O segundo dia em Budapeste amanheceu muito chuvoso e ficámos meio desiludidos com isso. Tudo bem que planear um roteiro em qualquer altura do ano é sempre um risco e nunca conseguimos antever exatamente como vai estar a temperatura ou o tempo no geral. Pois bem, depois de dias e dias de muito sol, tínhamos de apanhar um dia destes para terminar as férias.
E fazer o quê né? Por sorte eu até tinha planeado um dia mais dentro de portas, o que facilitou bastante no final. Então, para começar o roteiro eu tinha comprado bilhetes online para visitarmos o Parlamento, e foi logo para lá que nos dirigimos. Mas justamente quando saímos do metro começou a chover e a fazer uma ventania medonha. Com este tempo e tentar encontrar a entrada para os visitantes foi uma tarefa ingrata. E quando finalmente entrámos no edifício já estávamos tipo pintainhos, super frustrados com o tempo, enfim…
Para visitar o Parlamento é necessário reservar os bilhetes online porque precisamos marcar hora e escolher a língua da visita guiada. Quando chegamos lá eu fui só trocar o meu voucher online pelos bilhetes que vão ser usados para passar nos torniquetes e depois foi só esperar 10 minutos que a guia começou logo a mandar fazer fila para os visitantes com a hora X no bilhete.
Uma visita guiada ao parlamento estava no topo da lista de coisas a fazer durante as férias. Em primeiro lugar eu acho o edifício lindo e super fascinante por fora, mas quando via fotos do interior não dava para não abrir a boca de espanto. São salas e salas com pormenores lindíssimos que já vêm do tempo da sua construção, apesar de parte do edifício ter sido destruído durante os bombardeamentos da 2ª guerra mundial.
O Parlamento é um dos maiores edifícios de Budapeste, e estende-se por 268 metros ao longo da margem Peste do Danúbio. A sua localização, exatamente na margem oposta do castelo e da zona da realeza, teve um significado, o de desvincular o futuro da nação à coroa real. Ou seja, o Parlamento foi construído na margem oposta do castelo como mensagem política de que a partir de agora o futuro pertence à democracia e a realeza não vai ter a palavra final.
E são várias as histórias interessantes contadas durante a visita e que nos mostram mais um pouco da cultura e governação húngara. Em primeiro lugar eu achei fascinante a importância que os clãs tiveram no começo da construção da democracia na Hungria. No Congress Hall dá mesmo para ver os vários brazões dos Lordes que ainda hoje são respeitados e a sua opinião considerada em cada decisão.
Outra sala super fascinante é a que contém a coroa e ceptro real, que esteve anos e anos desaparecida depois de vários combates, mas que no final foi devolvida à Hungria, lugar onde verdadeiramente pertence, já que ela é um dos símbolos do berço da realeza húngara. Então hoje em dia ela está numa sala circular rodeada das estátuas dos principais reis que governaram a Hungria, e vigiada por dois guardas de elite, que passam o dia inteiro a andar às voltas, excepto quando estão pessoas da visita guiada por perto.
Depois de sairmos do Parlamento fomos a andar até à Estação de comboios construída e desenhada por Gustav Eiffel, sim o mesmo da Torre Eiffel. Aproveitámos que o tempo deu uma aberta e fomos até lá só mesmo para admirar mais uma obra dele. Depois fomos almoçar ao New York Café, mas eu vou deixar para um post exclusivo, porque ir a Budapeste significa obrigatoriamente pôr o pé no New York!! Ahaha
Como o dia continuava terrível, decidimos ir de metro até à Praça dos Heróis, que está na entrada do Parque da cidade e sítio onde íamos terminar o nosso roteiro. A Praça dos Heróis é um marco importante para a cidade, tendo sido construído em 1896, quando se celebrou um milénio desde a conquista do castelo Magyar. Então tem algumas figuras simbólicas, como o anjo Gabriel que reza a lenda apareceu em sonhos ao rei Stephen, quando este era ainda uma criança, dando-lhe uma coroa. E este rei tornou-se mesmo um dos mais importantes na história da Hungria.
A ideia inicial era passar umas horas pelo Parque antes de ir para as termas, mas acabámos por desistir da ideia e só demos uma espreitadela no Castelo Vajdahunyad, por ter um estilo Transilvânia super interessante e diferente do habitual. No entanto, para quem tiver mais tempo há mais coisas para ver e fazer por aqui, como por exemplo o Museum of Fine Arts, o palácio das Artes e o Zoo de Budapeste.
Como eu tinha comprado bilhetes para as termas de Széchenyi, fomos andando e passámos literalmente toda a tarde mergulhados numa sopa a 28ºC quando à nossa volta a temperatura era de 14ºC, com tempo super nublado e alguma chuva que entretanto ia caindo.
Escolhi estas termas pela piscina exterior e por serem tão bonitas. São também as maiores de toda a cidade e uma das mais conhecidas. Além disso, como ficam ali no Parque foi super fácil encaixar no roteiro que acabava mesmo ali. No entanto, a cultura termal é muito forte em Budapeste e existem outras tantas termas interessantes, como a Géllert, que tem as suas piscinas interiores num edifício fabuloso arquitectonicamente falando.
Já saímos bem tarde das termas mas completamente renovados e relaxados, tal como desejávamos para este último dia de viagem. No dia seguinte ficámos na preguiça e acabámos por já não ver nada turístico antes de embarcar depois de almoço para Portugal.