Granada e os seus bairros

Granada à primeira vista pareceu a cidade mais caótica de todas as que passámos. E fomos no Verão! Gostava de ver durante o tempo de Inverno quando a Serra Nevada é procurada para os desportos de Inverno. A coisa deve piorar!

Mas, à parte isso, a verdade é que o centro histórico, com os bairros de ruas estreitinhas, são super giros e fofos. À parte o calor que estava, é engraçado ver o contraste da paisagem árida à volta da cidade, com o aglomerado das casas dos bairros (todas branquinhas).

Granada é outra cidade da Andaluzia que foi muitos anos ocupada pelos mouros, tendo sido muito influente naquela altura. Daí ser tão rica em pormenores mouriscos e ter ainda conservado a essência bairrista da altura.

Para chegar ao centro histórico não é assim tão simples, mais uma vez por causa do estacionamento em redor ser escasso. E aqui, o governo optou por fechar mesmo as estradas empedradas dos bairros, então torna difícil o acesso sem ser a pé.

Na primeira noite na cidade fomos visitar a parte norte do bairro de Albaicín, que continua até ao rio Darro. O ambiente à noite é maravilhoso, cheio de restaurantes perdidos nas ruelas e alguns bem românticos, com vista para o grande La Alhambra (que fomos visitar no dia seguinte).

Mas aqui no alto da colina, o que realmente vale a pena visitar é o Miradouro de San Nicolás, que dá uma vista lindíssima do La Alhambra. Não sei como é a vista de dia, mas de noite com tudo iluminado é espectacular porque dá para ter ideia da enormidade do complexo. Para além que costumam se reunir aqui vários grupos de pessoas para passar bons momentos nas noites de Verão, criando um clima bem agradável.

No outro dia de manhã, como o nosso bilhete de entrada no La Alhambra era só a partir das 13h, nós deixámos o carro no complexo e descemos até ao Albaícin, mas desta vez para a parte junto ao rio. A descida desde o La Alhambra é íngreme mas sempre feita entre a muralha e a floresta verde, então sempre dá para ir parando pelo caminho e respirar o ar puro. Também há minibus que fazem este trajecto!

Sim, esta zona é de encosta, então até chegar ao rio o caminho é sempre a descer e depois, claro, subimos de novo até à muralha. Mas o engraçado é fazer este percurso devagar e ir apreciando os pormenores pitorescos à nossa volta. Mesmo que já tenhamos visto a cultura mourisca noutras cidades, eu acho que cada uma tem o seu charme e envolvência. Um pormenor ou outro que fazem toda a diferença para serem únicas, cada uma à sua maneira.

E eu fiquei apaixonada pelo bairro Albaícin, que é fofo e giríssimo. Dá muita vontade de passar horas a vaguear por lá. E se não fosse a existência do La Alhambra, era o que tinha feito! Então, com umas horinhas de manhã, optámos por não nos distanciarmos muito da praça de Santa Ana, que tem a rua a subir até ao La Alhambra (o caminho mais íngreme mas mais curto!).

Mas não há stress porque esta zona tem mais cultura por metro quadrado que muitas cidades da Europa. A cada esquina está uma igreja, Banhos mouros, Real Chancelaria, Convento ou Museu. Tudo ao longo da Carrera del Darro, uma rua empedrada que acompanha o leito do Darro até a outro bairro que não chegámos a visitar, o Sacromonte. A história deste bairro tem mais a ver com a altura em que os ciganos viviam nas colinas, dentro de grutas. Super interessante também!

Mas voltando ao bairro mourisco, como o próprio nome indica, este é o sítio onde mais se vê  a antiga presença mourisca na cidade de Granada. Nesta zona calcula-se que havia dezenas de mesquitas, que acabaram por desaparecer para no seu lugar aparecer dezenas de igrejas e mosteiros. Daí vermos uma em cada esquina!

Também os Banhos Mouros me chamaram a atenção e eu acho que estes foram os primeiros que vi. Estão muito bem preservados, mesmo dentro de uma casa, e nota-se bem as várias divisões onde os diferentes tipos de banhos se faziam. Aqui até dá para ver como era o tecto, com aberturas em forma de estrela, para deixar entrar a luz do exterior.

Mas dando um voltinha pelo Darro é no geral interessante apreciar as velhas pontes que vamos encontrando e também o estilo das casinhas muito pitorescas. Parece que foram construídas à beirinha do rio e quase umas em cima das outras. Para além dos detalhes de arquitectura mourisca sempre presentes.