Cervejaria Half Moon, em Bruges!

Bélgica é muito popular pelas suas cervejas e pubs também. Não só pelo chocolate. E por todo o território, que não é tão vasto assim, há muitas maneiras diferentes de se fazer cerveja, aproveitando também as mudanças de clima de região para região.

E fazer cerveja é uma arte levada muito a sério pelos belgas, que se orgulham de levar a sua cerveja a competição e de ganharem medalhas ano após ano.

Em Bruges, houve uma cervejaria que permaneceu tão única e tradicional como no início da sua formação, quatro gerações atrás. E acabou por fazer questão de não sair do centro histórico, mesmo que para isso não consiga produzir grandes quantidades de cerveja.

No fundo, preferem manter a essência original da sua cerveja, não saindo de Bruges. Tudo isto para continuar a ser reconhecida como a cerveja de Bruges. Só por isso já ganhou a medalha!

Para fazermos algo diferente e tradicional, eu decidi incluir no roteiro uma visita à fábrica, que inclui no final uma prova da última cerveja lançada por eles, a Zot! Zot vem de louco, ou bobo da corte, que é a maneira como o povo de Bruges ficou conhecido, quando o Imperador Maximiliano lhes disse que para abrirem um manicómio na cidade bastava fecharem as portas dela.

A visita é super interessante porque mostra todos os passinhos para se fazer cerveja, mas não só! Até ensina os diferentes truques para aumentarmos o grau de álcool, a cor e até mesmo o sabor. Eu não fazia ideia que a Bélgica era conhecida por fazer cervejas com os sabores mais loucos, como queijo, por exemplo.

A fábrica tem várias zonas e a visita começa pela zona nova e recentemente construída, onde os vários ingredientes da cerveja são misturados, e outros componentes retirados, por não fazerem falta na cerveja ou simplesmente porque iriam alterar o sabor.

Em inglês os nomes dos ingredientes foram um pouco difíceis de acompanhar, mas vendo no site deles, os dois principais são o malte e o lúpulo, que eles a dada altura da visita mostram.

 

O grau de álcool depende da quantidade de açúcar que estiver presente, porque ele vai ser transformado em álcool na fermentação. A parte mais rápida é a inicial, onde os ingredientes são misturados, indo a mistura final até à zona de fermentação, onde demora uma semana até ficar a cerveja que bebemos.

Outro ponto interessante foi saber que a cerveja deve ser ingerida o mais rápido possível e não tem nada a ver com o vinho, que normalmente fica melhor se for envelhecido. Uma cerveja com semanas já não presta.

A meio da visita subimos até ao telhado onde tirámos fotos incríveis de toda a cidade com as torres das catedrais a sair pelo meio das casinhas. já não precisei subir ao Belfort! 🙂

A segunda parte da visita é pela zona antiga da fábrica e é vermos todas as técnicas que usavam antigamente e o quão rústicas elas eram. A fermentação antes era feita em tanques fechados que precisavam ser limpos periodicamente e por causa dos vapores a CO2, muitos eram os trabalhadores que desmaiavam e acabavam por morrer.

Também foi aqui que vimos o local onde antes as pipas eram roladas até aos barquinhos no canal, para depois serem distribuídos pelas casas. Esta técnica foi adoptada porque antigamente haviam muitas cervejarias espalhadas por Bruges, então esta foi a forma encontrada de tentar fazer frente à concorrência.

A cervejaria Half Moon já ganhou imensos prémios nacionais e internacionais e tem se mantido sempre na mesma família por séculos, passando de pai para filho e assim sucessivamente. A curiosidade vai para a cara que aparece no logótipo da lua, que é na realidade a cara do fundador, conhecido pela única foto que existe dele, onde aparece com uma cara bem carrancuda.

A cervejaria, além de ter a lojinha e as visitas guiadas à fábrica, também tem um restaurante muito bem decorado, com esplanada cá fora e tudo. Eles servem comidas leves mas também refeições mais completas e até mesmo só a típica cerveja. Tem uma cara de bistrô! Por acaso não ficámos por aqui a almoçar, mas estava com um aspecto óptimo e é bem pertinho do hotel onde ficámos.