Arouca Geopark – Cascata das Aguieiras

Quando planeei passar o primeiro dia de viagem para o Gerês a parar para visitar as melhores cascatas de Portugal e da Europa, eu pensei que ia poder maravilhar-me a tomar banho na piscina natural que é formada na base. E não foi à falta que a descrição das cascatas na minha revista não avisasse que era muito dificil chegar à base. Obviamente que eu pensei que era um exagero. Onde é que já se viu não conseguirmos chegar à cascata? Pois, mas por alguma razão elas são consideradas as melhores e mais altas. Se calhar são grandes porque a zona envolvente é formada por grandes e altíssimas escarpas. 

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Na Cascata da Frecha da Mizarela, depois de desistir de chegar à base, pensei: “É na próxima que vou ao mergulho!”. Pois, mas também não foi desta. A Cascata das Aguieiras é igualmente enooorme e relativamente desconhecida para o público em geral, em comparação com a primeira. O que pode ser explicado pelo dificil acesso ao único miradouro de onde se observa a cascata. 

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Eu nem sei se devia chamar miradouro, porque é mais uma zona no meio do mato onde se tenta achar o melhor sítio por entre as árvores (que entretanto cresceram) para se vislumbrar a cascata. E mais uma vez ela está lá ao fundo, desta vez completamente inacessível. Soa a aventura? E na verdade foi mesmo!

Quando saímos da Cascata da Frecha da Mizarela pusemos as únicas coordenadas de GPS que eu tinha encontrado na net (tentei achar para todas as cascatas, sem sucesso!) para ir ter à Cascata das Agueiras. E o GPS pergunta se desejamos evitar estradas de terra batida e nós pusemos “SIM”. E pronto, esse foi o nosso maior erro. Pensarmos que o miradouro desta cascata seria também arranjadinho e bonitinho, mesmo na estrada principal, como o foi a Cascata da Mizarela.

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Resultado: fomos dar a um beco sem saída, super apertado, em plena vila de Alvarenga (que é praticamente só campo!). Não estávamos longe, de facto, mas tendo em conta que as estradas ali são sempre a subiiir ou desceeer, para a esqueeerda e depois direeeeeita, 5 km multiplicam-se em 20 minutos e nós sem saber muito bem o que fazer. Eu sabia que a entrada para o miradouro era algures entre Vilarinho e Alvarenga, mas o meu mapa era mais adequado para os percursos pedestres e deixou-nos algumas dúvidas.

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Como a hora de almoço já ia avançada decidimos voltar atrás e parar numa praia fluvial, por onde passámos 15 minutos antes. Almoçávamos lá no bar e perguntávamos, como não quer a coisa, por indicações para o miradouro. Quanto desespero!! E lá fomos nós!

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Bem, posso dizer que me supreendi em primeiro lugar com a praia fluvial em si. Estava muito bem aproveitada, com areia de praia super limpa, rede de voleibol, um estacionamento bem organizado, e claro, uma paisagem linda. não há descrição possível, é daqueles sítios em que é impossível ficarmos mal-humorados ou não nos sentirmos relaxados e em harmonia com a natureza. Um recanto no meio das escarpas altíssimas, com água transparente. O que queremos mais?

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O melhor de tudo (e uma das razões que nos faz querer voltar ao Arouca) é a quantidade impressionante de praias fluviais por onde passamos nesta zona de Alvarenga, umas mais isoladas que outras, maiores ou mais pequenas, com mais ou menos infra-estrutura à volta. Em comum tinham o facto de estarem muito bem aproveitadas, sem dúvida. Também as pontes de pedra que ligavam as margens do rio Paiva (o rio da cascata que procurávamos) eram muito simples mas encaixavam na perfeição no meio da imensidão das árvores e das escarpas.

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Voltando à parte do almoço e do pedido de informações, ficámos super animados quando soubémos pelo dono do bar que estávamos mesmo pertinho e de bónus ainda recebemos uma revista e uma mapa detalhado do Geoparque de Arouca. Ou seja, se até aqui tínhamos adorado as paisagens, cascatas e praias fluviais por onde passámos, quando percebemos que havia muito mais por ver e descobrir, decidimos que tínhamos mesmo de voltar só para conhecer esta região.

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Então as indicações para o miradouro foram basicamente: “Quando chegarem à estrada principal cortam para cima e vão sempre em frente (que é como quem diz, às curvas!) até encontrarem a primeira curva apertada à esquerda. Aí vão ver um caminho de terra batida à vossa direita e seguem por ele. Quando chegarem a uma bifurcação param o carro e seguem a pé pela esquerda. Já não vai demorar muito!”

Quando fizémos a tal curva à esquerda e vimos um caminho à nossa direita não quisémos acreditar e preferímos achar que não devia ser aquele. “Vamos ao menos continuar mais um pouco para ter a certeza absoluta”, foi o nosso pensamento. Dá para imaginar o aspecto do caminho né? 

Pois, tivémos que nos conformar que era aquele porque realmente não houve mais caminho nenhum até Vilarinho. Voltámos para trás e lá nos enfiámos no caminho de terra batida. Passámos a primeira bifurcação e eu exigi que o carro fosse parado, contra vontade do Carlos (o meu marido!) que dizia que a estrada ainda dava para continuar. Mas pronto, quem não sabe é como quem não vê e lá seguimos a pé. 

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Passámos por mais TRÊS bifurcações e ao fim da terceira percebi que realmente podíamos ter levado o carro até ali (enfim, caminhar faz bem à saúde!). Começámos a vislumbrar a cascata e depois foi só ir andando para apanhar a melhor abertura entre árvores para tirarmos a foto mais perfeita. 🙂

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Não achei esta tão impressionante como a primeira, mas também tanto secretismo que uma pessoa vai com esperanças de algo….brutal, certo? E depois, o facto de ter crescido muita vegetação por ali torna mais dificil apreciar toda a beleza da cascata (que também era enooorme!).

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O miradouro chama-se Alto do Pereiro, mas o meu conselho é chegar a Vilarinho ou Alvarenga, ou na praia fluvial ali pelo meio :), e perguntar onde fica a entrada para o miradouro. Poupará minutos preciosos do dia de certeza! 

Se ficar pela zona do Geopark mais dias existem muito mais actividades que pode fazer, para além das habituais caminhadas (percursos pedestres), explorações em busca de outras cascatas e visitas às vilas/aldeias históricas. Quando almoçámos na praia fluvial, reparámos em cartazes a anunciar actividades como Canyoning, canoagem, rappel, entre outras. Sempre boas ideias para sair da rotina e desenvolver o espírito aventureiro. E eu que o diga!!