Sevilha, a terra do Flamenco!

Bem, associar o Flamenco só a Sevilha é uma ideia um pouco errada, porque a dança é típica de toda a região da Andaluzia. Qualquer cidade maiorzinha que nós visitámos era comum ver casas a anunciar espectáculos de Flamenco. É quase como o Fado em Portugal, ou mais ainda! Mas a verdade é que foi em Sevilha que eu vi mais a influência deste estilo de dança e é aqui que estão as casas mais conceituadas. Eu lamento profundamente não ter experimentado nenhuma, mas a nossa viagem foi passada a mil, e à noite nós só queríamos descansar.

À parte o Flamenco, outro estilo que salta à vista é a Arquitectura Mourisca dos monumentos de cada cidade da Andaluzia, e Sevilha não é mesmo excepção. A cidade está dividida em duas zonas centrais: Santa Cruz e El Arenal. É aqui que estão os marcos e símbolos mais importantes, e a verdade é que estas duas zonas são muito simples de serem visitadas a pé. Talvez dois dias seja o ideal para conhecer bem as duas zonas, principalmente se estiver muito calor.

Nós começámos o roteiro de manhã pelo Bairro judeu, que dá nome à zona de Santa Cruz, e fomos descendo até perto do rio, onde estão a Catedral e o Alcazaba. Mas não chegámos a percorrer mesmo a zona do rio, que é o El Arenal, onde está a Torre del Oro e a Praça de Touros. Mas ok, já deu para ter a ideia da zona mais típica de Sevilha, na minha opinião, a que melhor conta a história das origens da cidade.

Eu adorei a zona de Santa Cruz exactamente por dar logo a noção do que nos espera por toda a Andaluzia, que é a forte presença árabe na arquitectura. Como o Sul de Espanha foi durante muitos anos a área de maior influência muçulmana na Europa, então o património que ficou nestas cidades deixam perceber perfeitamente como eram os seus costumes e de que maneira viviam. É quase como ter Marrocos aqui ao lado, em Espanha.

A zona pitoresca da cidade é o Bairro de Santa Cruz, que está nos arredores da catedral e Alcazaba. É um intrincado de ruelas empedradas, onde não passa carros, com as casinhas brancas típicas da Andaluzia, muitos restaurantes com os toldos a largar vapor de água aos turistas cheios de calor e praças amorosas ao virar de cada esquina. Aqui e ali vê-se as tais casas a prometer espectáculos de Flamenco à noite, como disse à pouco.

Não é segredo que eu sou apaixonada pelo pitoresco e estes bairros judeus são muito interessantes de visitar e simplesmente nos deixarmos perder pelas ruelas. Nós fomos descendo até encontrar a enorme catedral e não tem nada que saber. Nem é preciso seguir muito o mapa. É quase como se todos os caminhos fossem dar à catedral.

Eu sei que quando falo em catedral digo sempre que ela é enorme e tal. Mas quanto à Catedral de Sevilha eu juro a pés juntos que nunca tinha visto este tamanho (é a maior da Europa). Ela ocupa boa parte de uma avenida e é impossível conseguir tirar uma foto em que apareça completamente. Acho que só mesmo nas fotos do topo da torre dá para ter a noção do tamanho e da beleza dela.

Se o exterior é cheio de pormenores e trabalhados góticos, o interior marca pela diferença porque foi construída no lugar onde outrora foi uma mesquita. Então, embora a parte cristã se sobreponha à muçulmana, a verdade é que muita coisa ficou, como a Torre Giralda, que dá para subir até ao topo, de onde se tem uma vista espectacular de toda a catedral e restante cidade de Sevilha. Esta Torre é a cara da arquitectura mourisca!

Também o Pátio de los Naranjos ficou intacto desde o tempo da mesquita, onde os fiéis lavavam as mãos e os pés nas suas muitas fontes por baixo de laranjeiras, antes de entrarem na mesquita para rezarem.

Uma mistura de culturas que não é incomum pela Andaluzia, já que a tendência foi reconstruir o que era muçulmano em cristão, preservando uma grande parte dos seus pormenores e arquitectura. Fica muito interessante perceber como se deu as mudanças ao longo do tempo e quais as partes da catedral que estão mais cristianizadas, das que pouco ou nada se alteraram.

Mesmo ao lado está o Real Alcazaba, que não tem nada a ver com o que vi em Mérida. E eu já tinha falado disso. Da diferença entre estes Alcazabas do sul de Espanha, muito mais bem preservados. Não sei se é do calor que é maior nesta região de Espanha, mas os Alcazabas (todos eles) incluem zona de lagos e jardim, aliás, um enorme jardim. E aquilo que eu li foi que era a maneira que tinham de se refrescar nas alturas de maior calor.

Mas tudo isto tem uma explicação, pelo menos quando se fala no Alcazaba de Sevilha. Apesar dos palácios construídos pelos reis muçulmanos da altura, a verdade é que na época do rei Pedro I, este ordenou que se construísse uma residência real dentro dos palácios. E depois disso, outros reis espanhóis também construíram outras salas e aposentos, aos quais deram os seus nomes. Tudo construído segundo a arquitectura mourica, faz com que agora tenhamos uma combinação de aposentos, salas, pátios e jardins não só bem cuidados, como também com a cultura muçulmana bem presente e preservada.

Fiquei apaixonada por esta arquitectura assim que vi fotos e ao vivo fica tudo muito mais bonito e surreal. Tudo arranjadinho de forma harmoniosa, simétrica, pensada ao pormenor. Aqueles pátios são um amor, eu adorei. E os tectos com as cúpulas espectaculares. Sorte de quem lá viveu!

Ali entre o Alcazaba e a Catedral está uma praça onde costumam estar carruagens para transportar os turistas até a outros pontos de interesse na cidade, como é o caso da Plaza de Espana, para onde fomos a seguir ao Alcazaba.

Esta Plaza é muito gira porque tem um lago todo à volta onde dá para alugar um barco a remos e passar uns minutos descontraídos entre um monumento e outro. Também à volta estão mosaicos pintados com cenas típicas de cada região espanhola. Em frente à Plaza está um enorme jardim, Parque Maria Luisa, que me faz lembrar o Parque del Retiro em Madrid, onde fiquei a preguiçar durante horas na relva. Aqui dá a mesma vontade! 🙂 Mas resistimos à tentação!