito este portão nas suas visitas ao jardim e templos e frente, e até as concubinas que eram apresentadas ao Imperador entravam por este portão.

Então foi daquelas visitas que representou um dos pontos altos da viagem e sem dúvida deixou marca em nós!

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