Explorando a Andaluzia

O ano passado em Setembro consegui tirar uma semana para a lua-de-mel, e como a minha vida estava super confusa, entre terminar o curso, chegar de Erasmus e começar a trabalhar, não planeei nada até à últimas semanas. Além disso, o planeamento do casamento levou-nos tempo e dinheiro e as prioridades acabaram por falar mais alto no final.

Foi quase por acaso que eu pesquisei sobre uma solução mais económica em Espanha, algo que desse para fazer com total autonomia e ao mesmo tempo divertido e aventureiro o suficiente para marcar e deixar saudade. E pronto, acabámos por iniciar um estilo de viagem que ambos gostamos e preferimos: viajar de carro pela Europa.

Eu elaborei um roteiro-base das cidades de visita obrigatória na Andaluzia e acabei por ver tudo pela internet, influenciada também pelas cidades mais conhecidas. Pensei em ficarmos um dia em cada cidade e apontei os sítios que gostava de visitar em cada cidade. E pronto! No dia a seguir ao casamento, e antes de partirmos, fomos comprar o guia de Espanha e aí eu percebi que havia mais vilas e lugares interessantes nos arredores das cidades que tinha escolhido.

Então acabámos por alterar um pouco o plano inicial e deixar-nos levar ao sabor do guia turístico! Não deixei de ver nada do que tinha inicialmente planeado, mas o que aconteceu foi um acrescentar de lugares e paragens, entre uma cidade e outra.

De Portugal, nós seguimos directos para Sevilha, mas fizemos uma paragem em Vila Real de Sto António para passar a noite, antes de passar a fronteira. O dia seguinte foi quase todo em Sevilha e vi quase tudo o que queria. Calor, calor e mais calor. Nunca vi uma cidade tão quente em toda a minha vida. Primeiro sinal de que estamos no sul de Espanha são as palmeiras e depois os repuxos de vapor de água a sair dos toldos dos restaurantes. Ah e calor, já falei dele?

Nesse mesmo dia seguimos para Córdoba, onde tivemos a nossa multa de estacionamento. Já chegámos de noite e não reparámos nas linhas do estacionamento pago. Córdoba não tinha assim tanto para ver quanto Sevilha, mas foi especial pelas casinhas brancas pequeninas e ruelas atrás de ruelas. Fofa mesmo!! E o calor continuava abrasador!

A meio da tarde partimos logo para Granada e foi uma surpresa dar de caras com uma cidade super caótica, com motas a passar em todo o canto, a alta velocidade. Encontrar estacionamento foi difícil, mas nesta fase da viagem já nos começámos a acostumar às dificuldades do estacionamento no sul de Espanha. Aproveitámos muito bem a noite num bairro típico, com vista para o La Alhambra, onde passámos o dia seguinte.

Daqui, avançámos para a parte da praia que eu prometi ao Carlos que ia incluir. Então, nada melhor do que ficar em Málaga uma noite e um dia, para aproveitar todo o clima de Verão. Málaga é o destino de praia que mais deixa saudades, porque a praia é óptima, com aqueles chapéus e espreguiçadeira mesmo na beira da água, o restaurante a poucos metros de distância com marisco a um preço excelente. E o clima à noite? Cheio de pessoas a passear pelo calçadão, com bares e restaurantes à disposição. Até eu agradeci este dia de relax!

Mas depois do dia de praia ainda nos fomos enfiar no meio da serra à procura da Garganta del Chorro, que eu tinha visto no guia que era ali perto de Málaga. Duas escarpas altíssimas que estão quase juntas, formando uma grande fenda no meio, que com o pôr-do-sol, deu uma paisagem super linda.

Mas seguimos viagem e fomos passar a noite a Ronda, que como a Garganta, não fazia parte dos planos iniciais. Só que eu descobri-a no guia e fiquei apaixonada com a ponte que liga a parte sul da cidade com a parte norte. Nunca tinha visto uma ponte tão original. Logo que chegámos ao hotel, já de noite, pousámos as malas e fomos logo à procura dela. A vila também estava em festa, então tivemos uma noite muito animada por lá. No outro dia ainda demos um passeio para ver a vila à luz do dia e depois seguimos viagem.

Próxima paragem: Gibraltar! Eu tinha muitas expectativas deste cantinho britânico, que na altura andava num jogo de cintura com a Espanha. Nós sentimos um bocado isso, a começar na burocracia para entrar e sair. Passámos pela primeira vez o horror de uma fronteira controlada, ainda por cima pelas duas nações. Para entrar não demorou tempo nenhum, mas para sair ficámos HORAS na fila. Mas o dia foi como eu tinha pensado, cheio de macaquinhos por todo o lado e a proteger os óculos e afins das mãos deles! 🙂

Por culpa da enorme fila já chegámos tarde a Jerez de la Frontera, onde passámos a noite. O plano era aproveitar a manhã para fazer uma prova do vinho Xerez, típico da região. Foi a primeira vez que fizemos algo do género e adorámos. As possibilidades de adegas para visitar eram muitas e eu não tinha pesquisado grande coisa sobre elas, então decidimos optar pela mais conhecida, Tio Pepe!

A manhã foi chuvosa, mas a tarde compensou com muito Sol e calor. Demos um passeio por Cádis e depois…praia! Cádis já não tem aquela beleza de praia como Málaga, nem a praia é tão grande, mas as vistas da cidade antiga mesmo ali à beira da água compensa.

Daqui, o nosso plano era passar a noite perto de Isla Cristina, onde queríamos aproveitar o dia seguinte, antes de voltar para casa. Mas as coisas complicaram-se com um casamento que houve naquela zona e a família dos noivos estava toda hospedada por ali. Ou seja, nada de hotel. Tudo esgotado! No desespero total, à 1h da manhã passámos a fronteira e fomos dormir ao mesmo hotel em Vila Real de Sto António, onde tínhamos estado no primeiro dia.

A Isla Cristina foi a praia que mais me desiludiu. No entanto, é estranho pensar que é considerada um dos destinos mais populares e caros do sul de Espanha. A infra-estrutura é tão simples, a água do mar cheia de algas e um pouco suja. Na noite anterior tínhamos tentado encontrar hotel por aqui e pediram-nos um balúrdio!

E pronto, este foi o roteiro de 1 semana que fiz na exploração à Andaluzia, e que adorei! Não tinha feito de outra forma, e acrescentar mais alguma coisa seria muito difícil, ou mesmo impossível.

Badajoz, na fronteira com Portugal!

A visita a Badajoz foi uma resolução meio de última hora, quando estávamos já a regressar a Portugal, no final do dia de Domingo. Como a hora em Portugal é uma a menos de Espanha e até estávamos dentro do tempo que tínhamos previsto chegar a casa, então fizemos esta paragem para conhecer um bocadinho da cidade e também lanchar.

A verdade é que eu já tinha andado a ler no guia de Espanha acerca desta cidade e não tinha grandes expectativas turísticas. A cidade já foi importante em tempos, mas quando os mouros a tomaram, o seu património decaiu um pouco e depois disso nunca mais voltou a ser a mesma. Isto comparando a outras cidades da Estremadura, que preservaram até hoje o seu encanto. O que mais atrai as atenções é mesmo a grande catedral e a parte junto ao rio, com as pontes estilo romano a decorarem a paisagem.

Nós parámos junto ao Alcazaba, que hoje em dia já não consegue fazer jus ao que foi em tempos, e depois fomos descendo pelas ruelas até à catedral, que fica numa praça cheia de cafés. Os espanhóis têm o hábito de fechar o comércio ao Domingo, então dá para imaginar as ruelas cheias de comércio, todas desertas. Por um lado eu compreendo este ponto de vista, mas sei lá, é um bocadinho esquisito estar de visita a uma cidade em pleno Domingo e estar tudo fechado. Sem alegria, sem pessoas, sem barulho! Cidade fantasma quase!

O nosso objectivo era visitar a catedral, que eu tinha visto em fotos e achei super gira por dentro, com o interior todo trabalhado. Mas quando chegámos à catedral, ela estava fechada. Decepção!

Então como era cedo ainda, sentámos numa esplanada a lanchar. E, para nossa surpresa, fomos atendidos por um portuga! Uau! Estamos em todo lado. Ele foi super prestável e atendeu ao meu pedido de crepe com gelado, chocolate, açúcar em pó, mais não sei quê, sem problemas. E o chocolate quente delicioso!!

Entretanto, eu comecei a ver que numa das laterais da catedral se começava a aglomerar velhinha atrás de velhinha, e depois uma freira. E por ali ficavam a conversar, sentadas nos bancos e depois à porta lateral da catedral. Aí a minha esperança começou a crescer, de que provavelmente ia haver missa e a catedral ia abrir.

E estava certa. Quando bateu as 19h espanholas, já estava uma pequena multidão por ali e finalmente as portas da catedral abriram para a missa. O meu sorriso era de orelha a orelha e “muito gentilmente” ia apressando o Carlos a pagar a conta, para aproveitar a maré que ia entrando na catedral.

À entrada vi um aviso a proibir fotos durante as missas, então basicamente foi aproveitar os momentos em que todos se estavam a acomodar nos seus lugares, para dar a volta à catedral e tirar as fotos ao vivo àquilo que tinha visto no guia. Já estive em algumas catedrais, mas elas sempre me surpreendem e fazem tirar foto atrás de foto. Neste caso não deu para ficar muito tempo mas posso dizer que saí de Badajoz com o sentimento de missão cumprida. 🙂 Afinal de contas a catedral é o registo mais intocável da importância que teve aquela cidade nos séc. XIII-XVIII.

A parte do rio não explorámos, mas é sem dúvida uma área bonita que merece um passeio para quem vai com tempo ver a cidade. Não era o nosso caso, por isso, eu optei por me ficar pela catedral. Não dá para ver tudo né?

Comparando Badajoz com as outras cidades da Estremadura que visitámos, óbvio que não considero ser de visita obrigatória para quem está com poucos dias, como nós. O património cultural de Mérida e Cáceres, ou mesmo de outras cidades que ficaram por visitar, acabam sempre por abafá-la. É inevitável. Estão muito mais bem preservadas do ponto de vista cultural, e souberam aproveitar muito bem o que têm para atrair visitas.

No entanto, Badajoz é uma óptima alternativa para quem procura um passeio de um dia pertinho da fronteira, sem ser preciso andar muito para o interior da Estremadura.

Cáceres na prática: acessos e comida!

Eu adoro contar tudo de bom que acontece durante as viagens que fazemos e gosto quando tenho coisas boas para contar. Esse é o objectivo de qualquer viagem! Mas infelizmente azares acontecem de vez em quando e em Cáceres fomos um bocadinho traídos talvez pelo facto da zona histórica ser muito condensada num só sítio, separada do resto da cidade mais “moderna”.

Então, como é óbvio, todo o comércio se vai concentrar ali, onde os turistas de certeza vão passar maior parte do seu tempo na cidade, e consequentemente tornar os preços mais altos do que seria razoável. Eu desde cedo, quando andava a ver hotéis, percebi logo que o alojamento em Cáceres era no geral mais caro do que em Mérida. Hotéis muito parecidos na sua categoria e extras, tinham diferenças no preço, de pelo menos 10€.

Eu ainda fiquei naquela de que talvez as melhores ofertas e melhores preços já estivessem esgotados, enquanto que Mérida ainda não estava nessa fase, mas agora, tudo começa a encaixar. Cáceres é sem dúvida uma cidade cara! Ponto final! Acredito que talvez fora da zona turística da muralha os preços possam chegar mais perto do que se faz em Mérida. Mas sejamos sinceros, onde é que nós vamos passar o dia? É na cidade nova, que é igual a tantas outras da Europa, com prédios modernos, outros nem tanto, etc etc, ou na zona histórica que é considerada Património da Humanidade?

Por alguma razão vamos a Cáceres, e a verdade é que inevitavelmente vamos passar tempo suficiente entre as muralhas para precisar fazer uma refeição decente. Então o mais prático é ficar por ali a comer, em vez de pegar no carro e ir até ao centro da cidade. Óbvio! E sim, é preciso ir de carro. A parte turística fica um pouco na periferia de Cáceres. De carro não é nada demais, mas a pé é impensável.

E pronto, tudo junto faz com que os restaurantes se aproveitem e se estiquem no preço da ementa. Eu vou falar um pouco em específico do restaurante que optámos, mas os outros em termos de preço não ficam atrás. Só não sei acerca da qualidade.

Então “O Pato”, bem no centro da Plaza Mayor é um dos inúmeros restaurantes que lá estão, e foi a nossa escolha, nem sei bem porquê. Se calhar porque ficava mesmo em frente à Porta da Estrela e pronto. Mas adiante, não posso dizer que a experiência de comer lá foi péssima porque é mau demais, mas se calhar já posso falar em desilusão atrás de desilusão.

Eu adoraria poder recomendar a 100% todos os restaurantes e hotéis, ou melhor, tudo aquilo que faço e experimento nas viagens, mas a verdade é que ás vezes acontecem destas coisas e não dá para falar bem. O que eu sinto em relação a este restaurante é que se tivesse uma nota preta para dar, teria de certeza comido bem, até porque eu vi grandes pratos apetitosos por ali. Mas a verdade é que me custa dar 15€ por pessoa só para um prato de carne. Em que depois as bebidas são caríssimas, aperitivos idem e sobremesas ainda mais. Quer dizer, chega a um ponto que espera aí. Quero ter dinheiro para chegar a Portugal!!

Então o meu refúgio são quase sempre as tapas porque dá para ir comendo e experimentando várias coisas diferentes em pequenas porções, logo, baixo preço. Mas até isso era caro aqui. Tapas caras e super simples, nada de especial mesmo. Acho que de todas as cidades que já fui em Espanha (e em todas elas experimentei tapas!), este foi o sítio onde comi pior. Não vou entrar em grandes detalhes do que estava mal no que comi, mas a verdade é que parecia que me estavam a servir comida/pão do dia anterior. As sobremesas também ficaram muito aquém, tendo em conta o preço absurdo. Eu pedi uma vieneta e fiquei com uma mini mini mini vieneta bloco de gelo. E pronto vou ficar por aqui!

A experiência em Cáceres, em termos de alimentação não funcionou e eu ia tendo um ataque cardíaco quando vi a conta. Praticamente o dobro do que pagámos em Mérida e a qualidade não tem comparação! Chocadíssima!! Eu não sou nada de disfarçar quando não gosto de alguma coisa, então eu imagino as minhas caras de incredulidade.

Mas a verdade é que tudo piora se formos para restaurantes dentro das muralhas. Aí é ainda mais dramático o preço que praticam! Portanto das duas uma: ou vão preparados com nota preta no bolso para comerem bem ou então passam pela mesma incredulidade que eu, por estarem a pagar um absurdo por uma refeição super modesta.

Mas passando agora para a parte dos acessos à zona histórica. Como ela fica um pouco desviada do resto da cidade de Cáceres, acaba por ficar longe do movimento próprio de uma cidade, onde os estacionamentos são quase sempre pensados para os moradores dos inúmeros prédios da zona. Por isso, sempre a pagar para quem quer estacionar e não é morador.

Ali, à volta da muralha, não se paga estacionamento e consegue-se encontrar vários lugares para estacionar. Não é assim aquela facilidade, ainda tivemos que procurar um bocadinho e as ruas já são parecidas ao interior das muralhas (pequenas e estreitas), mas não é nenhum drama. Nós ficámos a 2 minutos a pé da Plaza Mayor.

E andar por lá é super simples. À medida que nos vamos aproximando das muralhas, e depois dentro delas, são cada vez menos os carros que vemos, e de quando em vez aparece um taxi. Só!! Depois o que há para visitar e ver está tudo dentro da muralha, bem condensado. Então, o único senão é o relevo do terreno, que tão depressa está plano, como depois tem uma rua íngreme e depois umas escadas! Ou seja, é subir e descer ao longo do dia. Mas como a distância que vamos percorrer no total é curtíssima, não chegamos cansados ao final do dia. Pelo menos, nada a ver com Mérida!