Mestrado, quase a chegar ao fim!

Eu ponderei imenso acerca se valeria a pena falar aqui do meu mestrado e o que isso contribuiria para ajudar alguém de alguma maneira. Será que é informação tão importante assim ou mais um testemunho meu? Enfim, talvez este vá ser mais um post virado para o pessoal e sentimental, do que propriamente útil e cheio de dicas.

Para quem tem acompanhado o blog sabe que eu comecei a minha jornada “Mestrado” em Outubro de 2014, um ano depois de terminar a licenciatura e de me sentir a pessoa mais frustrada e inútil à face da terra.

Sempre adorei aprender coisas novas e estar um ano sem nada de novo quase me enlouqueceu. Então a minha entrada no Mestrado foi aquela lufada de ar fresco que aconteceu e que me fez voltar a acreditar nas minhas capacidades e utilidade.

O Mestrado teve um sentido de responsabilidade acrescido, já que a minha turma aparentemente eram só médicos e enfermeiros, muitos deles com um currículo invejável. E o que tinha eu? Uma paixão estranha por bactérias, vírus e parasitas! Sim, juro que sou uma pessoa normal, um pouco estranha, mas normal.

Ainda me lembro de na aula de apresentação me terem perguntado porque é que eu tinha escolhido este mestrado. E eu só consegui responder que esta era a área que mais me despertava interesse, ponto final. “Mas já trabalhaste nesta área?” Huuum, não. E toooodos os restantes tinham assim uma mega história fantabulástica para contar.

A verdade é que hoje em dia a sensação que dá é que o mestrado é algo já muito banal. Quase todos entram e vão fazer. Então porquê perder anos da nossa vida se em Portugal provavelmente não vai mudar a nossa situação profissional? A minha resposta a esta pergunta foi: porque quando a minha oportunidade chegar eu vou estar lá para a agarrar. E eu não acredito em deixar de estudar porque mesmo quem o faz não consegue emprego. Nada disso! A mentalidade tem de ser ao contrário.

E claro, na minha situação também serviu para voltar a fazer algo que eu adoro. Estar no laboratório, aprender mais acerca das áreas que mais gosto, etc… Outra coisa que eu adorei foi ter o privilégio de conhecer pessoas fantásticas de várias partes do mundo, cada uma delas com uma história para contar e que vão ocupar um cantinho especial no meu coração. Eu sei que quando for a Moçambique, Cabo Verde, Brasil, Angola, etc… vou ter uma porta aberta para me receber.

Eu costumo dizer que tenho uma relação de amor-ódio com os estudos. Adoro a sensação de estar a aprender, mas detesto o stress de ter de saber porque vou ser avaliada. Mas o mestrado para mim serviu para me superar em muita coisa e aprender várias lições. Aprendi que por mais que queira, vai haver sempre alguém melhor que eu, por isso não vale a pena stressar com isso. O segredo é agarrarmos as oportunidades que aqueles que são melhores do que nós não agarraram. E isso eu fiz!

Entrei no ano de tese com um projecto super entusiasmante em mãos e ainda estou para descobrir onde fui buscar força e coragem para “incomodar” tantas empresas e Câmaras Municipais e pedir algo tão grande delas. Desde os telefonemas difíceis, até às reuniões com engenheiros, médicos e responsáveis em geral, toda a logística necessária para montar um projecto tão grande quanto este, mais as sessões de formação a centenas de trabalhadores, para no final ficar com 347 almas caridosas que participaram no projecto.

Agora que está a chegar ao fim e a minha defesa está ao virar da esquina, olho para o lado e vejo que sou a primeira (da tal turma cheia de pessoas com o tal currículo bem melhor que o meu) que vai acabar o Mestrado.

Consegui cumprir todos os timings, mas mais importante que isso, consegui superar-me a mim própria e ficar com a certeza que não é preciso ser-se génio para alcançarmos aquilo que desejamos.

Quanto às oportunidades elas foram surgindo e foi óptimo saber que o meu projecto vai ser apresentado no Congresso de Medicina Tropical do próximo ano, assim como publicado em revista científica. Então, esta é uma jornada que ainda não acabou.

Por isso, fica aqui a dica para quem tem dúvidas acerca do que fazer a seguir à licenciatura e se sente um pouco perdido a navegar na maionese! 🙂