A experiência de viver em Estocolmo, na Suécia! – Capítulo1

Vai fazer dois anos (já!!!) em Janeiro que eu fui viver para Estocolmo, e lá fiquei até Junho desse ano, contabilizando quase 6 meses. Foi a cidade que elegi para me acolher durante o programa Erasmus, que teve como base principal o estágio na minha área (laboratórios hospitalares), mas também a apresentação de relatórios de tudo o que fazia. Ou seja, o tempo para conjugar estas duas coisas tirou-me a capacidade de apreciar tudo o que a Suécia tinha para dar e também a possibilidade de visitar mais países à volta.

Mas mesmo assim, ainda corri de uma ponta à outra Estocolmo, visitei algumas cidades/vilas da Suécia (a maior parte nas redondezas de Estocolmo) e fiz um cruzeiro à Finlândia (Helsínquia). Tudo isto vou contar ao pormenor em posts dedicados a cada tema. Mas hoje propus-me a escrever a minha opinião e experiência pessoal do que é viver num país diferente, principalmente um país tão diferente como este (Escandinavo).

Vou abordar os temas que para mim são fundamentais para quem pensa viver neste país em vários capítulos (para não ser maçador), mas se houver, no final, algum aspecto que não foquei e que tenham dúvidas ou interesse em saber, é só comentar em baixo e eu esclareço, ou então faço um post dedicado ao assunto, se for conveniente.

1. Clima, temperatura e horas de Sol

O clima foi o primeiro que me veio à cabeça talvez porque foi um dos aspectos que mais me fez confusão e mais reservas me deu na adaptação. Eu cheguei em Janeiro, ou seja, em pleno Inverno. E se não há motivos para dramas num qualquer país do sul da Europa, a verdade é que o caso muda de figura quando falamos na Escandinávia (norte da Europa).

As ruas estavam cheias de neve, o que até se tornou num suplicio na hora de carregar com as malas pesadas, desde o comboio até casa. E depois não é só isso. Até aqui eu sempre tinha achado a neve fofinha e bonitinha nas fotos. Mas viver constantemente enterrada na neve fez-me confusão.

Até uma simples saída à rua para ir às compras, implicava vestir-me até ao tutano de roupa, calçar botas de neve quase do meu tamanho e rezar para não escorregar no gelo e cair no chão. Óbvio que mais cedo ou mais tarde isto acabou por acontecer e logo quando estava rodeada de amigos.

Depois a neve descongela e volta a congelar e então são possas de água por todo o lado que é igual a lama e que é igual a formação de gelo, quando a neve é calcada durante algum tempo. Com o tempo, uma pessoa começa a diferenciar bem o que é escorregadio do que não é, mas até lá ainda apanhei muitos sustos e ataques cardíacos, ao sentir o meu corpo a deslizar de repente.

Depois o dia acaba rápido, num segundo ficou de dia no outro já se está a pôr o sol. Claro que não é assim tão rápido, mas no Inverno o sol nasce tarde (9h) e põe-se cedo (15h), isto falando já de Janeiro.

Mas à medida que avança para a Primavera, a coisa começa a melhorar e aos poucos a neve dá lugar à lama, que dá lugar ao friozinho só. Ali por volta da Páscoa eu lembro-me que vim passar a semana a Portugal e ainda havia neve pelas ruas, e quando cheguei já só havia umas poças aqui e ali.

Depois o mesmo se aplica às horas de sol, que em Junho até se chama o sol da meia noite, e é bem verdade. É um eterno pôr-do-sol, que se transforma em dia por volta das 2h da manhã. Eu lembro-me de estar a falar até tarde com o Carlos num fim-de-semana e de repente abro a cortina e está dia. Com passarinhos a cantar. E adormecer assim? Hahaha lindo!

Claro que para quem viveu o Inverno rigoroso, 16º é tempo óptimo para bronzear ao sol de biquíni e até fazer uma praia. E foi mesmo isso que fiz! Ainda me lembro de quando vim a Portugal, suar de calor assim que saí do aeroporto e toda a gente à minha volta estava com casaco de Inverno. E em Maio quando o Carlos me foi visitar eu estava muito bem de manga curta e ele de casaco, por exemplo.

2. Comprar no supermercado e comida típica

Também senti muita falta da minha comidinha caseira tradicional portuguesa :). Acho que nós só sentimos falta quando ficamos sem ela. Bem, comprar no supermercado foi um desafio nos primeiros tempos porque a língua é totalmente diferente e o tipo de comida também. Ou seja, o que para nós é básico, para eles pode não ser assim tanto, então não está completamente visível no supermercado.

Depois o ideal é começar a improvisar. Não significa que mudemos radicalmente os nossos hábitos alimentares do dia para a noite, mas que adaptemos o que costumamos fazer com algumas ideias gastronómicas suecas. Ou então vamos chegar ao ponto de estar a comer sempre o mesmo durante meses a fio, porque não sabemos cozinhar comida sueca.

Eu aprendi algumas coisas nesta área, mas como eles utilizam muito molhos e comem quase nenhum peixe (só salmão), então a minha alimentação foi muito à base do frango, salmão, lombo de carne, almôndegas e sopas. Mesmo assim tinha algumas reticências a comprar carne porque nunca se sabia de que animal era aquilo e à vezes até dizíamos na brincadeira que podia ser de veado! 🙂

Mas o porquê de não me ter aventurado muito na cozinha sueca? Em primeiro lugar eu literalmente aprendi a cozinhar na Suécia e em segundo lugar não fazia comida só para mim mas para a minha colega (que me acompanhou no Erasmus) também. Ou então era ela a fazer. E ela não gostava de molhos, entre outras coisas, muito típicas na cozinha sueca. E então isso limitou um pouco o leque de escolhas.

Doces típicos são o Bolo de creme de amêndoa Semla e uns bolinhos de canela, os kanelboula (não sei se é mesmo assim que se escreve), que este último também há à venda no Ikea. E depois são doces e gomas no geral. Nunca vi um povo que gostasse tanto de doces.

O leite e o pão também merecem um comentário à parte porque foram dos bens essenciais mais dificeis de escolher e comprar. Para já o leite só havia a vender em garrafas de 1 litro (pelo menos nos supermercados perto de casa), e depois tinha três níveis diferentes de gordura. No entanto, mesmo o mais baixo tinha mais gordura que o nosso leite normal, então ao início pode-se estranhar um bocadinho depois de aquecido. O pão também não há a carcaça, ou mesmo o típico pão de cortar à fatia, num supermercado normal. Ou se há, é caríssimo mesmoooo! Então, o que há? Pão de forma! E foi este o único pão que eu comi lá. Por isso emagreci tanto!

As bebidas alcoólicas lá eram vendidas numa loja só dedicada a isso, e todos tinham de apresentar o bilhete de identidade na hora de pagar. Mas era engraçado porque essa loja tinha bebidas de todas as partes do mundo, então nós ainda comprámos moscatel uma vez para dar a provar ao pessoal que morava connosco.