Como está ali tão perto do Convento de Cristo, era de prever que a própria cidade de Tomar estivesse tão ligada à história dos Templários. Ela foi fundada em 1157 por Gualdim Pais, o primeiro grão-mestre da Ordem dos Templários em Portugal, e é dominada pelo castelo do século XII, do qual faz parte o Convento.
A cidade é muito diversificada e fofa, com um centro muito bonito para se visitar. Não é nada grande de mais que não se consiga ver em poucas horas, mas ainda assim eu senti necessidade de voltar cá, depois de ter estado de fugida à uns aninhos atrás quando vínhamos do norte. Nessa noite parámos aqui só para jantar e então sempre ficou aquele bichinho do quero voltar para dar uma volta maior pela cidade e conhecer um pouco mais dela.
E se o centro é perfeito para o passeio, estacionar o carro já vai ser uma autêntica dor de cabeça. A nossa tendência é querer estacionar o mais próximo possível do centro, até porque queríamos muito ir almoçar pelas ruas estreitinhas mais típicas da cidade antiga.
É nestas ruelas que está a decoração das casas pela altura das festas dos tabuleiros, e que ainda permanecem por lá, além de ser por aqui que estão alguns dos ícones da cidade que merecem visita: a sinagoga e a Igreja gótica de S. João Baptista. Isto aproveitando, claro, para ver o comércio que abunda por aquelas ruas e apreciar o movimento dos habitantes e visitantes estrada acima, estrada abaixo.
A Igreja de S. João Baptista acho que é um daqueles marcos que se vêem à distância. Estamos nós a descer a encosta desde o convento para o centro da cidade e já estamos a reparar que está ali qualquer coisa. Mesmo quem não saiba o que ver em Tomar, de certeza que vai ficar com vontade de ir à procura daquela igreja tão singular.
Não sei se é pelo seu estilo gótico, mas o que realmente chama a atenção é a torre que parece ter imensos anos e anda estar tal e qual como foi construída. E parece resistir a tudo! Esta igreja é de finais do século XV e ainda tem o bónus de ostentar um portal manuelino. Eu sou particularmente apreciadora do estilo manuelino. Então para quem vai ver o convento, onde ele está por todo o lado, acho que qualquer um vira fã depois disso.
Ali pertinho, numa das ruelas perpendiculares, está uma casinha que facilmente passa despercebida se não estivermos à procura dela. Por isso, o melhor é pedir um mapa numa das lojinhas de souvenirs que existem por ali e seguir as indicações para ir dar lá.
Então, esta sinagoga é uma das mais antigas de Portugal e foi construída entre 1430-60. Foi usada por famílias judias que habitavam a região, até D. Manuel I ter decidido banir os judeus que recusaram a conversão, e por causa disso mandou destruir as sinagogas. A primeira cerimónia depois deste acontecimento foi feita em 1497, mas depois dela as funções da sinagoga passaram por prisão, palheiro e armazém.
Lá na sinagoga está uma senhora super mexida e simpática que terá todo o gosto em contar aos visitantes que queiram aprender um pouco mais sobre esta cultura e religião, além de aprenderem sobre a história completa desta sinagoga em especial. Ela ainda acrescentou que hoje em dia só se realizam ali cerimónias quando vêm visitantes judeus, isto porque para haver uma cerimónia é preciso um número de judeus do sexo masculino que não existem actualmente na cidade de Tomar (eu penso que são 16, mas já não me lembro!).
Depois do banho de cultura, nada melhor que tirar um tempo para relaxamento no jardim mesmo no centro da cidade. Este jardim é o paraíso de qualquer apaixonado por jardins. Tem pontes super funcionais, que até ajudam no dia-a-dia da população, barquinhos tipo gaivota para aproveitar o enorme lago na perfeição, mini-cascatas e ainda uma roda movida a água.
É daqueles tesouros super bem conservados que valem a pena a visita. Não é um jardim enorme, mas o que tem está perfeito e encaixa muito bem no centro da cidade. Até porque logo ali em frente começa a parte histórica e então torna-se perfeito para acabar o passeio por aqui, depois de termos visitado a parte cultural de Tomar.
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