Palácio da Ajuda

Não é novidade nenhuma que eu adoro tudo o que tem a ver com palácios e castelos. Adoro ver os interiores riquíssimos e a história de cada divisão. A maneira como os reis e as rainhas viviam rodeados de luxo e mesmo o seu estilo de vida, o que mais gostavam de fazer e de que forma ocupavam os seus tempos livres. Para além dos rituais cerimoniais do dia-a-dia, que é qualquer coisa surpreendente e interessante para mim. E para quem acha que é só no estrangeiro que se encontram verdadeiras obras de arte está muito enganado porque eu já fiz uma lista de todos os palácios de Lisboa que quero visitar em breve e todos eles são lindíssimos. Para não falar que representam a história do nosso país, que às vezes acabamos por esquecer um pouco, já que não temos monarquia à muitos anos.

O primeiro palácio que visitei à umas semanas foi o de S. Bento, mais ligado à governação desde os seus primórdios, e agora o da Ajuda, residência oficial da corte a partir de D. Luis I. Claro que as residências são bem mais grandiosas e cheias de requinte, por isso eu achei a decoração e salas lindíssimas.

A história do Palácio da Ajuda vem do ano de 1796, quando começou a ser construído no lugar onde era o Real Passo da Nossa Senhora da Ajuda, construção em madeira que sofreu um incêndio em 1794. Dentro do palácio está uma maquete do que foi o projecto inicial de construção, que acabou por não ser cumprido e apenas foi construído 1/3 do palácio. O motivo principal para que isto tivesse acontecido foi a partida da corte para o Brasil, em 1807, por causa das invasões napoleónicas.

Para termos ideia da enormidade do que estava previsto ser construído é olharmos para a parte do palácio onde entramos e imaginarmos que aquela era para ser a parte lateral. Supostamente a entrada estava prevista ser virada para o rio Tejo, com uma escadaria enorme. A decoração e disposição das salas como vemos agora deu-se um ano antes de D.Luis I casar com a princesa italiana D. Maria Pia de Sabóia, adaptando os espaços para os padrões das elites do séc. XIX.

O andar nobre ficou reservado para recepções oficiais/gala e também às actividades lúdicas dos reis, enquanto que o térreo ficou com os aposentos pessoais do rei e rainha e também com algumas áreas semiprivadas, onde de quando em vez os reis recebiam visitas de pessoas mais chegadas à corte.

São muitas as salas, cada uma com o seu ambiente distinto e único, decoradas ao pormenor segundo o seu propósito mas há algumas que se destacam mais, principalmente pelo valor histórico. No piso térreo alguns exemplos são: a Sala dos Archeiros, que era muito utilizada no quotidiano, pois era o ponto de entrada para as visitas aos reis, e por essa razão onde permanecia a guarda de honra (archeiros); a partir da Sala dos Archeiros existem mais três salas que serviam de passagem às visitas, e uma delas era a Sala Grande de Espera, onde elas aguardavam a ordem do rei para as receber.

À parte as salas de recepção às visitas, a Sala do Despacho vem depois, e a sua função é de trabalho, onde o rei despachava documentos e tratava de assuntos do Estado. A Sala da Música era uma das salas dedicadas aos passatempos dos reis, e neste caso tanto o rei como a rainha gostavam de se dedicar aos instrumentos que tocavam, oferecendo a amigos alguns serões de música nesta sala.

Para além da música, os reis também se interessavam por leitura, escrita, pintura e bilhar, e para cada um dos seus interesses eles reservavam uma sala, que só no caso da pintura, está localizada no andar superior.

De resto, no piso térreo ainda está a Sala Verde, onde a rainha se ocupava de assuntos oficiais e beneficência; o Quarto da Rainda D. Maria Pia, com uma decoração azul magnífica pensada por D. Luis I para agradar a noiva (bate aos pontos muitas decorações que já vi noutros palácios); a Sala de Jantar, que era utilizada diariamente numa perspectiva mais familiar; e claro, o prórpio quarto do rei.

Depois o piso superior é o que tem as salas maiores e mais imponentes, de modo a receber com toda a pompa e circunstância as visitas oficiais. É aqui que está a Sala do Trono, que foi considerada durante dois séculos a mais alta representação da Nação. Era aqui que se realizava a cerimónia do beija-mão, várias vezes no ano, onde a hierarquia da Corte se evidenciava.

Logo a seguir está a Sala D. João VI, que é a antecâmara da Sala do Trono e está decorada com pinturas excelentes representado o regresso de D. João VI ao reino.

Também no andar nobre está a Sala dos Archeiros, utilizada nos dias de gala, como passagem para a Sala do Trono, já que está em linha recta com a antecâmara e depois com o trono. Hoje em dia esta sala ainda é usada em algumas cerimónias de tomada de posse do governo português!

Bem ao lado está a Sala dos Jantares Grandes, que foi utilizada em muitos dos banquetes da Casa Real, e também no casamento de D. Miguel e D. Carlos. Esta sala ainda hoje é usada para os banquetes da Presidência da República! Eu só tenho a dizer que era isto que eu andava à procura para o copo-de-água do meu casamento e não encontrei a tempo. 🙂

Mas no andar nobre, ainda há um corredor enorme cheio de salinhas utilizadas para os mais diversos fins. Uns mais de relevo que outros, mas ainda assim destaco o Atelier de Pintura que eu amei a decoração e não é por acaso que era uma das salas preferidas do rei D. Luis I! Também interessante é ver o Quarto que o rei D. Luis I utilizou, por conselho médico, no último ano da sua vida, que depois da sua morte foi ocupado pelo infante D. Afonso até ao ano de 1910, quando o palácio foi encerrado.

Nota final: o Palácio tinha um aviso na entrada a proibir fotos, então todas as fotos até à Sala do Trono (ou, seja, quase todas) foram tiradas com a máquina do Iphone que coitadinha deixa muito a desejar. Mas pronto, só no final, ao ver a Sala do Trono ficámos naquela de que não queríamos fotos medíocres daquela sala então… Ainda assim as fotos infelizmente não fazem jus ao quão bonito é o palácio e muitas vezes o excesso de claridade estragava tudo. Sorry sorry! Eu prórpia fiquei um bocado triste do resultado final. Mas pronto, não é o fim do mundo, e com certeza aprendemos todos os dias com os erros! Iphone nunca mais! 🙂