Cruzeiro em Amesterdão!

Bem, como já referi em posts anteriores, fazer um cruzeiro em Amesterdão era definitivamente um dos desejos que eu realmente tinha de concretizar. Cada um tem os seus né? No meu caso eu passei muitos anos da minha vida a ver fotos dos canais, fotos dos cruzeiros, enfim… Um cenário bem romântico passava pela minha cabeça cada vez que eu via uma foto ou um vídeo dos cruzeiros nos canais de Amesterdão.

Então eu pesquisei online vários tipos de cruzeiro (que os há para todas as carteiras e para cada gosto e desejo). Eu não ambicionava propriamente com cruzeiros privados, ou com comida a bordo, tipo super exclusivos e tal. Mas compreendo o quão apelativos eles podem ser não é verdade? No meu caso eu simplesmente queria estar num barquinho a passear pelos canais e a aprender um pouco mais da história deles.

E com base nisso, comprei bilhete com a empresa Blue Boat Company, que tem o cais junto ao Hard Rock Café, que fica bem no lado do sinal IAmsterdam, como falei também no post anterior. E porque escolhi esta empresa? Bem, em primeiro lugar porque os preços eram bem competitivos e achei que tinha um tempo de cruzeiro muito bom também (90 minutos). Além disso, eles têm os barcos fechados, mas com uma varandinha nas traseiras que é óptimo se o tempo estiver de chuva e frio, como geralmente está. A varandinha é excelente também porque nos permite sair quando queremos para tirar fotos.

Então eu adorei a escolha que fiz e muito mais depois de ver o quão interessante é o roteiro, que passa pelos vários anéis principais dos canais, explicando quando foi a sua construção e porquê. Por exemplo, Amesterdão está abaixo do nível do mar, então a cidade antigamente era muito cheia de lodo e estava sempre alagada a maior parte do ano. Então uma das coisas que foi feito foi uma comporta que não é deixada aberta ou fechada em diferentes alturas do ano para impedir que a água do mar venha inundar a cidade.

Mas para além disso, construíram-se os vários canais que vemos hoje numa tentativa de canalizar a água, sem inundar por completo toda a cidade, permitindo que pessoas vivessem normalmente ali. Claro que os canais como os vemos hoje não foram construídos todos de uma só vez, mas sim ao longo dos séculos e à medida que a cidade se expandia e crescia.

Além disso, os canais foram muito importantes como defesa da cidade em situação de guerra (tropas do Napoleão), ou mesmo para a vida do dia-a-dia, principalmente para as trocas comerciais. Como Amesterdão sempre foi uma cidade costeira, apesar de não ter a importância e dimensões do que vemos hoje em dia, eram muitos os barcos que passavam por aqui vindos de outros países, e todos os dias desembarcavam nos portos muitos marinheiros.

O cruzeiro não só nos levou pelos canais do centro histórico como também foi até ao rio Reno e deu para ver uma das comportas que são abertas ou fechadas consoante a altura do ano, entre outras variáveis, como as condições atmosféricas.

Foi também interessante ver o quão adaptados os habitantes estão à vida nos canais, porque são centenas de barcos-casa que estão atracados nas margens dos canais em toda a cidade. É incrível como há mesmo várias famílias a viver em barcos. E não pensem que são os mais pobres, ou com menos possibilidades de ter realmente uma casa a sério. Nada disso!

Havia barcos muito bem decorados no interior (muitos tinham as janelas abertas), com um deck cá fora que tinha relva artificial e cadeiras tipo jardim, e muitos ainda aproveitavam o telhado para fazer um mini jardim e plantarem a sua horta. Sim, isso tudo!

Eu fiquei maravilhada com esta parte de Amesterdão. A parte em que se vê creches flutuantes, hotéis flutuantes, lojas flutuantes e, claro, casas-barco normais onde vivem famílias durante todos os dias do ano. É impressionante mas super autêntico! É esta faceta da cidade que contribui para a beleza de Amesterdão, sem dúvida!

Resumindo tudo, eu adorei o cruzeiro, não só pela história que aprendi acerca dos canais e da própria construção da cidade que vemos hoje, mas também por termos oportunidade de ver uma outra parte de Amesterdão que eu não iria se não fosse no cruzeiro.

Aquela parte por detrás da Estação central, onde os canais se ligam ao rio é sem dúvida linda de ver dentro de um barco. Tem ali nas margens os principais museus e construções futurísticas de Amesterdão, como a casa da música, por exemplo, que são super interessantes de ver. E como nós não tínhamos aquela zona incluída no roteiro a pé, adorei fazer o cruzeiro e conhecer aquela parte menos tradicional, mas igualmente linda!

Pelo Bairro Jordaan até ao Rijksmuseum!

O segundo dia por Amesterdão foi mais uma oportunidade para fazermos um género de divagar com propósito. Havia coisas que eu queria ver e/ou fazer, como visitar a Casa de Anne Frank, ou embarcar num cruzeiro pelos canais. Mas entre uma coisa e outra, a cidade tem muito a oferecer e óbviamente que havia alguns bairros ou mercados que eu queria igualmente passar e visitar.

Então o nosso roteiro assim que saímos da Casa de Anne Frank iniciou no Bairro Jordaan, que está logo ali ao lado e que é um dos meus preferidos, logo a seguir à zona da Red Light. Existem poucos sítios ali em Amesterdão que não nos maravilhem e que não sejam aquele cartão-postal que estamos tão habituados a ver em fotos.

Ir percorrendo o bairro, de uma ponta à outra enquanto cruzávamos pontes e canais, conhecíamos novas lojinhas, cafés, víamos fachadas tão pitorescas, enfim… esse era o nosso objetivo da restante manhã. E em Jordaan o grande atrativo são mesmo as lojinhas e os recantos ao longo dos canais. Um dos melhores sítios para passar um final de tarde num café, ou ir às compras em busca de algo diferente, é sem dúvida aqui.

Como a ideia era irmos até à zona do Rijksmuseum, então percorremos o bairro de uma ponta à outra e fomos assim sem pressas, parando de vez em quando numa e outra lojinha ou olhando para as vitrines de outra loja. Foi esse o espírito.

Quando chegámos ao Rijksmuseum uma coisa que reparámos foi que a quantidade de turistas aumentou substancialmente. Então, isso deixou-me a pensar que não é comum encontrar turistas ali pela zona do Jordaan. E realmente o nosso passeio foi bem calminho, com muito pouca gente que se cruzasse connosco.

Mas enfim, o Rijksmuseum, que tem um nome quase impronunciável, é uma das principais estrelas aqui de Amesterdão em termos de arte e se eu tivesse de escolher só um museu de arte da cidade era este que visitava. Tem obras de artistas locais, como Van Gogh, Vermeer ou Rembrandt, o que torna uma atração quase imperdível na cidade.

Como eu tenho falado, visitar museus de arte não era o objetivo desta viagem, apesar de eu ainda ter ponderado ir ao Museu Vang Gogh, porque enfim, é Van Gogh!! Mas pronto, lá me mantive fiel ao propósito original e em vez de entrar no museu, atravessei-o até ao outro lado e fui tirar a famosa foto no sinal IAmesterdam que tem milhentas outras pessoas empoleiradas em todas as letrinhas, tentando a proeza de conseguir a foto mais original.

Mas para quem se desloca até ali e sai frustrado com a sua foto (como eu saí :D) tem de consolação um parque super fofo para poder afogar as mágoas no lago, ou para se sentar numa esplanada a beber para esquecer. Sim, a zona é bem interessante também e tem ali aquela maravilhosa obra arquitectónica que é o palácio onde está o museu, que melhora logo o mau humor de tantas tentativas falhadas em conseguir chegar a pelo menos uma letrinha e tirar foto.

Ok, estou muito repetitiva, mas enfim malta, eu na minha cabeça achava que com tanto metro quadrado que Amesterdão tem, a probabilidade de estarem todos os visitantes ali era baixa ok? Mas não, a hora de ponta é a quase todas as horas do dia e é isto.

Avançando, nós a seguir fomos até ao cais dos barcos para fazer o nosso cruzeiro, que ficava bem na frente do Hard Rock Café. Aquela zona ali também é muito fofa com muitos bares e restaurantes super interessantes e meio no estilo pub. Nem todos os portos dos cruzeiros são ali, aliás depende muito de cada empresa. Por isso, eu vou fazer um post dedicado à experiência de fazer cruzeiro em Amesterdão e conto todas as dicas.

Então, depois de parar para almoçar e fazer um belo cruzeiro pelos canais, ainda nos sobrou muito tempo para visitar mais coisas da cidade. Um dos sítios que eu queria muito visitar era o Mercado das flores porque a Holanda no geral é muito conhecida pelos seus campos de tulipas.

É impossível não imaginar como será um mercado de flores em Amesterdão se o país tem a fama que tem nesta área. Então as expectativas estavam bem altas. Acontece que eu não adorei o mercado. Sei lá, acho que demos um pouco azar com altura do ano em que fomos, talvez. Porque o mercado de flores tinha na sua grande maioria sementes e todos os utensílios necessários para se plantar toda a espécie de tulipa lá no quintal de casa.

Mas flores propriamente ditas, só consegui alegrar os meus olhos em algumas barraquinhas. Poucas, quando falamos numa rua inteira dedicada ao mercado. mas enfim, vi tulipas de todas as cores entre outras flores e já saí contente por isso. Claro que agora o sonho é voltar e visitar os campos de tulipas da região.

Quando saímos do mercado decidimos voltar até ao jardim do Rijksmuseum e sentar por lá enquanto falávamos sobre as muitas aventuras que esperávamos ainda viver durante a viagem, o que mais gostámos em Amesterdão, enfim… fomos saboreando o final do dia com uma sol quentinho e bem gostoso, antes de ser horas de voltar a casa, pegar nas malas e ir apanhar o autocarro até Berlim.

Casa da Anne Frank!

Reservei para o segundo dia aqueles sítios mais emblemáticos que eu queria mesmo visitar. Começámos então o roteiro na Casa da Anne Frank, que fica bem no começo do bairro Jordaan. Para quem se interessa pela 2ª Guerra Mundial concerteza já ouviu falar da menina Anne Frank e do seu diário. Esta é talvez a história mais factual que temos e que retrata bem a tragédia que os judeus viveram na época e como conseguiam sobreviver na clandestinidade, acabando muitos deles por serem descobertos e levados para os campos de concentração.

Anne Frank era uma adolescente judia que vivia normalmente com a sua família na Alemanha até começarem as perseguições aos judeus, com leis que iam saindo diariamente e que só serviam para dificultar cada vez mais a sua vida e impedi-los de sequer ter ligação com os restantes alemães de raça ariana.

E, ao longo dos seus diários, nós vamos percebendo como a vida desta menina e de toda a sua família, se alterou, numa questão de poucos anos. Vamos acompanhando como ela vivia normalmente, frequentando a escola com meninas de todas as raças, até ser obrigada a deixar as suas amigas para trás, a sua casa para trás, e fugir para Amesterdão, numa altura em que a Holanda ainda não estava sob o governo de Hitler.

Em Amesterdão a vida desta família volta à normalidade por alguns anos, mas com o tempo e com o avançar da guerra, Hitler chega à Holanda, como de resto ocupou vários outros países da Europa. E nesta altura toda a família se esconde no anexo da casa onde o pai de Anne Frank tinha o seu negócio, juntamente com outros judeus e não judeus.

E é este anexo que foi transformado posteriormente em museu, por Otto Frank (pai), que foi o único que sobreviveu no campo de concentração de Auschwitz, sendo libertado pelas tropas dos Aliados. A família viveu vários anos escondida no anexo e durante todos estes anos Anne Frank foi escrevendo o dia-a-dia da casa. E impressiona demais perceber a dura realidade que era viver em pânico constante que um dia fossem descobertos, viver em constante sobressalto porque não podiam fazer barulho em circunstância alguma, nem para descarregar o autoclismo.

Entrada do anexo. Foto retirada de: https://www.annefrank.org/en/museum/inside-museum/

Entre Julho de 1942 até Agosto de 1944 a família viveu ali, até serem encontrados pela Gestapo e deportados para o campo de concentração de Auschwitz. Toda a família foi separada e só Otto Frank sobreviveu. Depois de terminar a guerra o diário foi encontrado no anexo e em poucos anos foi publicado para que todos pudessem conhecer o que tinha acontecido a esta menina, mas também a tantos outros judeus que como ela tiveram um final trágico nas suas vidas, sendo ainda hoje impossível saber ao certo quantos judeus morreram. Fala-se em milhares, milhões, enfim… foram muita vidas perdidas.

Quarto de Anne Frank no anexo. Foto retirada de: https://www.annefrank.org/en/anne-frank/anne_frank-the-story-in-brief/

Foi um peso tremendo visitar o anexo, ver todas as fotos, objetos pessoais, vídeos, com toda a história a ser-nos narrada em cada divisão que passávamos. A decoração original foi levada pela Gestapo e Otto nunca quis voltar a decorar o anexo, depois do seu regresso, mas existem fotografias de todas as divisões e de como elas estavam originalmente.

No final está também uma maquete da casa e do anexo, com a decoração original em miniatura. Esta foi a única colaboração em termos de decoração, que Otto deu, para podermos ter alguma ideia de como eles viviam o seu dia-a-dia.

Também no final estão várias fotos de família tiradas ainda antes de fugirem para o anexo e também um vídeo com vários testemunhos e comentários de pessoas que estiveram ligadas à família (desde um antigo namorado de Anne, até uma colega de escola alemã, ou até o próprio Frank a falar). Também participam no vídeo várias personalidades famosas, que ao longo dos anos foram visitando o museu e quiseram falar um pouco do que sentiram, trazendo alguma palavra de confiança para o futuro.

Enfim, visitar a Casa de Anne Frank teve um grande significado para mim por já ter lido o seu diário há muitos anos, ainda era eu própria uma adolescente. Então, quando entrei no anexo e comecei a olhar aquelas divisões e todo o esforço megalómano que aquela família fez, juntamente com todos os seus amigos alemães que estavam a ajudá-los a sobreviver, foi impossível não me emocionar. Porque há coisas que vão muito além da nossa imaginação. A nossa mente simplesmente não consegue explicar nem compreender os horrores sofridos não só pelos judeus mas por todos aqueles que o regime de Hitler decidiu exterminar.

Mas apesar de ser tão difícil ver tudo aquilo, ler livros, ver filmes, ainda assim eu acho que visitar a Casa de Anne Frank é obrigatório para todos. É um lembrete de algo que não está tão longe assim do nosso tempo, e de algo que não queremos que aconteça nas gerações futuras. E a única forma de não repetirmos erros do passado é continuarmos a trazê-los à memória.

E uma coisa que eu refleti muito, não só aqui mas depois em Auschwitz, foi nos horrores que ainda hoje acontecem pelo mundo. Sim, a Europa pode estar a salvo destas perseguições, mas todos os dias ouvimos notícias de tantos outros povos que estão a ser perseguidos nos seus países, que já não são bem-vindos na sua terra, que têm de fugir por causa da guerra, etc etc… São inúmeros casos! Então, o diário de Anne Frank continua a ser atual e uma fonte de inspiração para todos os que ainda hoje sofrem perseguição.

Os bilhetes para visitar a Casa de Anne Frank têm de ser comprados online e com alguma antecedência porque esgotam bem rápido e têm hora marcada. Por isso, se é algo que querem fazer durante a visita a Amesterdão, planeiem bem o dia e reservem os bilhetes o quanto antes. Algumas fotos que eu usei neste post foram retiradas do site do museu porque no interior é expressamente proibido fotografar.

Henri Willig cheese!

Uma das coisas que eu tinha decidido nesta viagem era evitar fazer o convencional e restringir-me a isso. Eu acho que um país, uma cidade, são muito mais que monumentos a visitar e muito mais que museus. Não sei, acho que estou numa fase da vida diferente. Não quer dizer que esteja anti-museu, pelo contrário, visitei vários museus ao longo das semanas, mas sou muito mais rigorosa na seleção dos que quero visitar.

Tudo porque aprendi a amar o outro lado de cada cidade. Aprendi que é fantástico andar pela cidade e conhecer vários recantos diferentes, as fachadas e arquitetura das casas, ou simplesmente a cultura e gastronomia do sítio que estamos a visitar.

Quando pensei em incluir Amesterdão no roteiro, eu sabia que um dia tinha de regressar para dedicar mais tempo a outras vilas mais rurais da Holanda, onde estão os campos das tulipas e os moinhos. Mas algo que eu desconhecia até bem poucos dias antes de viajar era a qualidade dos enchidos da região, especialmente do queijo.

Uns dias antes de embarcar teve um amigo que me deu a dica de ir entrando nas lojinhas de queijo e enchidos e ir provando as várias qualidades diferentes que tinham. E esta era uma boa opção para provar algo delicioso e ir petiscando sem gastar dinheiro. Então eu fui um pouco no deixa ver se é mesmo verdade. E foi!

Perto da Red Light, mas depois descobri que há um pouco espalhado por toda a cidade, estão casinhas super fofas da marca holandesa Henri Willig, que tem os melhores queijos que eu alguma vez comi. Além do produto ser vencedor, com imensas qualidades diferentes de queijo para todos os gostos, eu adorei todo o conceito e a forma como eles apresentam o produto.

Como é algo tão tradicional do país, com uma das três fábricas sediada em Zaanse Schans, que recebe milhares de turistas todos os anos, então eles encontraram uma forma bem tradicional para mostrarem o produto em Amesterdão. As lojas são super fofas, em prédios bem típicos de Amesterdão, lá dentro ainda tem um pequeno museu que explica um pouco o processo de produção do queijo e depois tem umas meninas vestidas a rigor com o traje típico holandês, que servem os vários tipos de queijo.

Não me debrucei muito na história em si da produção dos queijos, até porque fiquei bem interessada em prová-los a todos (ahahah) mas depois de uma breve pesquisa e depois de falar um pouco com uma das meninas da loja, percebi que é um queijo bastante reconhecido na Holanda pela sua qualidade que é atingida através de processos de produção tradicionais, sendo o produto final testado e retestado diversas vezes de forma a garantir o nível alto de qualidade.

Infelizmente visitar a loja ou, para quem tiver oportunidade, uma das fábricas, é quase a única forma de garantir que conseguimos pelo menos testar o produto, porque os queijos da marca não são enviados para fora da Holanda. Eu perguntei e de facto a única hipótese de comprar é mesmo estando ali na loja ou na fábrica.

Para além dos vários queijos e de toda a diversidade ainda conseguiram apresentar mais uns enchidos, como chouriço, etc… Apesar de não ser o foco principal, algo que vemos perfeitamente pela quantidade de oferta de queijo quando comparado aos outros enchidos à venda.

Para os interessados nos queijos, vou já avisando que há de tudo um pouco e até as combinações mais improváveis eu provei. Desde alho com mel, até picante, enfim… são tantos sabores diferentes que não vou arriscar prosseguir. E o melhor é que dá para comprar conjuntos de vários sabores se gostarmos de mais do que um, o que vai decididamente acontecer.

Então, quando estiverem por Amesterdão procurem pelas lojinhas com os mega queijos na porta e nas vitrines. São bem fáceis de achar!

Amesterdão: Red Light District, muito light!

Ah Amesterdão! Quem nunca pensou na cidade como o sítio onde tudo é permitido? Onde as Coffeeshops abundam com muito mais à venda do que só cafézinhos, onde a indústria sexual já está tão normalizada e banalizada que é muito fácil encontrar de tudo, desde show de sexo ao vivo, até às famosas senhoras nas vitrines da luz vermelha. E é isso muitas vezes que passa para fora e acaba por ser quase a razão se se visitar Amesterdão. Mas uma coisa que descobri enquanto lá estive é que Amesterdão é muito mais para além disso.

Há muita beleza em cada esquina, muito museu interessante que pode ser visitado, muita história também. Por outro lado, óbvio que ficamos sempre curiosos de como será a tal Red Light District e como será de facto aquela cultura tão à frente. Então, apesar de não ser o foco principal da visita a Amesterdão, fomos diretos para o centro da Red Light assim que chegámos e a ideia era ter logo um primeiro “choque” cultural. A partir daí queríamos ir andando pelos canais e conhecendo Amesterdão sem pressas.

E eu fiquei super chocada (?) ou surpreendida com a forma como aquela zona está construída. Eu acho que esperava algo mais confinado, tipo uma rua só dedicada àquilo, com luzes vermelhas a sinalizar a entrada na tal zona exclusiva… mas não! Nós saímos do metro e entrámos diretos. Nem vale a pena procurar muito porque é ali, em literalmente várias ruas e ruelas.

Eu entrei logo numa lojinha em busca dos meus habituais ímans de frigorífico e bati de caras com toda a espécie de ímans, toda a espécie de apetrechos sexuais e, claro, rebuçados de canábis, bolo de canábis, enfim… tudo ali exposto, bem na frente de tudo e todos. E pronto, virámos um para o outro e rimos muito porque de facto estávamos em Amesterdão.

Dedicámos a tarde do primeiro dia a andar entre ruas e ruelas, a princípio íamos ficando ali na zona da Red Light, olhando meio parvos e perplexos para as montras, vitrines e todos os néons anunciando todo o tipo de show. Parvos porque apesar de sabermos ao que íamos, acho que nunca podemos esperar totalmente o que vamos encontrar ali em Amesterdão. Rimos muito, sobretudo. Pelo ridículo e surreal de tudo aquilo, por estarmos finalmente aí, por estarmos a iniciar uma viagem fantástica que esperávamos à muito tempo. Enfim… por tudo!

Mas analisando tudo, não vimos nada de chocante de facto. Acho que foi mais a diferença cultural do vale tudo que nos fez sentir aquela sensação de que chegámos a um lugar totalmente diferente. Mas ao mesmo tempo que víamos tudo aquilo, também olhávamos em volta e admirávamos a beleza dos canais, das bicicletas, das flores, as casas pitorescas, as pontes fofas. Está tudo muito misturado e é impossível não adorar e querer percorrer mais ruas e becos duvidosos.

Fomos andando e saímos um pouco fora da zona da Red Light, apesar de ser um bocadinho difícil entender onde exatamente começa e acaba cada zona. Então eu adorei ver as ruas que estava mais próximas da Praça Dam, onde está o Palácio Real. Basicamente fomos andando sem rumo e fomos conhecendo um pouco mais daquela zona sem prestar muita atenção a pontos turísticos. Conhecemos muitas lojinhas de produtos típicos, como as tulipas, os tamancos, e o queijo. Encontrámos algumas lojas só dedicadas à gastronomia holandesa e uma marca de queijos e outros produtos chamou particularmente a atenção pela originalidade. Mas vou falar em exclusivo num outro post.

Deste roteiro meio improvisado do primeiro dia, a Praça Dam e o Palácio foram a estrelas mais turísticas, se bem que não estávamos muito preocupados em marcar ponto nelas. A Praça Dam é uma das mais importantes da capital porque foi aqui que a Holanda celebrou a sua independência e desde aí, várias cerimónias mais importantes para o país são celebradas aqui na praça. O Palácio apesar de ser da realeza e supostamente ser a morada oficial do rei Willem-Alexander, que paga uma renda simbólica, na verdade é utilizado mais como Câmara Municipal e para cerimónias de Estado. Nem o rei mora no palácio, o que torna a visita mais facilitada.

Daqui ainda fomos em direção à Praça Central, onde está a imponente estação central, local onde chegam e partem os comboios de todas as partes do país e mesmo do estrangeiro. A zona é bonita por ser o lugar onde os principais canais se juntam e formam ali um género de um lago que, por sua vez, vai desembocar no rio Reno, que está por detrás da estação. Mas isso só percebemos melhor no dia seguinte quando fomos fazer um cruzeiro pelos canais e ouvimos toda a história.

E é isso, Amesterdão apaixonou-nos logo no primeiro instante, pela diferença que representa mas sobretudo pela beleza da cidade. Óbvio que é super engraçado entrar ali e ver coisas tão diferentes e uma mentalidade tão à frente da nossa, mas ao mesmo tempo ali tudo parece normal e é uma cidade com ar de vila perdida no tempo. Muita coisa meio louca mas muitos recantos lindos e encantadores que nos fazem querer tirar mais uma foto.

O roteiro meio sem nexo do primeiro dia foi a introdução perfeita da cidade. Mesmo tendo como principal objetivo andar pelas ruas, acho que foi exatamente aquilo que precisávamos fazer. Não entrar em stress porque temos de ver isto e aquilo. Não! O dia seguinte foi o bastante para ver cada coisa que eu queria mesmo visitar. Enquanto o primeiro dia foi dedicado a entrar na cultura, a passear sem destino.

Voltei da Eurotrip!

Eu nem sei bem por onde começar! Ainda sinto que estou lá, algures, em algum país. Mas não, já comecei com uma semana bem intensa de trabalho e parece que falta tempo para conseguir partilhar aqui todas as dicas e emoções da viagem. Posso voltar? Bem, a malta precisa trabalhar para voltar a viajar… 🙂

Vou começar do início, lá em Amesterdão. Parece que foi uma eternidade atrás. Bem, quando tudo começou, eu lembro-me de estar muito calma, mas ao mesmo tempo apavorada porque ainda tinha 2 semanas de viagem pela frente, muita coisa que ainda estava uma total incógnita, muita coisa que podia correr bem ou mal. Enfim… Mas decidi encarar com calma e deixar rolar os dias, tentar aproveitar e saborear cada momento, em cada cidade.

E cada cidade foi uma experiência diferente. É incrível como consegui juntar cidades tão diferentes e diversificadas. Cada um tinha coisas para oferecer que a outra a seguir já não tinha. Falar em resumo de todas elas num só post é quase tarefa ingrata porque cada uma deles merece uma atenção especial.

Quando cheguei a Amesterdão acho que foi uma das melhores sensações de toda a viagem. Senti-me quase a levitar enquanto percorria as ruelas e via os canais, as bicicletas, as flores. Estava definitivamente ali!

Em Berlim, o ponto alto foi mesmo ver todos os vestígios do antigo muro. Fiz questão de ir até à East Side Gallery para tomar contacto com a história mas também com a forma com que os habitantes locais e até mesmo artistas estrangeiros encararam o que aconteceu, exprimindo-se no muro.

Em Praga, eu fiquei apaixonada pelas casinhas pitorescas, pelo clima de Outono que deu um toque muito romântico e charmoso à cidade. Apesar da Ponte Carlos estar a abarrotar de turistas no primeiro dia que lá cheguei, mesmo assim acho que a experiência foi maravilhosa.

Em Cracóvia, eu finalmente tive a oportunidade de visitar o campo de concentração de Auschwitz e tomar consciência de uma parte da história que não devemos nunca esquecer. Era um dos sítios que eu mais queria visitar e, apesar de duro, foi uma experiência que sem dúvida mudou a maneira de encarar o mundo.

Em Viena eu engoli todos os preconceitos pré-existentes sobre a cidade. Ah porque é só palácios… Quê??? Eu fiquei furiosa comigo mesma por não conseguir ficar mais uns dias na cidade para poder visitar o museu de arte nacional que fica bem no Quarteirão dos museus e que é um dos melhores do mundo, não consegui ir ver Ópera, e só visitei o Palácio Hofburg. Enfim… Depois de lá estar percebi as maravilhas de Viena e agora estou cheia de vontade de regressar novamente.

Bratislava foi aquela cidade pequena com centrinho antigo super fofo que vale a pena passar e conhecer. A localização é perfeita, mesmo ao lado de Viena e a meio caminho de Budapeste, então sem dúvida que adorei o dia que passei aqui. As fotos falam por si! Apesar de não ter muuuito que ver/fazer, tem uma das cidades antigas mais bonitas da Europa.

E Budapeste, bem, foi um sonho tornado realidade. Infelizmente choveu no segundo dia que estivemos na cidade. Então não consegui fazer mais uns passeios à beira do Danúbio, nem visitar o bairro judeu, mas saí com a sensação de que fiz o que gostava de ter feito e conheci a Budapeste que eu sempre tinha idealizado. Ver o Parlamento foi fantástico, as termas foram divinais, enfim… tudo foi óptimo!

Então resumindo tudo, adorei cada momento da nossa viagem, tanto que penso voltar a fazer roteiros semelhantes em outras zonas da Europa. A única coisa que não volto a repetir são as noites passadas dentro de um autocarro. O dia seguinte era sempre mais cansativo do que umas horas de sono numa cama, por mais pequenas que fossem essas horas.

Visitar tantas cidades diferentes também torna mais dificil saber tudo ao detalhe de tudo o que eu coloco no roteiro. Então requer mais esforço. No dia anterior, tenho de voltar a estudar bem o roteiro do dia seguinte, contactar donos de casas, preparar os bilhetes que vamos precisar, confirmar horários de autocarros, calcular tempos de percursos, etc…

A logística é grande, afinal de contas foram 7 países, 7 cidades. É preciso um trabalho de equipa para tudo correr bem. E, apesar de alguns contratempos, tudo correu bastante bem, tal como tínhamos planeado. Então, contratempos maiores foi o atraso do comboio para Cracóvia (por problemas nos carris), a casa onde ficámos em Praga ficava num 4ºandar e não fomos muito bem recebidos nem tivémos vizinhos “normais” (muito barulho estranho ouvimos nós ahahah), e a casa de Cracóvia foi cancelada na véspera e acabámos por reservar outra bem melhor mais ou menos pelo mesmo valor.

Mas em todos os contratempos conseguimos dar a volta. Afinal de contas, que viagem não tem um ou outro contratempo? No final, o que importa é a experiência e as memórias que trazemos connosco. E essas foram para lá de positivas. Demos por nós no último dia a questionarmo-nos se faríamos mais uma semana e para onde. E, apesar de querer muito a minha caminha, continuava de bom grado a desbravar caminho.

Se ficaríamos mais tempo em cada país e se ficámos com pena de não ver isto ou aquilo? Claro que há sempre uma ou outra coisa que se tivesse mais tempo tinha ido ver mas… nós tínhamos definido um objetivo na viagem. E o objetivo não era passar o tempo a ver todos os museus de todas as cidades, era sim ver aqueles que nos diziam algo, e passar muito tempo nas ruas a ver a arquitectura dos sítios e a tomar consciência da cultura de cada cidade.

Então, tirando Viena, pelas razões que falei em cima, porque me surpreendeu bastante, não houve outra cidade que eu tivesse ficado com pena de não ter mais dias por lá, ou que queira muito regressar em breve. Eu sei que, eventualmente, no futuro, irei regressar a algumas destas cidades, mas para já, eu adorei o que vi e fiz.

E é isso! Mais dicas e, claro, o roteiro completo, vão começar a sair nos próximos dias! 🙂

PS: Consegui andar 15 dias com mala de cabine e mochila. Sou a maior!!!! Depois disto acho que vou arrumar as minhas malas de porão once and for all! 😀 Dicas em breveee!