O cozido das Furnas!

O cozido à Portuguesa já faz parte da nossa tradição mais enraizada e é apreciado por muitos. Mas eu toda a vida cresci a ouvir falar que o cozido das Furnas batia tudo e também cresci a detestar cozido à portuguesa. Então, obviamente que para mim tudo aquilo de provar o que é tradicional da terra dava-me uma mistura de sentimentos.

Por um lado estava fora de questão não ver essa parte tão importante da gastronomia açoriana e por outro estava na dúvida que realmente fosse apreciar algo de que sempre lutei para não comer e sempre consegui escapar (bem, quase sempre). 🙂

Então, acabei por marcar mesa num dos restaurantes que servem cozido e que é considerado um dos melhores na área. Mas a dica fica para outro post. Depois de comer o cozido estavamos super curiosos de conhecer onde ele é feito e toda a zona das fumarolas, então lá descobrimos o sítio numa das extremidades da Lagoa das Furnas, no oposto do Jardim José do Canto.

Infelizmente, de manhã já não conseguimos chegar a horas de ver o cozido a sair da terra, mas durante o tempo que lá tivemos demos sorte de conseguir ver um senhor a tirar o seu cozido e a colocar outro no mesmo buraco. Segundo o que nos disseram, por volta do meio dia e meia é quando todos os restaurantes da vila das Furnas vão lá tirar os seus cozidos. Então a coisa deve ser bem em grande e movimentada.

Por cima das fumarolas eles construíram um passadiço que faz com que consigamos circular por lá e apreciemos toda a actividade vulcânica, sem que haja perigo de nos queimarmos com a água a ferver. Por isso mesmo também é proibido ao comum visitante pisar a terra onde estão os buracos do cozido porque eles estão muito perto da água em ebulição e muitos dos buracos têm essa mesma água no fundo.

Só de andar por cima do passadiço já dá para ter ideia do quão quente está toda aquela zona, com muito fumo a sair dos lagos de água que não pára de ferver e também dos buracos onde o cozido é feito. Fiz até vídeo disso, que depois mostro no final de todos os posts.

É também engraçado vermos como eles tornaram aquilo muito organizado. Foram vários os buracos e zonas em que vimos tabuletas com nomes de restaurantes. Então dá ideia que eles mantêm aquilo muito estruturado e cada restaurante já tem o seu próprio buraco ou mais do que um. Agora não sei como funciona em termos de arrendamento, se é que fazem isso.

A verdade é que de à um tempo para cá, a zona onde os cozidos são feitos tem de se pagar para entrar. Pagamos por pessoa e o carro paga pelo tempo que lá estivermos. Se quisermos pôr um cozido a fazer então há um extra que temos de pagar também. Por isso, não sei como funciona com os restaurantes.

O que mais impressiona nesta zona é como é possível as fumarolas estarem localizadas nesse sítio e por mais uns quilómetro nós não vemos mais nenhuma manifestação parecida a esta. Inclusive a água da Lagoa, mesmo ali ao lado, não está quente, como vemos a água dos poços (em constante ebulição).

Pelo facto de também ser uma zona muito especial em termos de manifestações vulcânicas, fez com que a zona envolvente fosse afectada por isso e então cresceram umas plantas diferentes do que se vê pela ilha. São umas plantas com florinhas muito pequenas e rosa. Muito giras!

Apesar da zona não ser grande é difícil não ficarmos maravilhados com o que vemos, principalmente se é a primeira vez que estamos ali. Impossível não nos admirarmos com as manifestações vulcânicas e como elas afectam o sítio onde estão.

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