Campo de concentração de Auschwitz e Birkenau!

A razão porque eu incluí a Polónia, mais precisamente Cracóvia, no roteiro teve um único motivo: visitar os campos de concentração mais conhecidos da 2ª Guerra Mundial: Auschwitz e Birkenau. Eles ficam a cerca de uma hora de caminho de Cracóvia, o que a torna a cidade base ideal para fazer a visita, com inúmeras empresas que organizam toda a excursão até lá. Nós usámos a See Krakow e adorei a experiência. Os guias eram de uma sensibilidade extrema, super atenciosos, toda a visita estava muito bem organizada e ainda nos foram buscar e levar ao hotel que previamente escolhemos, por ser mais perto da casa que alugámos.

Escrever um post sobre o que vivemos e vimos lá é tarefa difícil. No fundo, visitar Auschwitz foi como que um continuar de tudo aquilo que já tínhamos visto nos dias anteriores na Holanda e na Alemanha. Depois de vermos a Casa de Anne Frank, depois de estarmos em Berlim e vermos tanta exposição diferente sobre a guerra, entrar no sítio onde todas as atrocidades eram feitas teve um grande impacto.

Nós fomos numa altura de bom tempo e eu tinha aquela imagem super tenebrosa dos campos de concentração, com nevoeiro, céu encoberto, etc… e não foi nada disso que encontrámos. O dia estava muito bom, com um temperatura óptima, sol quentinho, tudo muito calmo e pacífico. E foi essa a primeira impressão que tivémos e que nos acompanhou durante toda a visita. A sensação de que o lugar carrega o peso do que aconteceu de mau lá, mas ao mesmo tempo está no passado e hoje em dia é lugar de luto, de memórias, de prestar homenagem.

Eu não vou escrever sobre todos os detalhes históricos do lugar, até porque muito já aqui escrevi até agora sobre a 2ª Guerra Mundial, e o que aconteceu nestes campos de concentração foi o culminar de toda a maldade, ódio, xenofobia, de um conjunto de homens e mulheres do regime de Hitler. Não foram só judeus que morreram, foram também ciganos, opositores do regime, polacos, e muitos outros que em algum momento das suas vidas foram acusados de alguma coisa, mesmo que sem fundamento.

Os campos de concentração foram criados sob o pretexto de campos de trabalho e de facto uma parte do seu propósito era cumprida, já que muitas das estruturas, armas, utensílios necessários na guerra eram de facto fabricados e feitos pelos habitantes dos campos de concentração. No entanto, aquilo que nos lembramos em primeiro lugar quando nos falam de Auschwitz é a quantidade de pessoas que morreram por (sobre)viverem em condições desumanas, sem comida, sob constantes maus-tratos e punições, à mercê de doenças contagiosas, sob o frio intenso do Inverno polaco, e, pior do que isso, os milhares de pessoas que morriam em câmaras de gás e que nem sequer entravam no campo.

Foi muito duro ver os carris onde chegavam vagões com dezenas e dezenas de pessoas vindas de várias partes da Europa, ver o local onde abandonavam todos os seus pertences, onde se dividiam famílias inteiras, onde era feita a inspeção dos que estavam ou não aptos a trabalhar e, finalmente, ver o trajeto que faziam até às câmaras de gás.

Os campos de concentração hoje são um museu de todos os horrores vividos e não só podemos andar pelos corredores onde diariamente judeus se agrupavam para trabalhar, como vimos os locais das punições e tortura (asfixia, falta de comida, etc), o local onde eram executados se se suspeitasse de alguma coisa, e até a única câmara de gás que restou porque todas as outras foram destruídas quando os Aliados estavam perto.

E é um impacto brutal! Nem há palavras! Os edifícios principais em Auschwitz são hoje em dia provas vivas do que realmente se passou lá e cada um está transformado em museu. Alguns edifícios são representativos das funções para que eram usados, como o edifício das punições e execuções, outros servem para homenagear ou retratar a história de um determinado povo/nação ou simplesmente mostrar vários aspetos da vida ali.

Um dos edifícios que mais me marcou foi sem dúvida o que contém os pertences dos judeus que chegavam ao campo de concentração e tinham de largar malas, roupa, sapatos. Então nós passamos por uma sala com centenas de malas, centenas de sapatos, milhares de óculos empilhados, e, mais macabro que isso, uma pilha imensa de cabelo humano que era rapado depois das pessoas serem retiradas das câmaras de gás. Foram imagens que me marcaram muito e que tenho a certeza que não vão sair mais da cabeça.

Mas ir a Auschwitz é mesmo para não sair de lá igual. Depois de ver todas as provas do horror lá vivido, depois de entrar na casa de tijolo onde dormiam centenas e centenas de judeus empilhados literalmente, onde passavam frio, calor, enfim… não há como sair de lá sem um aperto no coração.

Houve tantos momentos que eu me perguntei como era possível aguentarem dias naquelas condições. Como era possível dormirem junto ao chão de terra e partilharem uma cama de madeira com mais 8 pessoas? Como era possível no dia seguinte ir trabalhar em condições duríssimas de esforço físico sem sequer comerem? E era isto todos os dias.

Então Aushwitz é aquele local obrigatório que o ser humano tem de visitar nem que seja uma vez na vida. Não saímos de lá as mesmas pessoas garantidamente. Mas faz falta termos esse impacto, justamente para não deixar esquecer e para repetirmos as histórias quantas vezes forem necessárias às gerações futuras para que um horror destes não volte a repetir-se.