Coimbra, a terra dos estudantes!

O título já é sugestivo de que por todo o lado se inspira espírito académico, o que mesmo na altura das férias de Natal, está bem presente. Tudo bem que mais circunscrito à zona das universidades, mas ainda assim é uma cidade que marca pela diferença nesta área.

Então, como estava numa cidade de estudantes, nada melhor do que visitar a Universidade mais antiga de Portugal, tão famosa pela sua Torre, Biblioteca e interiores super antigos e bem preservados. Eu poderia ter colocado a visita à Universidade de Coimbra num post à parte, porque só ela ocupa imenso do nosso dia e tem uma história muito própria, com cada sala a ter uma parte importante no contexto académico. Mas, como acabei por ver tudo no mesmo dia, e as fotos não são muuuitas, vou espremer o melhor da passagem por Coimbra.

A nossa visita começou na Universidade, mas como estávamos perto do almoço, decidimos ir descendo até à baixa, onde estão as lojas tradicionais, muitas igrejinhas e casas típicas, passando pela Sé Velha e Nova e pelo Arco de Almedina. A cidade alta e baixa está muito perto uma da outra se fizermos este trajecto, entrando pelo Arco de Almedina. Mas na realidade, como o próprio nome indica (alta e baixa), o percurso ainda é bastante íngreme, e convém parar pelo caminho.

Nós, por exemplo, parámos para almoçar numa tasca super pequena, só com lugares para comer ao balcão, mas que dava para ver que era paragem comum de estudantes, que ainda andavam por ali em exames, principalmente. Esta tasca fica numa rua suuper íngreme, com escadaria mesmo, e de certeza que no caminho entre as duas zonas da cidade, vai passar por aqui. Por isso, fica a dica, muito saborosa e barata.

Começando pela parte baixa da cidade, a nossa turistagem foi mesmo passear pela rua principal, que tem as lojas, entrar na Igreja de Santa Cruz, onde estão sepultados os dois primeiros reis portugueses, e percorrer a rua até ao rio, onde a vista é bem bonita.

Só isso, mas pelo caminho, entenda-se, ao longo da rua, o que não faltam são igrejas pequenas a cada esquina, cada uma com uma história para contar. Todas elas apareciam no mapa que tinha, mas achámos por bem não estar a parar em cada uma delas, até porque no Inverno o tempo escurece mais cedo.

Depois de percorrida a baixa começámos a subir, pela rua que vai dar ao Arco de Almedina. Este arco marca o início da Cidade Alta, ou Cidade Velha, onde está o emaranhado de ruas íngremes com as casinhas mais antigas. Também é típico ver-se as lojas a vender produtos da região, e ao longo dos degraus é fácil nos perdermos a apreciar os postais expostos no exterior das lojas. Típico também são as repúblicas, residências de estudantes, que abundam no trajecto entre o Arco e a Universidade. Daí ser comum ver tantos estudantes nesta zona.

Um pouco mais acima está a praça com a Sé Velha, que eu achei super interessante, até mais imponente do que a Sé Nova, por ter aquele toque dos antepassados que faz a diferença. A Sé Velha foi mandada construir pelo rei D. Afonso Henriques e o seu filho D. Sancho foi aqui coroado pouco depois de terminada.

A Sé Nova fica mesmo ao lado da Universidade, mas infelizmente estava fechada quando passámos por lá, então só deu para tirar fotos e contemplar a fachada. Apesar de ter o nome Nova, esta Catedral não é assim tão nova. Foi fundada pelos Jesuítas em 1598. Mas mesmo assim, as diferenças de estilo entre uma e outra são claras. Enquanto a Sé Velha tem um estilo mais fortaleza, a Sé Nova, está muita mais trabalhada e rica.

Agora, grande atracção, a Universidade!! A Universidade de Coimbra nasceu, depois do rei D. Dinis ter transferido a Universidade de Lisboa para Coimbra (para o palácio real de D. Afonso), em 1537. Na altura os estudos eram sobretudo assentes na teologia, medicina e leis, até que as reformas de Pombal, nos anos 70, do século XVIII, alargaram o currículo. Curiosidade: muitas estrelas do nosso panorama literário estudaram aqui, como é o caso de Eça de Queirós.

Aberto ao público para visita está a parte mais antiga da Universidade, em redor do Pátio das Escolas, que ele próprio tem uma varanda com uma vista espectacular sobre o rio Mondego. Nós começámos a visita pela Biblioteca Joanina, que tem um acervo de 300 000 livros, não contando com a riqueza do interior, com madeiras exóticas e pormenores dourados.

Logo a seguir vem a Capela de São Miguel, onde o que salta à vista são os azulejos e o tecto ornamentado, mas mais ainda é o órgão enorme e cheio de detalhes.

Passando para a parte mais estudantil, podemos visitar a Sala do Exame Privado, que contém retratos de antigos reitores e a Sala Grande dos Actos, onde acontecem várias cerimónias, mas também onde os estudantes apresentam e fazem a defesa das suas teses de Doutoramento. Na altura da nossa visita, não pudemos entrar, justamente porque estava a decorrer uma defesa de tese, então só vimos a sala a partir das janelas que estão junto ao tecto. Só o ar dos professores me dava pânico de ali estar! 🙂

Ainda existem outras salas de menor importância que podem ser visitadas ao longo do percurso, que vai dar a uma varanda virada para o rio. Mais uma vez dá para admirar as vistas, incluindo todo o percurso que tínhamos feito de manhã, até porque a Sé Velha é perfeitamente distinguível daqui.

Para além do interior da Universidade, o exterior é igualmente rico em pormenores que realçam os 700 anos do edifício, onde a escadaria, que dá para a entrada do edifício e a Porta Férrea, que marca a passagem para o Pátio das Escolas, são os pontos altos da antiguidade desta zona.