Jerez de la Frontera, a capital do vinho xérez!

Eu adoro experimentar coisas diferentes em cada viagem, principalmente ter contacto com o que é mais tradicional na cidade que estou a visitar. E no caso de Jerez de la Frontera havia duas possibilidades, que tornam esta cidade única e a distinguem de todas as outras que visitámos: o vinho xérez e a escola de arte equestre.

As duas possibilidades estavam em cima da mesa e primeiro fomos para a fila da escola de arte equestre, porque ainda não tínhamos decidido bem qual a adega que queríamos visitar. Mas depois começámos a ver o preço exorbitante para cada pessoa e rapidamente percebemos que aquele era programa para “tios e tias”, estávamos claramente a destoar! 🙂

Como era certo que queríamos visitar uma adega, coisa que nunca tínhamos feito, e íamos gastar dinheiro nisso e em vinhos para trazer como recordação (segundo o Carlos né?), então desistimos da ideia da escola e fomos logo para a adega, até porque ainda queríamos passar uma bela tarde de praia em Cádis!

Eu confesso que não tinha decidido por nenhuma adega, nem tinha pensado muito nisso durante o meu planeamento de roteiro. Então fiquei meio perdida, sem saber o que realmente valeria a pena visitar, o que era mais tradicional, mais conhecido, etc… O guia falava bem de algumas adegas, mas não havia nenhuma que se destacasse realmente. Então, basicamente olhámos para as placas e a adega que aparecia mais vezes e mais anunciada foi a que escolhemos visitar: Tio Pepe ou González Byass. Coincidência, ou não, também era uma das mais aconselhadas pelo meu guia, portanto lá fomos nós.

Como era a primeira experiência do género, e eu adoro tapas (não fosse estar em Espanha), escolhemos o pacote de degustação que tinha as benditas tapas e uma selecção de 4 vinhos.

Eu não sei quanto à história das outras adegas, mas achei esta muito interessante e riquíssima. A começar pela parte inicial da visita, onde pudemos ver todos os países para onde a adega exporta e tirar a típica fotografia ao lado do barril com a bandeira de Portugal. Hahaha da praxe! E são inúmeros os países para onde exportam o vinho xérez.

Depois fomos assistir a um vídeo que contava a história resumida da família e do senhor Tio Pepe, que fundou a adega e que a fez crescer, passando de geração em geração. A salinha do vídeo ficava bem no meio da adega, onde o vinho xérez está armazenado.

Até no armazenamento do vinho há truque, já que os barris mais velhos estão em baixo e os mais novos em cima. E os mais velhos estão colocados em cima de areia, para manter o nível adequado de humidade. Este sistema é chamado de solera e garante uma qualidade constante do vinho xérez. O vinho do solera mais jovem é misturado com o mais antigo, nos barris inferiores, que depois vai ser engarrafado.

O melhor xérez seco é produto da casta de uvas Palomino e depois joga-se com o tipo de fermentação, para obter um produto mais oloroso ou fino. No caso da adega Tio Pepe, o xérez é fino, com um bouquet agradável e uma cor clara.

Para além do conhecido xérez, a adega ainda produz três qualidades de Brandy, que estão armazenados num sítio à parte. Para chegar até aqui, é um comboio turístico que nos leva, passando pela zona da produção do vinho (fermentação, entre outras) e também pela zona onde os barris são construídos.

Na zona da fermentação, eles mostram uma fila de copos de Brandy, para nos mostrar como a idade influencia no aspecto e gosto do vinho que produzem.

A parte final da visita é num enorme armazém de reserva (o maior que têm), com filas de barris a perder de vista e no meio a zona de degustação. Começam por servir os vinhos secos e por último o Brandy, sempre acompanhado de tapas. Ok, não fiquei fã do xérez seco, mas não é o fim do mundo porque os Brandys eram muito bons.

Tão bons que antes da saída, ao passar pela loja, não resistimos e trouxemos uma boa selecção de vinhos, desde os secos, até aos últimos que provámos. Foi aqui que eu comecei a ganhar interesse na degustação de vinhos e toda a ciência e história por detrás de cada casta e cada adega. Então começámos uma colecção de miniaturas, que foi evoluindo ao longo do ano que passou e já está bem crescidinha. Qualquer dia faço um post sobre isso!