Musical Amália no Politeama!

Sabem aquelas experiências que sempre ouvimos falar mas que deixamos para mais tarde quase toda uma vida? E depois quando finalmente acontece perguntamos porque ficamos tanto tempo sem o fazer?

É verdade! Ver um musical do Filipe la Féria sempre foi aquela experiência que no fundo queria experimentar, mas parece que nunca surgia a oportunidade e também porque o Teatro Politeama parece viver num mundo à parte, onde até os bilhetes são comprados na bilheteira local e pronto. À moda antiga!

O musical Amália foi um dos mais conhecidos e aclamados e esteve em cena durante 6 anos seguidos, fazendo tours pelo mundo. Mês passado ele retornou a cena e eu não posso dizer o que mudou, porque não vi o primeiro espetaculo. Mas posso assegurar que este é tudo o que nunca imaginei que seria, para melhor, muito melhor!

Não sei se a idade começa a influenciar na capacidade de apreciar este género de espetáculo ou não. Provavelmente sim, já que tenho adorado cada um que vou, ultimamente, mas este ao mesmo tempo foi especial por várias razões.

Foi a primeira vez que vi um musical do Filipe la Féria, a primeira vez que estive no Teatro Politeama e a primeira vez que ouvi fado ao vivo, pela voz de pessoas fenomenais, com um talento incrível e uma presença em palco magnífica.

O teatro Politeama contribuiu para a magia por ser tão pequeno e acolhedor, tão estilo antigo e bairrista e popular. O típico teatro do antigamente que não evoluiu mas parou no tempo e isso faz dele uma sala espetacular para assistir a este musical e tantos outros.

Em segundo lugar está o musical em si, que nos mostra toda a vida da fadista Amália Rodrigues, todas as lutas que passou, amores e desamores, como conquistou o coração dos portugueses e de tanto público ao redor do mundo, as suas incertezas e preocupações e, sobretudo os seus desejos para além da morte.

Tudo isto já é emocionante de conhecer, agora somem o toque único do fado, cantado por várias gerações de Amália Rodrigues e por outros tantos fadistas que a acompanharam na sua vida e que são retratados no espetáculo.

Eu sou bastante nova, então não conhecia metade dos fados da Amália que foram interpretados, mas quando vem aquele acorde que nós bem conhecemos dá um brilho especial nos olhos e o peito aquece com aquela música familiar e com a brilhante interpretação da fadista Alexandra, que representa o período adulto da vida de Amália.

A caracterização também está muito bem conseguida e por momentos é como se realmente estivéssemos na mesma sala da Amália Rodrigues. De resto, o elenco é o mesmo da primeira temporada, que se estreou pela primeira vez em 1999, e conta com mais de 50 fadistas, actores, bailarinos e músicos. Ah os músicos ao vivo também são aquela peça imprescindível que faz o espectáculo ser aquilo que é: emocionante!