Explorando o Parque Natural da Peneda

Quando comprei o voucher para o Gerês com estadia e Canyoning nem me preocupei muito com o facto de o hotel ser em Castro Laboreiro (a vila do Parque Nacional Peneda-Gerês mais a norte de Portugal). Para mim tudo era Gerês e com certeza lá em cima também iria experimentar tudo o que o Gerês tem para oferecer.

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Mas não é bem assim! A verdade é que a vila mais conhecida de todo o Parque é mesmo a vila do Gerês e é na suas redondezas que se encontram as cascatas mais famosas, isto sem contar com a barragem de Vilarinho das Furnas e Albufeira da Caniçada. Fica tudo logo ali!

Isso faz com que a maioria das pessoas que visita o Gerês prefira ficar nesta vila e nas suas redondezas, o que acaba por deixar Castro Laboreiro, e o Parque da Peneda ao seu redor, um pouco mais esquecidos. E isso é o maior crime da Humanidade!

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Castro Laboreiro e principalmente as suas redondezas estão recheados de surpresas escondidas e segredos que não vêem nos guias turísticos mais completos. Como é que eu descobri, se é segredo? Porque tivémos a sorte de decidir ir conhecer o Centro Etnográfico em Lamas de Mouro, onde tivémos o ponto de encontro para a actividade Canyoning.

Vacas mirandesas típicas da região

Vacas mirandesas típicas da região

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Estávamos numa de passar uma tarde mais relaxada sem grandes coisas para ver, até que conhecemos a senhora que estava no Centro e conversa puxa conversa, recebemos dicas de sítios ali perto assim… imperdiveis! Eu já olhava para o Carlos do género: “Não vamos conseguir ver isto tudo! Oh que ódio! Porque é que não conhecemos esta senhora mais cedo?” .

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E ela continuou continuou e pronto temos de admitir que é OBRIGATÓRIO voltar a Castro Laboreiro. Não é ao Gerês! É a Castro Laboreiro mesmo! Mesmo assim depois de falar com a senhora ainda fomos conhecer alguns destes sítios, mas definitivamente o melhor acabou por ficar para uma visita futura (que tem de ser o mais rápido possível!).

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Então a nossa tarde começou preguiçosa no enorme miradouro ao lado do hotel. Preguiçosa porque a manhã foi mais do que intensa, mas isso mostrarei num futuro post. Tivémos o privilégio de ter ficado num hotel com vista para esta maravilha da natureza e claro, para a grande estrela de Castro Laboreiro, o Castelo em ruínas lá em ciiiima do monte. Dá para lá ir? Siiiim! Se fomos? Não sou maluca a esse ponto.

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Ok ok há muita gente que lá vai mas eu fiquei um bocadinho apreensiva quando olhava para o horizonte e via pontinhos minusculos a subir subir e nunca mais lá chegávam. Para chegar lá em cima e ver um castelo em ruinas? Bem…não me quis meter nisso definitivamente.

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Então fomos conhecer o Santuário da Nossa Senhora da Peneda que vale meesmo a pena a visita, não tanto pelo seu interior, mas sim pelo exterior. E acredito que haja poucas igrejas no nosso país que estejam tão bem localizadas, no meio de rochas e escarpas altíssimas. Para ajudar à beleza natural envolvente ainda acrescento o facto de ter sido construída como réplica do “Bom Jesus” de Braga, que eu por esta altura ainda não conhecia.

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A expectativa era alta e não desiludiu! As casinhas à volta estão muito pitorescas e toda aquela zona parece tão natural, rodeada pela natureza e num recanto escondido.

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Foi a seguir que visitámos o Centro Etnográfico e, como já falei, saímos de lá cheios de ideias e de mapa na mão. Descobrimos que mesmo ao pé do nosso hotel haviam quedas de água e um pouco mais abaixo na estrada que seguia por detrás do hotel, havia uma ponte romana de três arcos, que segundo a senhora, marcava a diferença por ser a única nas redondezas com três arcos. Pelo que percebi, é uma raridade este tipo de pontes romanas com três arcos.

Primeira paragem… quedas de água! A indicação era que para vê-las de frente o ideal era ir até ao museu da vila (que está prestes a abrir depois de ter sido restaurado) e depois seguir pelo caminho que vai por detrás. Aí temos uma bifurcação: para a direita é o caminho para subir ao castelo (o tal lá em ciiiima do monte), para a esquerda vamos entrar num trilho pedestre que levará ao ponto onde as quedas de água são visíveis.

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Ali pelo meio do trilho começámos a duvidar que aquilo fosse dar a algum lado com quedas de água, se nem sequer ouvíamos a água. Também não ajudou o caminho ir dar a uma cancela. Por esta altura virámos à esquerda e começámos a descer por pedras, mas já estávamos seriamente a pensar em desistir. Mas geralmente quando assim é, é sinal que estamos perto e….chegámos!!

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Isto pode ser redundante, mas eu achei lindoooo, daquelas paisagens que não há palavras mesmo. Ainda por cima nós estamos ali em cima de uma mega pedra, meio supensos no vazio, com as quedas de água lá em baixo. E… um pôr-do-sol para abrilhantar ainda mais a paisagem. 🙂 E o sossego? Só se ouvia a água lá em baixo e mais nada. Nós e a natureza ponto final! Ficamos com aquela invejita de quem lá vive todo o ano e tem o privilégio de ter aquela imensidão só para eles. Não há stress que resista!

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A ponte romana (Ponte Nova) fica a 7 minutos de carro e, como já estava a escurecer, foi mesmo a última coisa que visitámos antes de voltar ao hotel. Tínhamos a indicação de que o caminho para a ponte ficava logo a seguir à capela de S. Brás (com a Ponte da Assureira ao lado, também muito gira) e à entrada havia a indicação de percurso pedestre. E não foi dificil dar com o sítio! Depois é só andar um bocadinho a pé e estamos na ponte. Tive pena que a vegetação à volta não me deixou tirar fotos de longe para se perceber o quão única e bem preservada ela está.

Ponte da Assureira ao lado da Igreja de S. Brás

Ponte da Assureira ao lado da Capela de S. Brás

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Depois pus-me a pensar e percebi que nunca tinha estado numa ponte romana tão antiga, Pedra sobre pedra, do mais rústico que pode haver. E, está ali, meio esquecida num percurso pedestre, mas ao alcance de todos os visitantes do Parque Natural. Vale muito a pena a visita!