Córdoba

Córdova tem tudo de histórico e bonitinho bem perto umas coisas das outras. Muito facilmente se passeia sem nos cansarmos muito. E depois como entre as ruas estreitas do bairro judeu existem uma infinidade de cafés, gelatarias, loja de sumos naturais, restaurantes, etc, o tempo vai passando no seu ritmo.

O que atrai as atenções em Córdova é mais uma vez o bairro judeu com as casinhas branquinhas, mas não só. Aqui não houve aquela coisa de transformar a mesquita em catedral, então ainda hoje se pode apreciar a enorme mesquita, que obviamente tem algumas adaptações ao mundo cristão. Mas esta aqui definitivamente é a que mais mistura a cultura, religião e arquitectura desde a época em que foi construída até agora.

Nós começámos a visita junto ao rio para ver a Ponte Romana que atravessa o rio Guadalquivir, e a Puerta del Puente na entrada da ponte. É uma excelente porta de entrada e ponto de partida antes de nos embrenharmos pelas ruas até à parte antiga, mas aqui não há sombras. E neste dia estava um sol e calor só comparáveis a Sevilha. Dá para imaginar. Arrastámo-nos quase, até à beira do rio, para apreciar a vista da cidade por detrás da porta, e pouco mais.

O facto do centro antigo ter ruas estreitinhas é mau para a circulação de carros (mas mesmo assim havia quem tentasse), mas por outro lado é bom no que toca a sombras. E à volta da mesquita também estão bancos de pedra que nós agradecemos pela vida eles existirem e estarem à sombra. Sombra, acho que é a palavra que mais nos vem à cabeça nestas cidades de muito calor! 🙂

O Bairro Judeu está cheio de recantos e casinhas super giras por dentro, com pátios que são uma surpresa! A casinha que mais me surpreendeu está na rua das flores, que ela própria é um encanto, com montes de vasos pendurados. Na verdade, a casa é uma loja, mas está tão bem decorada e tem um pátio tão típico mourisco que vale a pena só a visita, para se ter ideia de como são a maioria das casinhas pela Andaluzia.

Por detrás da Puerta del Poente já se vê a Mesquita, que tem 12 séculos de existência e foi mandada construir por Abd al Rahman I. Mas, como disse à pouco, a mesquita foi sendo ampliada com o tempo por outros reis e governadores muçulmanos da altura, e mais tarde ainda foi adaptada em parte ao mundo cristão.

Então entrar na mesquita é uma mistura de sensações. Por um lado temos a sensação de estarmos a entrar no mundo muçulmano, com os muitos arcos vermelhos a perder de vista. Depois, noutra parte da mesquita os arcos mudam ligeiramente a sua forma e percebemos que esta parte já foi uma ampliação. E, de repente, no meio da mesquita, temos assim meio escondido, a parte da catedral cristã.

E como ela é grande e imponente! Para que fosse construída no centro da mesquita, parte desta foi destruída, mas eu garanto que o resultado final ficou único e super original. Uma mistura de culturas muito bem conseguida. E não é uma simples catedral que fica ofuscada pelos pormenores muçulmanos à volta. Ela foi construída em estilo italiano e não deixou mesmo nada a desejar.

Ao lado da mesquita está mais uma vez um pátio com muitas laranjeiras e fontes, tal como em Sevilha (Pátio de los Naranjos), onde os fiéis lavavam os pés e mãos antes de entrar para a mesquita.

Um pouco mais à frente está o Alcazar de los Reyes Cristianos, que ainda me surpreendeu mais do que o de Sevilha. Parece que estavam em luta e competição para o melhor palacete com a melhor decoração e os melhores jardins. É o que parece porque cada um é mais bonito que o outro e ainda nem chegámos ao La Alhambra de Granada. Esse então rebenta a escala!

Mais uma vez, o que outrora foi inicialmente construído pelos reis muçulmanos, foi depois reaproveitado e melhorado pelos reis católicos. E, como na altura a arquitectura mourisca atraiu tanto as atenções junto destes reis, os palácios acabaram por ser restaurados sempre dentro desta linha arquitectónica.

O mais atraente neste Alcazar não é tanto os pormenores do interior, porque até são bem simples comparado com Sevilha, mas sim os magníficos jardins. Eles aqui não pouparam em criar um conjunto de lagos, repuxos e escadas que se alinham perfeitamente e a água acaba por correr como se fosse um rio. Lindooo!! Dá até vontade de ir lá para dentro com o calor que estava.