A experiência de viver em Estocolmo, na Suécia! – Capítulo 4

Depois de tanto falar sobre as atracções turísticas da cidade, lembrei-me que tinha lá escondido nas minhas recordações, um evento super importante que pude assistir, o Valborg! Não é que tudo falava nisso? E um pouco por toda a cidade todos se reuniram para assistir a este grande evento, que marca o início da época quente.

E com o Valborg veio também a lembrança que eu ainda não falei nada sobre tradições e costumes. Como é que é o povo sueco? Como é que eles lidam com emigrantes, por exemplo? Será que são respeitadores ou nem por isso? Quando planeamos sair do nosso próprio país, é importante sabermos onde nos vamos enfiar e se vamos ser bem recebidos.

Tudo bem que não é a primeira coisa que pensamos, mas quando caímos no real de que estamos de partida, aí cai também a ficha se vamos ou não ser bem recebidos e o que está afinal à nossa espera no outro lado. Foi assim comigo! E também foi o que me custou um bocadinho a habituar.

No entanto, para mim até foi estranho a dobrar, porque eu estava integrada no meio de povos de todo o mundo. cada um tinha a sua mania e tradição e cada um tentava impor a sua personalidade ali no meio da amálgama de almas que viviam todas juntas. Então, momentaneamente até nos esquecíamos que estávamos no meio de suecos, que eles estavam lá fora da residência.

Cada vez que saía para a vida do dia-a-dia, lá estava aquele povo, que eu aprendi a conviver e reconhecer. Sim, é uma questão de hábito, mas onde é que isso não existe? A verdade é que, para onde formos vamos encontrar pessoas diferentes de nós. Mesmo que emigremos para o sul da Europa, onde aparentemente há latinos como nós.

Não! A cultura muda, mesmo dentro de um mesmo país, e isso pode ser um motivo para que não nos consigamos habituar a viver em determinado país. Então, como são os suecos?

A minha impressão inicial, quando batemos de frente com um, aparte o aspecto exterior loiro e delgado, é o fazem transparecer – frios! Sim, frios como o próprio clima que têm e que eu às tantas já acho que influencia. A verdade é que quando lá cheguei não comecei logo nas tarefas laborais de casa-trabalho-casa, então demorei um bocadinho a perceber a outra faceta deles.

Eles são óptimos a receber portugueses!!! Adoram-nos!!! Aliás, eu acho que eles têm um carinho especial em receber pessoas novas e tentar que se sintam em casa. Pelo menos quando sabem que vimos com boas intenções. Eles adoram mostrar o quão bons eles são, o quão organizados e eficientes são, etc etc…

Ou seja, a maneira melhor que têm de nos mostrar que tudo funciona bem e é perfeito, é tratar-nos muito bem! Mas atenção! Eu ia em regime temporário e de estudante e tal! Mas tenho algumas pessoas que, em conversa, me foram avisando que quando o assunto é trabalho, a coisa pode ser um pouquinho mais complicada.

Não é que, de um momento para o outro, comecem a tratar mal, nada disso, mas arranjam forma de complicar a vida a quem tente chegar ao país, sem trabalho à vista, e tente na hora arranjar alguma coisa. A tendência é usarem a burocracia para atrasar e desesperar tudo e todos. Então, começam por só dar trabalho a quem tenha cartão de residência e depois só dão o cartão a quem esteja a trabalhar. Um ciclo vicioso que só acaba em algumas situações e, infelizmente, acaba por tornar o regresso a Portugal uma opção mais fácil e inevitável.

Tudo isto, porque em tempos abriram demais as suas portas a refugiados de países em guerra, como iranianos, turcos, enfim… Muita gente diferente, de todo o mundo, está neste momento a trabalhar na Suécia. Na minha área então era mais fácil encontrar alguém não sueco do que sueco, só para terem uma ideia. Tudo isto criou uma certa preocupação no país, que criou esta forma de tentar fechar um pouco as hipóteses de trabalho a estrangeiros.

Dentro dos trabalhos também acontece que as melhores oportunidades estejam apenas reservadas a suecos, como forma de patriotismo, diria eu. Mas, a verdade é que nem sempre é assim e, apesar de tudo, eles conseguem sempre demonstrar uma grande cortesia por nós e respeitam bastante. Eu lembro-me deles super prestáveis e simpáticos a tentarem sempre agradar-me e a oferecerem-me montes de coisas, a fazer muitas perguntas. Enfim… eu sei que se calhar é por ser estudante e eles querem ficar bem vistos lá fora, mas ainda assim são uns amores quando nos começam a conhecer. A maioria, eu tenho a certeza que é assim.

Depois, pela rua, e em lojas, o mais provável é cruzarmo-nos com carrancudos, mal-dispostos. Ahahah o oposto, com certeza. Não têm muita fama de ser simpáticos, mas sim frios como o clima. Mas também, né? Se eu vivesse todo esse tempo com frio e tempo cinzento, acho que não ia resistir a deixar-me influenciar.

Depois são organizados!! Muuuito organizados e os melhores em tudo. Têm as melhores faculdades, o melhor ministro, a melhor economia, as melhores descobertas científicas!! Tudo de bom são eles! A verdade é que muitas vezes, para isso, usam os melhores de outros países para chegarem lá. Isto porque, pela Europa e não só, há sempre pessoas mal reconhecidas, principalmente estudantes ou jovens, que aproveitam um país destes para conseguir aquilo que nunca chegam a alcançar no seu país de origem.

A Suécia dá mestrados, incentiva a investigação, etc etc… Tudo para atrair os melhores. E no fim, dá uma mega festa de recepção para que nos sintamos em casa.

Os hábitos do dia-a-dia passam, essencialmente pelo fika, que é quase sagrado! É o chá da tarde deles, acompanhado de bolinhos, que cada um trás e que partilha entre todos. Todos se juntam e bebem café, ou chá, com muita conversa e risada à mistura. Momento em que para tudo!! Não falha!

No que toca a festividades eu só assisti ao Valborg, onde fazem uma enorme fogueira para celebrar a chegada da Primavera e do tempo bom. Eu assisti ao Valborg no jardim zoológica da cidade, mas a verdade é que neste dia é só escolher entre as várias fogueiras da cidade, qual a zona preferida para passar as horinhas do fim do dia, até a fogueira se apagar.

No Verão, mesmo depois de me vir embora ainda celebraram a chegada do Verão, no dia do Solstício, onde é a noite mais pequena do ano, ou melhor, a ausência dela! 🙂 Estes são os eventos mais importantes, mas ainda vou referir o Natal, que também não assisti (cheguei um pouquinho depois). Eles têm o hábito de pôr um candelabro na janela, que fia lá até eles se lembrarem de tirar. Super engraçado! Lembro-me de em Fevereiro ainda ver alguns candelabros pelas janelas.

Muito mais havia para dizer. Mas este é apenas um cheirinho do que se pode encontrar pela Suécia e pelos suecos!

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